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Há muitos alunos deslocados a pagar renda sem contratos nem recibos

A Federação Académica do Porto fez um inquérito junto de 1325 estudantes sobre as condições de alojamento no início do ano letivo, tendo apurado que cerca de metade dos deslocados está “no mercado de arrendamento paralelo, sem contrato nem recibos de renda”.

Outra das conclusões é que 20% dos inquiridos pagam mais de 400 euros por um quarto, segundo um comunicado enviado à Imprensa.

O inquérito decorreu entre 16 e 21 de outubro e os visados são, na esmagadora maioria, alunos de instituições públicas (87%) e inscritos em cursos de licenciatura (65%). Segundo a nota da Federação Académica do Porto (FAP), entre os inquiridos deslocados “ainda há 17% que não conseguiram encontrar alojamento” e, dos que já encontraram, um em cada três afirma viver “num quarto ou casa que representa um grande esforço financeiro”.

Os alunos que vivem longe do Porto e que, por isso, precisaram de encontrar um sítio para viver, pagam em média 318 euros por um quarto. Mas a esse valor ainda há que acrescentar, em muitos casos, as despesas da água, energia ou Internet, o que resulta em, pelo menos, mais 35 euros por mês.

Quanto à capacidade para suportar os custos, a FAP revela que “18% dos estudantes deslocados que tiveram de procurar alojamento no mercado de arrendamento afirmaram já ter ponderado, ou estarem a ponderar, abandonar o ensino superior”. Por outro lado, “20% ainda andam à procura de quarto, tendo de se deslocar da sua localidade de origem para assistir a aulas ou dormindo provisoriamente em casa de amigos, colegas ou familiares”, acrescenta o comunicado.

Outra das conclusões é que 43% dos deslocados precisaram de pelo menos um mês para encontrar solução. O inquérito revela ainda que, no universo de inquiridos não deslocados – ou seja, cerca de um quarto da amostra -, 42% demoram mais de uma hora a fazer o percurso entre a casa e a instituição de ensino.

Segundo a presidente da FAP, Ana Gabriela Cabilhas, o estudo “apresenta um conjunto de dados preocupantes, que motivam reflexão e justificam a atenção do Governo”. A responsável acrescenta que “perante este contexto, num ano que está a ser marcado por um aumento sem precedentes da taxa de inflação, se não forem urgentemente encontradas soluções, muitos estudantes poderão ser forçados a abandonar o ensino superior por falta de condições financeiras”. Tanto mais que, ainda de acordo com o inquérito, metade dos estudantes deslocados não beneficia de bolsa de estudo.

Fonte: Jornal de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Ângelo Lucas / Global Imagens