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FC Porto: as prioridades de Villas-Boas com tomada de posse apontada para 12 de maio

André Villas-Boas vai tomar posse como presidente do FC Porto previsivelmente a 12 de maio, dia do jogo com o Boavista, no Dragão, e pretende começar o mais rapidamente possível, com a sua equipa, a conhecer em profundidade os vários dossiês para ter real noção da realidade financeira do clube, que tem um passivo superior a 500 milhões de euros.

“O futuro começa hoje! Viva o Futebol Clube do Porto!”, escreveu ontem AVB nas redes sociais na primeira reação pós noite eleitoral, falando numa “noite histórica”, agradecendo aos sócios e traçando o caminho: “Espero corresponder às vossas exigências: ganhar, conquistar títulos, preparar um novo ciclo de vitórias e um clube sustentável financeiramente.”

Entre as situações com maior caráter de urgência estão a situação contratual de Sérgio Conceição, a verdadeira dimensão da questão do fair play financeiro da UEFA, a Academia da Maia e o acordo assinado recentemente entre a SAD e a Ithaka para exploração comercial do Estádio do Dragão.

A questão de Sérgio Conceição é complexa e sensível, até porque o treinador nunca escondeu a sua enorme ligação (até em termos de amizade) a Pinto da Costa.

O técnico chegou a assinar um acordo de renovação válido por quatro temporadas em vésperas das eleições, mas que pode ser rasgado e sem custos. Por isso o novo líder portista pretende reunir-se em breve com Conceição para tentar perceber o seu sentimento, se está disponível para ficar e em que condições, embora a duração do contrato possa ser negociada.

Para já, como assegurou o novo líder dos dragões, não existe outro treinador.

Outro tema entre as prioridades do novo presidente é entender a verdadeira extensão do problema em torno do fair play financeiro da UEFA.

A anterior direção presidida por Pinto da Costa sempre desvalorizou o assunto, mas Villas-Boas desconfia que está a caminho uma pesada multa e que as consequências futuras podem ser maiores caso o clube não cumpra todos os requisitos financeiros.

Outra questão pendente é o recente acordo assinado pela direção de Pinto da Costa e a sociedade de investimento Ithaka, que passa pela injeção de 65 milhões de euros em troca da exploração das receitas do Estádio do Dragão nos próximos 25 anos, e ainda pela contratação de um financiamento de 250 milhões de euros com custos mais baixos.

Algo que, durante a campanha, Villas-Boas colocou em causa, aludindo que os direitos de exploração valem muito mais, sendo intenção da nova direção realizar uma revisão completa das obrigações de dívida existentes, incluindo taxas de juros, prazos de pagamento e passivo geral, para se darem início a negociações com credores.

Há ainda a questão da Academia da Maia. Os dois candidatos tinham projetos diferentes para o futuro centro de estágio do FC Porto. O de Pinto da Costa, que foi colocado em velocidade de cruzeiro no último mês, com pagamentos e assinaturas de contrato, contempla um complexo desportivo na Maia.

Villas-Boas tinha outro planos e pretendia um Centro de Alto Rendimento no Olival, em Vila Nova de Gaia, onde os azuis e brancos têm atualmente o seu centro de estágios. Nos últimos dias de campanha, contudo, AVB manifestou a possibilidade de a academia continuar na Maia: “Olharei para os contratos da Maia e estabelecerei a melhor decisão para o FC Porto.”

A relação com Pinto da Costa
André Villas-Boas venceu na noite de sábado as eleições para a presidência do FC Porto com 80,28% (21.489 votos), colocando assim um ponto final numa gerência de 42 anos e 15 mandatos consecutivos de Pinto da Costa.

No ato eleitoral mais participado de sempre do clube, o ex-treinador (lista B) destronou o líder azul e branco (A), que contabilizou 5.224 votos (19,52%), ao passo que o empresário e professor Nuno Lobo (C) revalidou a condição de terceiro e último mais votado alcançada em 2020, ao somar 53 (0,2%).

Numa reação ontem, à saída de sua casa, Villas-Boas confirmou que recebeu de manhã um telefonema de Pinto da Costa a felicitá-lo pela eleição e a convidá-lo para assistir ao clássico na tribuna presidencial, convite que recusou.

“Nesta fase faz mais sentido estar próximo dos associados [nas bancadas], pelo menos uma última vez. Agradeci o convite, por me ter parabenizado, uma mensagem de força de que estamos unidos. Foi uma atitude de elevação e carinho por parte do senhor presidente e agradeci de igual forma pelo carinho que tenho por ele”, afirmou.

A campanha eleitoral nem sempre foi elevada e ficou marcada por ataques entre as duas candidaturas. Certo é que AVB, no discurso de vitória, mesmo falando de um “FC Porto livre de novo”, deixou expressa a intenção de a saída de cena de Pinto da Costa ser feita com a maior das elevações:

“Está na altura de fazer uma boa e grande despedida ao senhor presidente Pinto da Costa, por tudo o que ele fez pelo FC Porto. Se ele assim o entender, claro. Portanto, de mim contará sempre com o meu respeito e com a minha amizade. Iremos sempre tratá-lo com com a elevação e a dignidade que ele merece.”

Pinto da Costa, que de acordo com os estatutos pode manter-se no Conselho Superior do FC Porto caso assim o deseje, deixa um enorme legado e mais de 1300 títulos contabilizando todas as modalidades.

No futebol destacam-se duas Taças/Ligas dos Campeões (1987 e 2004), uma Taça UEFA (2003), uma Liga Europa (2011), com Villas-Boas no banco, uma Supertaça Europeia (1987) e em 1987 e 2004 a Taça Intercontinental. Campeonatos nacionais foram 23, o último em 2021-22.

Esta época o FC Porto ainda pode conquistar a Taça de Portugal – vai jogar a final contra o Sporting.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Pedro Correia / Global Imagens