O incêndio em Odemira, que deflagrou no fim de semana, continua a ser o que mais preocupa esta terça-feira. Já obrigou à deslocação preventiva de mais de 1.400 pessoas e é o que mais meios mobilizava pelas 12:00, com um total de 915 operacionais, apoiados por 309 viaturas e 13 meios aéreos, segundo informação disponibilizada no site da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Imagem de satélite mostra a extensão do incêndio em Odemira. @Copernicus
Um incêndio que já atingiu uma “área de cerca de 7 mil hectares”, informou André Fernandes, comandante nacional da ANEPC, num ponto de situação ao início desta tarde, em Carnaxide, Oeiras.
Acrescentou que “as próximas 24 horas vão ser fundamentais” para estabilizar o incêndio em Odemira para evitar a extensão para a serra de Monchique.
Já a situação em Leiria está mais calma, com os dois incêndios no concelho em fase de resolução (Caranguejeira e Arrabal), esperando-se, no entanto, “uma tarde ainda com muito trabalho e com algumas reativações”, indicou a proteção civil num primeiro balanço feito esta manhã.
O fogo em Odemira, no distrito de Beja, obrigou a evacuar 19 pequenas povoações, a maioria no concelho de Odemira e uma no de Monchique, além do Parque de Campismo de São Miguel. Foram ainda evacuadas quatro unidades turísticas.
Este incêndio tem, atualmente, duas frentes ativas que suscitam “muita preocupação”.
O trabalho efetuado durante a noite de hoje no combate ao fogo rural que deflagrou no sábado em Odemira permitiu uma “estabilização do perímetro do incêndio”, mas há ainda dois pontos críticos a motivar preocupação, referiu o comandante regional de Emergência e Proteção Civil do Alentejo, José Ribeiro, num ponto de situação aos jornalistas, que ocorreu por volta das 09:30.
“Mantemos dois pontos críticos: um a norte, na zona de Defeira, que inspira muita preocupação, e também a sul, na frente virada a Monchique”, disse o comandante regional da proteção civil, no posto de comando em São Teotónio, freguesia onde o fogo teve início, na zona de Baiona.
São “dois pontos críticos que vão exigir muita atenção, um esforço permanente de todos os operacionais ao longo de todo o dia”, tendo em conta as condições meteorológicas “de grande exigência” que se esperam para esta terça-feira, acrescentou.
O INEM prestou assistência a 48 pessoas, das quais “28 bombeiros e oito civis”. Já “a GNR deslocou, no total, 1.438 cidadãos em vários locais”, indicou ainda o responsável.
José Ribeiro referiu que, depois de as operações terem tido como prioridade a defesa das populações, houve um ajuste do plano estratégico e “os trabalhos do dia de hoje vão estar mais focados na supressão do próprio incêndio”.
Questionado sobre se há pessoas e casas em risco, o responsável respondeu que “podem existir” aglomerados populacionais que, “a dado momento do dia”, possam ter de ser evacuados, mas sublinhou que o dispositivo tem agora “uma resposta diferenciada” no terreno.
O incêndio, numa área de mato e pinhal deflagrou na zona de Baiona, na freguesia de São Teotónio, a meio da tarde de sábado, e já entrou por algumas vezes no Algarve, tendo na segunda-feira à tarde rodeado Odeceixe, no concelho de Aljezur, distrito de Faro.
Este fogo levou a Câmara de Odemira a ativar o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil, com efeitos desde as 14:30 de domingo.
Segundo a informação disponibilizada no site da ANEPC, o fogo que eclodiu na segunda-feira à tarde na localidade de Arrabal, em Leiria, e obrigou ao corte da A1 mobilizava pelas 07:30, um total de 138 operacionais, apoiados por 43 viaturas.
Depois deste incêndio, é igualmente considerado significativo para as autoridades o fogo que deflagrou na tarde de segunda-feira em São Cristóvão de Nogueira, no concelho de Cinfães, distrito de Viseu. Pelas 07:30, mobilizava ainda 62 operacionais, apoiados por 17 viaturas.
O fogo que tinha deflagrado na localidade de Caranguejeira, em Leiria, está já em resolução, mas pelas 07:30 mantinham-se no local 230 operacionais, apoiados por 68 viaturas.
Este incêndio eclodiu perto das 14:00 de segunda-feira, à mesma hora do de Arrabal, também no concelho de Leiria.
O incêndio que deflagrou na segunda-feira em Arcos, concelho de Vila do Conde, que obrigou ao corte da A7, nos dois sentidos, já se encontra dominado, em fase de rescaldo, desde cerca das 06:30 de hoje.
Num balanço feito à Lusa, fonte do Comando Sub-Regional de Operações de Emergência de Proteção Civil da Área Metropolitana do Porto disse que ainda se mantêm no terreno alguns meios dos bombeiros voluntários de Vila do Conde e Póvoa de Varzim em consolidação de rescaldo.
“Neste momento, interessa precaver reacendimentos, pelo que se continua a descarregar água nalguns locais”, acrescentou.
O alerta para o fogo foi dado pelas 13:24 de segunda-feira, tendo-se iniciado em Arcos, freguesia de Rio Mau e Arcos, concelho de Vila do Conde.
As chamas obrigaram ao corte da A7 (Vila do Conde/Famalicão) nos dois sentidos, mas a circulação foi restabelecida cerca das 03:00 de hoje.
O Comando Sub-regional da Área Metropolitana do Porto revelou também que, durante a tarde de segunda-feira, quatro bombeiros foram assistidos por exaustão, sendo considerados feridos leves.
Aviso vermelho em Bragança, Castelo Branco e Guarda por causa do calor
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), cerca de 120 concelhos do interior Norte e Centro e da região do Algarve estão hoje em perigo máximo de incêndio.
Também devido às temperaturas elevadas, os distritos de Bragança, Castelo Branco e Guarda estão sob aviso vermelho, o mais grave, indica ainda o IPMA.
O aviso vermelho está ativo pelo menos até às 23:00 de hoje em Castelo Branco e na Guarda, mas em Bragança estende-se até ao final do dia de quarta-feira.
A persistência de valores elevados da temperatura máxima, o IPMA colocou ainda sob aviso laranja (o segundo mais grave) até final do dia de hoje os distritos de Vila Real, Viseu, Coimbra, Leiria, Santarém, Portalegre e Évora.
Estes avisos passam a amarelo a partir das 23:00 de hoje e, pelo menos, até final do dia de quarta-feira em Vila Real, Viseu, Santarém, Portalegre e Évora.
Já em Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Lisboa e Setúbal está ativo até final do dia de hoje o aviso amarelo (o terceiro mais grave) e em Beja este aviso prolonga-se até às 23:00 de quarta-feira.
Dos 18 distritos de Portugal continental, Faro é o único que não se encontrará nos próximos dias sob qualquer tipo de aviso, segundo o IPMA.
Na segunda-feira, o ministro da Administração Interna, José Luis Carneiro, afirmou que “para já” não vai ser declarada a situação de alerta devido aos incêndios rurais, tendo em conta a resposta do dispositivo ao combate e as condições meteorológicas.
Desde o início do ano, as mais de 5.655 ocorrências de fogo já afetaram 24.914 hectares de espaços rurais.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: © Copernicus