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I Liga. Quatro candidatos assumidos e um campeão a partir como favorito

Mais uma volta, mais uma viagem, no caso a 90.ª. É já esta sexta-feira, com a partida entre Sp. Braga x Famalicão, (às 20h15, hora Lisboa; às 16h15, hora Brasília), que arranca mais uma edição da I Liga, em Braga, com novo patrocinador e uma novidade desagradável em relação aos últimos anos: apenas o campeão terá entrada direta na nova Liga dos Campeões e só o segundo participará nas pré-eliminatórias para aceder a uma verba a rondar os 100 milhões de euros.

Há quatro candidatos assumidos a lutar pelo título pois, desta vez, a ambição não ficou escondida no balneário e Artur Jorge, treinador dos bracarenses, garantiu que também quer ser campeão nacional, depois de uma época de grande qualidade.

No entanto, é impossível falar do início da I Liga sem referir o que se viu na Supertaça, em Aveiro, que se espera não tenha passado de um aperitivo desagradável para o que será uma época em que os lugares com direito a euromilhões serão menos.

Se o jogo teve momentos interessantes, mostrando um FC Porto arreganhado de início e um Benfica competente e dominador depois, a justificar a conquista do troféu, a verdade é que as 40 faltas, a chuva de amarelos e as duas expulsões no fim, do capitão e treinador do FC Porto – com o espectáculo que todos puderam ver -, não indiciam nada de bom.

“Vai ser complicado. Infelizmente, foi uma rentrée com situações a que já estamos habituados em Portugal, onde parece não existir gestão emocional, nem controlo e onde este tipo de comportamentos não é punido. Foi apenas uma amostra daquilo que é a nossa Liga, que muita gente acha que está mais forte, ideia com a qual não concordo. Creio que está nivelada por baixo”, afirmou o treinador Daúto Faquirá, convidado pelo DN a antever o novo ano futebolístico, acrescentando.

“Temos duas Ligas dentro da mesma, uma delas com duas ou três equipas com uma capacidade financeira muito superior às outras. Posso estar a falar contra mim, mas, por exemplo, o Benfica do ano passado fez um brilharete na Liga dos Campeões porque foi uma época atípica, em que algumas das principais equipas estiveram abaixo do seu habitual ou nem entraram. Além disso, o nível do jogo na Supertaça não por aí além, houve muita entrega, mas não foi um desafio do outro mundo”, acrescentou.

Daúto Faquirá não tem, no entanto, muitas dúvidas sobre o principal favorito. “Creio que o Benfica parte na frente, é uma equipa com controlo e um plantel mais completo. É verdade que perdeu o Gonçalo Ramos mas fez boas contratações.

Depois vem o FC Porto, o Sérgio Conceição consegue retirar muito da equipa mas é muito na base da vontade e isso não dura sempre, parece tudo muito espremido, muito baseado na garra que ele impõe, o que tem um lado bom e outro menos bom, porque uma equipa é a imagem do seu treinador e esta tem uma entrega tremenda, mas não consegue gerir emocionalmente o jogo.

O Sporting parece-me mais forte, investiu 20 milhões de euros em dois jogadores, como nunca tinha feito [se se confirmar Hjulmand], embora ainda precise de garantir um lateral. Aquilo que aconteceu no ano passado, com o quarto lugar, foi mais por demérito próprio, com todo o respeito pelo que fez o Sp. Braga. Deu muitos tiros nos pés, sobretudo na primeira volta”, argumenta.

A candidatura dos minhotos não convence o antigo treinador de Estoril, Estrela e V. Guimarães, entre outros. “Acho que o Sp. Braga estará um bocado abaixo dos três grandes. Isto não tem a ver com a qualidade da equipa mas com a pressão de lutar pelo título, à qual Benfica e FC Porto, sobretudo, estão mais habituados. Vai criar dificuldades aos grandes, sobretudo nos jogos em casa, mas não acredito que mantenha a regularidade e se perfile como candidato”, sublinha.

Quatro em linha

De qualquer forma, e numa situação que não é muito comum em Portugal, os quatro candidatos partem com os mesmos treinadores e a espinha dorsal das equipas que terminaram a época anterior.

Mesmo perdendo dois jogadores importantes, Gonçalo Ramos (melhor marcador da equipa) e o espanhol Grimaldo (com influência em 14 golos), o Benfica conseguiu compensar essas saídas, pelo menos em teoria, com Arthur Cabral e Jurásek e ainda acrescentou mais valor ao plantel com as chegadas de Di María e do turco Kökçü, contratação mais cara da história do clube (25 milhões de euros).

