A GNR (Guarda Nacional Republicana) prevê que a lotação do Santuário de Fátima, com capacidade para 270 mil pessoas, seja ultrapassada este sábado durante a visita do Papa Francisco, e irá começar as revistas de segurança aos peregrinos já a partir de hoje à noite.
Na conferência de imprensa diária sobre a operação de segurança da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), a porta-voz da GNR Mafalda Almeida disse que o dispositivo de segurança em Fátima foi reforçado porque, “além dos peregrinos inscritos e não inscritos”, é expectável que haja mais cidadãos do norte do país a querer ver o Papa e a deslocar-se às celebrações de sábado.
“Prevemos que a lotação do santuário seja total, ou seja, que a quantidade de visitantes e peregrinos no Santuário de Fátima exceda até a lotação e que, nas imediações, se possam juntar todos os peregrinos, que ainda temos muito espaço para isso”, afirmou.
Mafalda Almeida disse ser expectável que, esta sexta-feira à noite, na procissão das velas, “muitos peregrinos se mantenham no santuário para garantir o lugar para os eventos de sábado”, razão pela qual as revistas de segurança aos visitantes irão começar já esta noite.
“Todas as entradas no Santuário de Fátima terão revista obrigatória, pelo que é necessário ter atenção aos objetos proibidos dentro do santuário. (…) Cheguem atempadamente para cumprir com estas medidas de segurança e para que se possa verificar o tipo de bagagem e de objetos que trazem convosco”, pediu.
No que se refere à circulação rodoviária, a porta-voz da GNR avisou que se espera “uma grande afluência nos principais acessos para Fátima, sobretudo na A1, na EN356, EN357 e no IC9, tanto de norte como de sul”. Em Fátima, a porta-voz explicou que haverá condicionamentos rodoviários, com a circulação cortada à volta do santuário.
Nesse âmbito, Mafalda Almeida aconselhou as pessoas a deixarem os carros nos cerca de 50 parques de estacionamento previstos pelas forças de segurança, salientando que haverá uma rede de transferes que passarão por alguns desses parques e conduzirão os visitantes até ao santuário e Cova da Iria.
A lotação de qualquer um desses parques de estacionamento poderá ser verificada através de uma aplicação para telemóvel intitulada “Fátima 2023 – JMJ”, acrescentou.
A porta-voz da GNR apelou a que não se faça “a largada de passageiros em locais mais próximos do Santuário” – com exceção para as pessoas com mobilidade reduzida – e aconselhou a que se utilizem “transportes devidamente credenciados”, como táxis, TVDE ou transportes públicos, advertindo que há “muita oferta de transportes que podem colocar em risco a segurança dos peregrinos”.
Mafalda Almeida disse ainda que a GNR irá ter dois postos móveis de apoio ao peregrino em Fátima, para ajudar as pessoas que se percam dos seus grupos, e que terão o apoio de “forças congéneres em várias línguas para ajudar os cidadãos estrangeiros”.
Antecipando temperaturas altas este sábado, a porta-voz referiu que a GNR vai reforçar o “seu dispositivo de prevenção e vigilância de incêndios”, salientando que os fogos são uma das questões que “levanta preocupações”.
“Gostaríamos que individualmente cada pessoa tivesse aqui algum bom senso e responsabilidade quanto à questão dos incêndios. Não se esqueçam que a segurança do santuário e de Fátima depende essencialmente da colaboração de todos”, apelou.
Apelo à paz esperado em Fátima como na visita do Papa em 2017
A visita do Papa Francisco a Fátima na manhã de sábado acontece pouco mais de seis anos após a primeira deslocação que fez à Cova da Iria, para canonizar Jacinta e Francisco Marto.
Perante um mar de gente que enchia então o recinto do santuário, Francisco, logo na noite da chegada para a visita pastoral de menos de 24 horas, fez apelos à “paz e concórdia entre os povos”, pedindo a “Nossa Senhora, que, no mais íntimo do Seu imaculado coração”, veja “as dores da família humana que geme e chora neste vale de lágrimas”.
“Seremos, na alegria do Evangelho, a Igreja vestida de branco, da alvura branqueada no sangue do cordeiro derramado ainda em todas as guerras que destroem o mundo em que vivemos”, disse Francisco, na oração proferida na noite de 12 de maio, após um momento de recolhimento frente à imagem da Virgem de Fátima.
As preocupações com a guerra também deverão marcar a intervenção de Francisco na Capelinha das Aparições na manhã de sábado, em especial o conflito na Ucrânia.
Num texto publicado em julho, o diretor editorial dos media do Vaticano, Andrea Tornielli, considerou que a ida do Papa a Fátima está ligada “à tragédia da guerra que atormenta a ‘martirizada Ucrânia'”.
Aquele responsável sublinhou que o gesto de Francisco “pode ser ligado diretamente a outro que ele realizou, pouco mais de um mês após o início da guerra: a consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, realizada em São Pedro, em 25 de março de 2022”.
“A consagração da Rússia, aliás, foi pedida pela aparição na mensagem aos pastorinhos de Fátima. Há 16 meses, Francisco rezou assim: ‘Perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões que morreram nas guerras mundiais”.
“Desconsideramos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a trair os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens”, recordou Tornielli no texto divulgado no portal Vatican News.
Há seis anos, e estando em Fátima, exortou os cristãos a serem, antes de mais, “marianos”.
“Com Cristo e Maria permaneçamos em Deus”, afirmou.
Já na homília de dia 13 de maio, Francisco apontou os dois novos santos — Jacinta e Francisco Marto – como “um exemplo”, considerando que “a força para superarem contrariedades e sofrimentos lhes foi dada pela Virgem Maria, presença constante nas suas vidas”.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Nuno Brites / Global Imagens