Pesquisar
Close this search box.

Festa e arquibancadas lotadas marcam segundo dia de desfiles do carnaval santista

Com as arquibancadas e camarotes lotados da Passarela do Samba Dráuzio da Cruz, a segunda noite de desfile encantou aos presentes, que puderam acompanhar, a partir das 20h, as escolas do Grupo de Acesso Padre Paulo, Império da Vila e Imperatriz Alvinegra e as cinco escolas do Especial que fecharam o desfile: Sangue Jovem, Unidos dos Morros, Real Mocidade, Independência e União Imperial.

Abrindo o segundo dia dos desfiles, a Mocidade Independente de Padre Miguel trouxe para a passarela o enredo “Yalodê, um banho de axé e felicidade na folia”, do carnavalesco Fábio Gouvêa, que fez uma homenagem a Oxum, que para os Yorubás é considerada a Orixá que reina sobre as águas doces.

Com 800 componentes, 13 alas e duas alegorias, a agremiação começou o desfile as 20h25 e encerrou o trajeto em 57 minutos devido ao atraso, o que infelizmente deverá custar pontos preciosos para a escola, que tentou acelerar ao máximo o desfile.

Logo em seguida, a escola Império da Vila entrou em cena para homenagear os 50 anos de samba de João Henrique Corrêa da Luz, o Makumba. Ao todo, 600 componentes, 10 alas e um carro alegórico contaram a história do sambista e compositor, da infância aos dias atuais, passando pela origem do apelido e a descoberta do samba. Sob o enredo “Makumba – Do culto mágico à magia do samba”, da carnavalesca Lúcia Lamela, o desfile aconteceu das 21h19h às 22h sob a voz do intérprete Makumbinha, filho do homenageado.

O destaque da agremiação fundada na Vila Nova foi a alegoria que fazia tributo aos sambistas que fizeram parte da história de Makumba, bem como trazia os símbolos garrafais “X9”, em homenagem à escola pela qual o compositor se apaixonou assim que descobriu o samba.

Por volta das 22h30 foi a vez da Imperatriz Alvinegra entrar na avenida para encerrar os desfiles do grupo de acesso. Com 900 componentes, 10 alas, uma alegoria e um quadripé, a escola sediada em São Vicente trouxe o enredo “A Imperatriz vai te emBARÁ!”, do carnavalesco Pedrinho da Rima, que prestou uma homenagem a Genaro Vila Nova, o Mestre Bará, Embaixador do Samba na Baixada Santista e um dos maiores símbolos do Carnaval na Nossa Região.

O desfile emocionou os presentes, que lembraram do mestre falecido em 2019. A escola deixou a avenida por volta das 23h, depois de 45 minutos de festa e nostalgia.

Abrindo o grupo especial, às 23h25, a Sangue Jovem também homenageou uma importante personalidade do samba: Solange Cruz, que preside há 20 anos a escola Mocidade Alegre, uma tradicional agremiação da Capital. Sob o enredo ‘No Nome, a Cruz… Na Mão, o Terço… De Sangue e Alma Jovem, eis Solange, a Leoa do Samba’, 1.100 componentes desfilaram em 15 alas, dois carros alegóricos e um quadripé.

Em 55 minutos de apresentação, a escola celebrou as mulheres, o samba e a religiosidade de Solange, trazendo uma imensa alegoria dourada, representando a luz do sagrado. Borboletas que aludiam à transformação e conquistas da homenageada, bem como um carro alegórico com a figura do busto de Solange, encantaram o público. Uma bandeira com os dizeres “Pelé Eterno” finalizou o desfile, homenageando o Rei do Futebol, falecido em dezembro.

Com enredo “Desce o Morro construindo história: Armênio Mendes – O empreendedor dos sonhos”, do carnavalesco Igor Carneiro, a Unidos dos Morros prestou uma homenagem ao empresário português, falecido em 2017, que se transformou numa das figuras mais emblemáticas e significativas da Cidade. A escola entrou na avenida com 1100 componentes, 12 alas e duas alegorias, com o objetivo de replicar a grandiosidade das obras e história de vida de Mendes.

Durante o desfile, as bandeiras da escola tremularam pelas arquibancadas lotadas, que cantaram junto o samba enredo e se admiraram, principalmente, com as cores das fantasias e carros alegóricos, além de uma comissão de frente que simulava tijolos de barro. A escola deixou a avenida por volta da 1h35, depois de 55 minutos cravados de festa.

O desenvolvimento de Santos unido aos costumes, religiosidade e progresso dos caiçaras, os povos do mar, embalaram o desfile da Real Mocidade, entre as 1h56 e 2h50. A escola do Marapé apresentou o enredo “Crônica Caiçara: um porto de fé, esperança e progresso”, com corpo de 1.200 componentes, 15 alas, dois carros alegóricos e um quadripé.

A agremiação que tinha Tiganá como intérprete trouxe o oceano para a Passarela Dráuzio da Cruz, com uma alegoria em formato de barco e outra na figura de Iemanjá, orixá das religiões de matriz africana considerada a rainha das águas. A miscigenação do povo brasileiro foi representada pelas raízes portuguesas, africanas e indígenas, enquanto o trabalho no porto foi trazido nas vestes laranja da bateria e por um quadripé que representava um trabalhador do porto.

Com um desfile que buscava lembrar a irreverência e alegria trazidas por um verdadeiro mestre do humor, a Mocidade Independência entrou na avenida às 3h10 da madrugada de domingo com o enredo “Chico Anysio… A arte de fazer sorrir”, feito em conjunto pela comissão de carnaval da escola. Com 1200 componentes, 14 alas e três alegorias, a escola do Jardim Casqueiro, de Cubatão, buscou replicar um pouco da imponência dessa que foi uma das maiores figuras da televisão brasileira.

Mesmo durante a madrugada, a agremiação emocionou os presentes que recordaram os momentos de alegria vividos ao assistir o comediante, com cada ala representando diversos personagens marcantes. A escola encerrou o desfile por volta das 4h, depois de 51 minutos de alegria que teriam enchido o Chico Anysio de orgulho.

“Se Avexe não! O Marapé é Cabra da Peste, no Meu Carnaval Made In Nordeste” foi o enredo que deu o tom do último desfile das escolas de samba de Santos no Carnaval 2023. A homenagem ao povo nordestino foi da União Imperial, que entrou na passarela às 4h23 e encerrou a festa às 5h17, com seus 1.200 componentes, 13 alas, duas alegorias e dois quadripés. Campeã do grupo especial em dez ocasiões diferentes, a agremiação trouxe para a passarela elementos culturais do Nordeste, como o mandacaru, a religiosidade e os ritmos musicais, tais como ciranda e coco de embolada.

O destaque da apresentação foram os carros alegóricos: um representou a atmosfera nordestina por meio do cangaço, cactos, arraiá e o sol, remetendo ao clima árido, enquanto o outro trouxe um trio elétrico, homenageando o carnaval mais famoso do Brasil. A madrinha de bateria Sheila Carvalho, que é apresentadora e ex-dançarina, também esteve presente.


No segundo dia de desfile, cerca de seis mil expectadores (cinco mil nas arquibancadas e mil nos camarotes) lotaram a Passarela do Samba Dráuzio da Cruz e fizeram a festa durante o desfile das escolas de samba. Era impossível ver algum setor da arquibancada em que as pessoas não estivessem sambando, se divertindo e, é claro, vivenciando cada um dos enredos entoados pelas agremiações.

A auxiliar de enfermagem Sandra Regina Alves era uma das mais empolgadas, com a rotina pesada dos hospitais dando lugar à alegria do samba. “Venho assistir sempre e dessa vez vou desfilar nos dois dias, ontem desfilei pela X9, minha escola do coração, hoje desfilo pela Sangue Jovem, minha outra paixão”.

A mesma alegria estava expressa no sorriso e gingado da dona de casa Rose Fagnani. Ela conta que se divertiu durante todos os desfiles e pretende voltar no próximo ano. “Já estou pensando no próximo ano. Venho sempre e se Deus quiser vou continuar vindo”, conta animada a torcedora da União Imperial.

Dez entidades assistenciais cadastradas no Fundo Social de Solidariedade de Santos (FSS) também marcaram presença na passarela nos dois dias. Com o objetivo de angariar fundos para custear as despesas dos projetos que contribuem com pessoas em situação de vulnerabilidade social no Município, comercializaram comidas e bebidas durante a festa.

A gestora da Associação Filantrópica Católica Ortodoxa Creche São Jorge, Ellis Gardênia da Silva, contou que as vendas surpreenderam. “Vieram muitas pessoas, que consumiram e acabaram contribuindo com a gente. Esse evento representa uma ajuda muito grande para nós e para todas as outras entidades que participam”.

Edilene da Silva Cruz, voluntária da Creche Anjos do Amanhã e Educação Infantil, também ficou contente com o movimento. “Foi bem legal, deu para vender bastante. O intuito é poder ajudar a instituição, que tem mais de 100 crianças. Por isso estamos aqui prestigiando, é uma forma de ajudar”, comentou a voluntária.

Também estiveram presentes as entidades Cactos – Centro de Apoio e Recuperação de Dependentes de Drogas, Casa Vó Benedita, Associação Morada das Águas e Flores Claras, Núcleo de Reabilitação do Excepcional São Vicente de Paulo (Nurex), Cruzada das Senhoras Católicas, Instituição de Assistência à Criança ‘Professora Edna Souza’, ONG Sem Fronteira e Associação Expressão de Vida.

Nenhuma ocorrência grave foi registrada durante o Carnaval de Santos em 2023. O Samu, que esteve presente nos dois dias de desfile com 15 profissionais em quatro viaturas e quatro motos, realizou o total de 35 atendimentos (todos sem gravidade).

Ao todo, 1.500 profissionais trabalharam pela estrutura montada pela Prefeitura de Santos, entre profissionais da Cultura, Comunicação, Saúde e CET-Santos.

A apuração vai acontecer na próxima terça-feira (14), no Teatro Municipal Braz Cubas (Avenida Pinheiro Machado, 48, Vila Mathias), aberta apenas para três representantes por agremiação.

De acordo com o regulamento, neste ano, a campeã do Grupo de Acesso sobe para especial e a última colocada do Grupo Especial desce para o Acesso.

Fonte: Prefeitura Municipal de Santos

Texto: Kauany Priscila e Ivan Belmudes

Fotos: Isabela Carrari, Nathalia Felipe e Marcelo Martins