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GNR e PSP substituem-se mutuamente em caso de falhas

Os comandos da GNR e da PSP prepararam um “plano de contingência” para tentar minimizar o impacto de possíveis novas ações de protesto “expontâneo”, como o cancelamento de jogos de futebol ou outras situações.

O DN soube junto da direção nacional da PSP e do comando-geral da GNR que foram dadas orientações aos respetivos dispositivos para que, em caso de falhas de agentes ou militares convocados, se possam substituir mutuamente sempre que haja recursos disponíveis.

“Temos mais polícias nomeados, temos equipas de prevenção, temos os polícias dos serviços administrativos e temos a Unidade Especial de Polícia e temos a possibilidade de reforçar e ser reforçados pela GNR. Estamos articulados localmente e a nível central entre a direção nacional da PSP e o comando-geral da GNR. Nunca vivemos uma articulação e coordenação tão próxima e eficaz”, garantiu ao DN fonte da direção da PSP.

“Estamos coordenados. Se surgirem constrangimentos operacionais pedimos apoio à outra força. Tem de ser assim, temos de ter flexibilidade para reagir e nos apoiarmos mutuamente. Não é garantido que consigamos evitar todos os constrangimentos, mas vamos tudo fazer para cumprir as missões”, confirmou ao DN fonte do comando-geral da GNR

Numa altura em que a escalada dos protestos dos polícias parecem estar fora de controlo – além das situações de baixa médica a impedir a realização de jogos de futebol e a criar dificuldades no controlo de fronteiras no aeroporto de Lisboa, nesta quarta-feira – 22 de 24 agentes da PSP que realizaram a certificação de tiro no Algarve chumbaram no teste, correndo o risco de ficarem sem arma e sem fazer serviço no exterior.

Ainda assim, como sublinha um oficial superior, “nenhuma destas ações tem posto em causa missões de segurança pública ou proteção e socorro das populações”.

O que “tem estado em causa são jogos de futebol para os quais, salvo alguma exceções de desafios de maior risco, os polícias vão em regime de gratificados. Infelizmente Portugal ainda é dos países da Europa que mais utiliza polícias na segurança dos jogos”, acrescenta.

Acordo PS / PSD recomendado

A maioria dos protestos tem sido convocada através de redes sociais, nomeadamente ‘WhatsApp’ e ‘Telegram’, tendo surgido recentemente um movimento inorgânico chamado ‘movimento inop’ que não tem intervenção dos sindicatos, apesar de existir a plataforma, criada para exigir a revisão dos suplementos remuneratórios nas forças de segurança.

“Não acho que esteja fora de controlo, mas está difícil” reconhece o porta-voz da plataforma sindical dos polícias.

O Comissário Bruno Pereira lamenta que não tenha havido ainda um “sinal” nem do governo nem dos dois maiores partidos que servisse para estancar o descontentamento dos polícia.

Igualmente nesta quarta-feira souberam que, além da Polícia Judiciária, também os espiões dos serviços de informações tinham tido aumentos médios de 400 euros.

“A plataforma tem estado a agir oficial e oficiosamente para tentar evitar que as coisas escalem. As ações que, entretanto, comunicámos, visam precisamente manter as massas unidas em relação em manter a razoabilidade desta discussão até às eleições, caso não vejamos uma solução por parte deste governo o que, à partida, não ocorrerá”, afirma o também presidente do Sindicato Nacional de Polícias (SNOP) da PSP.

Bruno Pereira lembra que nas reuniões que teve com o presidente do PSD, Luís Montenegro, e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, apelou a que houvesse “um acordo de princípio” antes das eleições para que se pudesse começar a executar depois de 10 de março. “Não responderam, não mostraram grande à vontade”, lamenta.

Ao que o DN apurou junto às hierarquias da PSP e da GNR, este “sinal” tem sido também defendido pelos respetivos chefes máximos.

“Sinal era haver já uma proposta apresentada pelo governo, com apoio possível do PSD, para ser implementada após 10 de março. O que ambos querem é que seja apresentada uma solução pelos políticos que seja um sinal de reconhecimento à PSP e à GNR. Atendendo ao momento em que o país vive, um acordo entre os dois maiores partidos dava uma segurança maior à proposta”, considera um oficial que está a acompanhar o processo.

Porém, nem no governo, nem no PS e PSD parece haver essa abertura estratégica para resolver um problema que Marcelo Rebelo de Sousa identificou ser “legítimo” e de resolução “urgente”.

O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, refugia-se no facto de o governo não ter “legitimidade política para assumir encargos financeiros duradouros para o futuro”.

Da parte do PSD, Luís Montenegro repetiu a garantia que já tinha dado à plataforma sindical: “O meu compromisso com as forças de segurança é muito forte: é iniciar, ato imediato à entrada em funções de Governo, um processo negocial com vista a fazer essa reparação”, insistiu.

Falta ainda uma peça chave para possíveis “sinais” ou negociações. Nenhuma das partes, nem sindicatos, nem governo, nem PS ou PSD apresentaram ainda as contas finais e a fórmula para o custo de equiparar os 43 mil militares das forças de segurança à PJ, cujo suplemento de missão é de 1026 euros.

Recorde-se que GNR e PSP têm um total de oito suplementos, enquanto os inspetores da Judiciária têm três (missão, piquete e prevenção).

Uma estimativa do governo, entretanto abandonada, indicava 154 milhões de euros para esta equiparação, mas se ela for feita apenas somando um novo suplemento, pode chegar aos 600 milhões de euros.

Nem a direção da PSP nem o comando-geral da GNR revelam as suas propostas, tal como os sindicatos.

Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal