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G20 do Rio lança aliança contra fome com adesão de 82 países

O G20 lançou oficialmente a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, esta segunda-feira, no Rio de Janeiro, logo na abertura da cimeira dos chefes de Estado e de Governo das maiores economias do mundo, pela voz do anfitrião, o presidente brasileiro Lula da Silva.

A iniciativa conta com a adesão de 147 membros fundadores, a União Africana, a União Europeia, 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras internacionais, 31 organizações filantrópicas e não governamentais e 82 países. Incluindo a Argentina.

O país sul-americano, liderado pelo presidente ultraliberal Javier Milei, foi o principal opositor da agenda da presidência brasileira no G20, e, por isso, o único que não aderiu inicialmente ao projeto contra a fome, colocando ressalvas nos pontos em que se falava em “igualdade de género” e em “taxação dos super ricos”.

As agências noticiosas internacionais começaram até por escrever que 81 países – e não os 82 finais – subscreviam o texto. Porém, à última hora Milei recuou.

O cumprimento oficial entre Lula e Milei, o primeiro entre os dois chefes de Estado desde que foram eleitos, o brasileiro em 2022 e o argentino em 2023, foi, aliás, o mais frio de toda a cimeira.

O governo de Lula tem como meta que o plano articule programas sociais com potencial de alcançar 500 milhões de pessoas em países pobres até 2030 – o objetivo é deixar o combate à fome, no qual o brasileiro foi bem-sucedido nos dois primeiros mandatos no Palácio do Planalto, como legado internacional do político brasileiro.

“Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade, por isso, colocamos como objetivo central da presidência brasileira no G20 o lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, este será o nosso maior legado”, disse no arranque da 19.ª reunião do G20.

“Aqueles que sempre foram invisíveis estarão no centro da agenda internacional. Já contamos com a adesão de 81 países, 26 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 31 fundações filantrópicas e organizações não-governamentais”, continuou, citando o número 81 e não ainda 82 porque a Argentina até então não era signatária.

“Esta cidade é a síntese dos contrastes que caracterizam o Brasil, a América Latina e o mundo. De um lado, a beleza exuberante da natureza sob os braços abertos do Cristo Redentor. Um povo diverso, vibrante, criativo e acolhedor. De outro, injustiças sociais profundas. O retrato vivo de desigualdades históricas persistentes”, afirmou Lula.

“O símbolo máximo na nossa tragédia coletiva é a fome e a pobreza. Segundo a FAO, em 2024, convivemos com um contingente de 733 milhões de pessoas ainda subnutridas. É como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome”.

“Num mundo que produz quase seis mil milhões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível. Num mundo cujos gastos militares chegam a 2,4 biliões de dólares, isso é inaceitável”.

“Estive no primeiro G20, em 2008, e constato com tristeza que o mundo está pior: temos o maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já registada”, concluiu.

O Brasil, entretanto, resiste a incluir na declaração final da cimeira o tema da invasão da Ucrânia pela Rússia, representada no Rio por Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros do país, como é exigido na Europa.

Ainda ontem, o G20 discutiu a Reforma das Instituições de Governança Global, antes da receção oficial de Lula e da primeira-dama Janja da Silva, em foco por ter dito “Musk fuck you” para o milionário Elon Musk, futuro membro do governo Trump, num evento à margem do G20.

Para hoje estão previstas reuniões sobre Desenvolvimento Sustentável e Transição Energética, antes da sessão de encerramento e cerimónia de transmissão da presidência do G20 do Brasil para a África do Sul.

Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal