Fernando Santos mostrou-se bastante confiante para o jogo de estreia da seleção nacional no Mundial 2022, marcado para esta quinta-feira frente ao Gana.
“Vamos ser uma equipa dinâmica e criativa como no jogo particular com a Nigéria. Os jogadores estão muito focados nisso, têm muita qualidade e, por isso durmo tranquilamente, não só porque não temos lesões, mas também porque qualquer um dos 26 pode jogar porque têm muita qualidade. Agora é importante eles sentirem-se confortáveis para fazerem um grande jogo”, assumiu o selecionador nacional, que ainda assim alertou para algumas questões que não lhe agradaram nessa partida com os nigerianos: “Fizemos 35 minutos muito bons, mas depois houve fases em que desligámos do jogo e isso não pode acontecer. São falhas desnecessárias é isso que temos de eliminar para alcançar a vitória,”
Apesar da confiança que demonstra, Fernando Santos garante estar alerta e tem bem presente o equilíbrio nos jogos do Mundial até ao momento e, sobretudo, a surpresa causada pela Arábia Saudita, que venceu a favorita Argentina. “Tem havido jogos equilibrados e algumas surpresas. Hoje em dia todas as equipas são fortes, pois os jogadores atuam em grandes campeonatos, como é o caso do Gana. Além disso, ao contrário do que acontecia há alguns anos, já dominam as questões táticas”, disse, deixando uma certeza: “Estamos todos identificados com o Gana e, como digo aos meus jogadores, isso é como o Código Postal, ou seja, meio caminho está andado, agora é com eles dentro de campo.”
Ainda sobre os ganeses, sublinhou que é uma seleção “muito bem organizada”, tendo mostrado isso “no último jogo [particular] com a Suíça”. “Se não estivermos alerta, esta equipa tem jogadores de enorme qualidade. Como tal, temos de pensar no que temos de fazer, que é potenciar as nossas características”, disse, lembrando que na história dos Mundiais Portugal “teve sempre jogos apertados” com seleções africanas, que são “equipas muito criativas e imprevisíveis”.
O selecionador nacional admite que o primeiro jogo “é sempre o mais importante”, afinal “a vitória traz energias mais positivas”, mas ainda assim não deixou de lembrar que no Euro 2016, Portugal começou com três empate e ganhou o Campeonato da Europa. “Assinava já isso”, garantiu sorridente. A esse propósito voltou a expressar a “ambição, desejo e sonho de ser campeão do mundo”. “Acredito que temos a capacidade de, pelo menos, lutar por isso. Não somos presunçosos, mas estamos convictos da qualidade da nossa equipa e dos nossos jogadores”, sublinhou.
Questionado sobre o facto de o Mundial 2018, na Rússia, ter sido uma desilusão e sobre se existem diferenças em relação ao que se vive agora no Qatar, Fernando Santos fez uma revelação curiosa: “A única palavra escrita na nossa sala de palestras é ‘nós’. Estão aqui jogadores que ganharam as duas competições [Euro 2016 e Liga das Nações] que sabem que isso é fundamental. O Mundial 2018 surgiu após um incidente, pois seis ou sete jogadores chegaram à Rússia sem clube e todos falavam nisso. Vi até um deles a falar com o chefe da guarda sobre esse assunto. Tivemos jogadores a fazer contratos e a renovar naquela altura. O ambiente era bom, mas houve alguma dispersão. Além disso, havia o covid-19, cada um para seu lado. Agora, é diferente e é muito notória a alegria e a espontaneidade desde o primeiro dia da concentração.”
O tema Cristiano Ronaldo esteve, obviamente, em cima da mesa antes na antevisão do jogo com o Gana, mas Fernando Santos optou por desvalorizar o eventual impacto que terá na equipa das quinas. “Não nos vai tirar o foco. Aliás, não ouvi qualquer comentário sobre este assunto entre os jogadores. Ainda há pouco estavam 20 jogadores sentados a ver o jogo de Marrocos com a Croácia, enquanto outros estavam nos matraquilhos, e isso não é assunto, nem para o próprio Cristiano. Agora, se falam ao telefone não sei, cada liga para quem quer e fala o que quer, como é óbvio.”
Pelo que tem visto neste início de Mundial, Fernando Santos considera que “os jogadores vêm no auge da sua forma” porque o torneio se disputa a meio da época, o que em sua opinião torna “os primeiros jogos muito competitivos e intensos, o que não é normal em Mundiais”. Nesse sentido, considera que “a questão da recuperação e do repouso será fundamental” durante o campeonato, lembrando que nos primeiros dias no Qatar “houve algumas dificuldades com o sono”.
Questionado com a polémica sobre as braçadeiras arco-íris que foram proibidas pela FIFA, o selecionador nacional disse ser “um defensor da liberdade, democracia e direitos humanos desde há muitos anos”, lembrando ter feito “um vídeo sobre os direitos humanos”, mas ainda assim procurou evitar a polémica: “Há questões que não têm a ver connosco, são questões da FIFA, deixo isso para os outros.”
Bruno Fernandes finta a polémica que envolve Ronaldo
Bruno Fernandes foi o jogador que marcou presença na sala de imprensa e, como seria previsível, foi confrontado com incontáveis perguntas sobre Cristiano Ronaldo, que até à última terça-feira foi seu companheiro de equipa no Manchester United.
O médio garantiu que CR7 não falou com ele sobre a polémica em torno da sua saída de Old Trafford. “É algo que só diz respeito a ele e à sua família. Não falámos sobre isso. Estamos todos focados na seleção e no Mundial”, disse, lembrando que esta é uma competição que “qualquer jogador gostaria de jogar e chegar a uma final” e, como tal, todos estão “conscientes do que é preciso fazer para representar melhor o país”.
Bruno Fernandes disse ainda não se sentir desconfortável com a situação criada por Ronaldo. “Foi uma honra enorme representar a seleção com Cristiano e jogar com ele no clube. Foi um sonho realizado, mas todos sabemos que nada dura para sempre. Foi bom enquanto durou, mas ele agora tomou outra decisão para a sua vida e a sua carreira”, rematou, explicando depois o episódio da sua chegada tardia ao estágio, que levou Ronaldo a perguntar-lhe se tinha viajado de barco: “Estive duas horas dentro do avião e a minha disposição não era melhor”, gracejou, lembrando que CR7 não tem esses problemas porque “tem o seu avião”.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: José Sena Goulao / LUSA