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Frente fria contra massa de ar quente: Portugal escapa a vaga de calor extremo do sul da Europa

A massa de ar quente deixa vários países do sul da Europa com temperaturas extremas, que, em muitos casos, podem ultrapassar os 40 graus. Em Portugal, a influência do Atlântico traz nebulosidade, descida de temperaturas e chuva. Entre domingo e segunda-feira, regressa o calor, mas dentro dos valores normais para a época.

Depois de um mês de junho que bateu recordes de temperatura desde que há registos, vários países do sul da Europa vão, nos próximos dias, voltar a enfrentar uma onda de calor, com valores potencialmente máximos, devido a uma massa de ar proveniente do norte de África. Os termómetros deverão ultrapassar os 40 graus em algumas regiões de Espanha, França, Grécia, Croácia, Turquia e Itália. Exceção para Portugal, que está a ser atingido por uma frente fria, que afasta o país da realidade dos vizinhos do sul.

“Não vamos ter situações de temperaturas extraordinariamente altas nos próximos dias. As temperaturas vão estar dentro dos valores normais para a época de ano. Hoje, com a passagem de uma superfície frontal, já está o céu muito nublado no litoral Norte e Centro. Pode haver alguma chuva fraca a partir da tarde na região do Minho, principalmente. Gradualmente, esta nebulosidade e a chuva vão progredir para a região do interior”, disse ao JN a meteorologista Paula Leitão, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

“A passagem de uma frente fria está a “dar origem a muita nebulosidade na faixa costeira ocidental a norte do Cabo Raso”. A partir do meio da manhã de sábado, o céu vai tornar-se novamente limpo, mantendo-se assim no domingo. 

Outra consequência da frente fria que atinge Portugal é a descida das temperaturas. “Descem hoje um pouco por todo o território e amanhã voltam a descer mais um pouco, principalmente nas regiões do interior. A partir de domingo e na segunda-feira, tornam a subir, com valores que são normais nesta altura do ano”, informou a especialista do IPMA.

No Porto, a temperatura máxima prevista para amanhã é de 24 graus, regressando aos 27 na segunda-feira. Para Lisboa, prevê-se 26 graus no sábado, 25 no domingo e 27 em segunda-feira. E no Alentejo, a temperatura desce hoje para os 30 graus em Évora e 31 em Beja, recuperando no domingo até subir para os 37 graus na segunda-feira.

“Estamos dentro dos padrões de julho”, repetiu, esclarecendo que o anticiclone do norte de África que está a atingir partes do sul da Europa não impacta Portugal, onde se sobrepõe a influência do anticiclone que está sobre o Atlântico, com a passagem de superfícies frontais, que traz “nebulosidade e ar mais fresco”.

Vaga de calor na Europa: máximas de 48 graus em Itália

A onda de calor (período de clima quente em que as temperaturas são mais altas do que o esperado para a época do ano) que atinge alguns países do sul da Europa deve-se à passagem do anticiclone Cerberus – assim designado m referência ao monstro do Inferno de Dante, descrito na “Divina Comédia” -, que está a provoca temperaturas máximas que ultrapassam os 40 graus.

Nas ilhas italianas da Sicília e da Sardenha, as temperaturas alcançarão “potencialmente os valores mais altos alguma vez registados na Europa”, na ordem dos 48 graus, de acordo com a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).

O calor extremo em Itália – onde dez cidades estão sob alerta vermelho – provocou na última semana uma morte (de um trabalhador que colapsou enquanto pintava passadeiras em Lodi, perto de Milão) e levou vários turistas para os hospitais com insolações, tendo a população das áreas mais afetadas pelo calor sido aconselhada a beber pelo menos dois litros de água por dia e evitar beber café e álcool, porque desidratam.

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Foto: AFP

O calor excessivo – na foto, em Sevilha – é um dos eventos meteorológicos mais mortais, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial. Mais de 61 mil pessoas morreram na Europa como consequência do calor, no ano passado, de acordo com um estudo recente do ISGlobal Institute, em Barcelona. Segundo a análise, Itália teve o maior número de mortes atribuídas às temperaturas altas (mais de 18 mil), seguindo-se Espanha (11 mil) e Alemanha (oito mil).

Em Espanha, o cenário não é mais fresco: há vários dias que as temperaturas rondam os 45 graus, registando-se, em grande parte do país, valores na ordem dos 25 graus durante o período da noite. Na quarta-feira, várias zonas da ilha de Maiorca – onde a linha direta de saúde de emergência teve que lidar com mais um caso de insolação todos os dias desde maio – atingiram os 37 graus às 4 horas da manhã.

E o governo regional da Andaluzia inaugurou, em junho, um serviço telefónico de assistência às pessoas afetadas pelo calor, que recebeu 54 mil telefonemas até ontem. De acordo com as imagens de satélite, a temperatura terrestre na região da Extremadura atingiu os 60 graus na terça-feira.

EUA, China e África a sufocar

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Wuhan, China
Foto: Stringer/AFP

A onda de calor também está a atingir partes da China, dos Estados Unidos e de África. Nos EUA, foram emitidos alertas devido ao calor extremo para mais de 100 milhões de norte-americanos, com o Serviço Nacional de Meteorologia a prever condições particularmente perigosas nos estados do Arizona, Califórnia, Nevada e Texas.

No gigante asiático, algumas regiões, incluindo a capital, também estão a deparar-se com temperaturas sufocantes, tendo uma grande empresa de energia chinesa informado que o país atingiu, num único dia, uma geração de energia recorde. Também no norte de África, as populações enfrentam temperaturas elevadas, tendo o serviço meteorológico de Marrocos emitido um alerta vermelho de calor extremo para as partes do sul do país.