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Expectativa no PS. O resultado final poderá mesmo ser um empate com o PSD

A prudência manda. Dentro do PS ninguém põe para já em causa a liderança de Pedro Nuno Santos. O seu adversário interno na disputa, em dezembro passado, pelo cargo de secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, está em contenção.

No domingo à noite foi à sede em Lisboa do estado-maior socialista no Hotel Altis dar um “abraço fraterno” a Pedro Nuno Santos. À entrada, recusou objetivamente abrir hostilidades, muito pelo contrário: “Quando o PS ganha, ganhamos todos. E quando perde, perdemos todos.”

Carneiro sabe, além do mais, que até foi ele o primeiro a defender a tese que o secretário-geral do PS acabaria por adotar: não será pelos socialistas que o PSD será obrigado a recorrer ao Chega para conseguir que o seu Governo inicie funções. Na noite eleitoral, Pedro Nuno Santos foi muito: “Não obstacularizemos a formação de um Governo.”

Além do mais, na verdade, a relação de forças entre o PS e o PSD no Parlamento ainda não é clara. A AD tem para já 79 eleitos – sendo 77 do PSD (e os restantes dois do CDS, sendo que cada um dos partidos formará um grupo parlamentar). Ora o PS também elegeu 77 deputados, portanto os dois maiores partidos estão empatados em número de deputados eleitos.

Portanto, o país terá de esperar até dia 20, pela divulgação dos resultados do apuramento dos círculos da emigração (Europa e Fora da Europa). Estão quatro mandatos em causa (dois por cada círculo) e em 2022 três foram para o PS e um para o PSD.  Se o resultado se repetisse, o PS acabaria afinal por ser o partido com mais deputados eleitos: 80, contra 78 para o PSD.

Os dados atualmente disponíveis para o PS não indicam, porém, um repetição do que se passou nas últimas legislativas. Pelo contrário.

Santos Silva falha eleição?

Para os socialistas, o ‘terramoto’ Chega – e o de uma forte diminuição da abstenção – também se deverá fazer  sentir nos círculos emigrantes, nomeadamente no de Fora da Europa, com forte influência da comunidade portuguesa no Brasil, comunidade essa onde o bolsonarismo tem muitos apoiantes – e quem diz bolsonarismo diz Chega, porque as duas realidades estão intimamente ligadas (e não o escondem, de resto).

Assim, a perspetiva mais otimista no PS é esta: no círculo Fora da Europa o Chega ficar com um deputado e o PSD com outro. Ou seja: os socialistas veem como muito provável  a não eleição do seu cabeça de lista por este círculo, nem mais nem menos do que o ainda presidente da Assembleia da República,  Augusto Santos Silva.

Quanto ao círculo da Europa,  também acham possível que o Chega eleja, mas aqui substituindo o eleito do PSD (e assim mantendo o PS um deputado). Confirmando-se esta perspetiva, o balanço final de deputados entre o PS e o PSD manter-se-ia  num empate, no caso a 78 deputados.

Sendo assim, o critério do Presidente da República para convidar alguém a formar Governo será o de valorizar o conjunto da AD (80 deputados eleitos, com 78 do PSD e dois do CDS) e ainda um número total de votos da coligação ligeiramente superior ao número total de votos no PS.

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Ontem a Presidência anunciou que começa hoje a ouvir os partidos que elegeram deputados, à velocidade de um por dia (o primeiro será o PAN, o partido parlamentar menos votado, com apenas uma deputada eleita, no caso Inês Sousa Real). Marcelo só pode indigitar um primeiro-ministro depois de dia 20, quando forem apurados os votos da emigração.

Para já, na expetativa do Presidente da República, não deverá haver um problema para o próximo Governo iniciar funções.

Pedro Nuno Santos disse no domingo que não inviabilizaria um Executivo liderado por Luís Montenegro logo nos seus momentos iniciais, votando a favor de uma moção de rejeição que alguém apresente (e a aprovação dessa moção implica necessariamente demissão do Governo, por imposição constitucional, obrigando Marcelo a indigitar outro primeiro-ministro).

A abstenção socialista bastará para que a moção de rejeição seja chumbada, mesmo que todos os outros partidos (tirando evidentemente o PSD e o CDS) lhe votem a favor.

Belém perspetiva isso sim problemas sérios dentro de meses, quando o Parlamento começar a discutir o Orçamento do Estado para 2025. Aí o PS já prometeu voto contra, a que garantidamente se juntarão os deputados do PCP, do BE, do Livre e do PAN.

Nessa altura o ónus de salvar a governação (ou de não salvar) estará todo sobre os ombros de André Ventura. O líder do Chega terá de decidir se integrará ao lado da esquerda uma aliança negativa contra Montenegro – ou se lhe dará uma oportunidade.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: António Pedro Santos / EPA