Também o Sporting bateu o seu recorde com o avançado sueco Gyökeres (20M), enquanto se aguarda a confirmação, por valor muito semelhante, da contratação do dinamarquês Hjulmand para o lugar deixado vago com a única saída significativa, a do uruguaio Ugarte.

Mais discreto, o FC Porto, com o segundo maior orçamento, viu sair (para já) o colombiano Uribe e só fez entrar dois médios (Nico González e Alan Varela), além do ex-gilista Fran Navarro para o ataque, precavendo eventual saída de Taremi.

“Fico contente com a permanência de quase todo o plantel, isso é uma mais-valia e também custa dinheiro ao clube, que fez um esforço grande para manter os principais jogadores”, justificou Sérgio Conceição.

Quanto ao Sp. Braga, viu partir Iuri Medeiros e Sequeira – Uros Racic terminou o empréstimo – mas garantiu a continuidade de Bruma, contratou o campeão europeu José Fonte e conseguiu ir à Alemanha resgatar o médio Rodrigo Zalazar ao despromovido Schalke, numa transferência avaliada em cinco milhões de euros.

E ainda teve fôlego financeiro para ir buscar Adrián Marín e Vítor Carvalho ao Gil Vicente e convencer Rony Lopes a arriscar um regresso a Portugal.

Campeonato sem ilhas

No resto, não se esperam grandes novidades e o mais provável é suceder o mesmo que na última época, com grande equilíbrio entre os restantes 12 participantes, quase todos com orçamentos entre os 4,5 e os 10 milhões de euros – a exceção é o V. Guimarães, com 18, mas a avaliar pela fugaz participação na Liga Conferência, onde caiu aos pés de um adversário esloveno, não parece que os minhotos sejam capazes de muito mais do aquilo que fizeram o ano passado.

Isto na primeira época desde 1984 / 85 em que as ilhas não têm qualquer representante na I Liga. Os Açores perderam o Santa Clara e a Madeira o histórico Marítimo.

“Viu-se no ano passado que os orçamentos têm pouca importância, o Marítimo tinha um dos maiores e acabou por descer. Vai andar tudo junto e depois há uma equipa que tem dois ou três reforços que saem melhor que o esperado e acaba por se destacar, como sucedeu com o Arouca. Mesmo o Vitoria, depois da eliminação europeia, vai andar por ali”, finalizou Faquirá.

Lisboa em força mas Braga ganha

Outra curiosidade é o facto de a Associação de Futebol de Lisboa (AFL) voltar a ter cinco equipas no escalão principal, graças à subida do Estrela da Amadora, que se junta aos dois grandes, a Casa Pia e a Estoril.

Há 20 épocas que não se via algo assim: em 2003/04, Belenenses e Alverca acompanharem os amadorenses na I Liga. O normal tem sido a AFL ter quatro representantes, com a mínimo a ser estabelecido entre 2010 e 2012 (apenas Benfica e Sporting).

Ainda assim, a associação lisboeta continuará em segundo lugar neste ranking particular, uma vez que a de Braga vai manter-se na dianteira, com seis equipas presentes na I Liga, graças à promoção do Moreirense, que se juntou a Sp. Braga, V. Guimarães, Famalicão, Vizela e Gil Vicente, repetindo assim o contingente que já tivera em 2021/22. O Minho em grande!

Áudios do VAR revelados uma vez por mês

Uma das (semi)novidades da nova época é o facto de algumas comunicações entre os árbitros de campo e o VAR passarem a ser divulgadas publicamente. Tal já tinha acontecido na primeira época em que a nova tecnologia foi introduzida na I Liga mas, segundo a Federação Portuguesa de Futebol, “o impacto da divulgação dos áudios não foi o desejado, tendo até contribuído para que o ruído em torno da ferramenta aumentasse, sem benefício para o jogo”.

Alguns anos depois, a FPF volta a avançar com a ideia, tendo comunicado a decisão aos árbitros da categoria C1 em julho. O objetivo do Conselho de Arbitragem “é pedagógico, na linha do que sempre considerou ser prática adequada”.

A divulgação dos áudios dos lances avaliados no ecrã junto ao relvado será feita uma vez por mês. Já as leis de jogo também sofreram pequenas alterações. Entre as mudanças mais relevantes inclui-se a contabilização do tempo perdido em celebrações de golos na compensação e o facto de o treinador passar a ser sancionado se for cometida alguma infração por alguém presente no banco que não se consiga identificar.

Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal