Dois erros de António Silva, muitas alterações num onze sem ideias, inconsequente e pouca capacidade de reação, culminaram esta quarta-feira com a derrota da seleção nacional diante da Geórgia, por 2-0, na Arena Schalke, em Gelsenkirchen, esta quarta-feira.
O plano B de Martínez, que fez oito alterações na equipa, revelou-se um autêntico fracasso.
E assim a equipa das quinas perdeu a oportunidade de terminar pela segunda vez na história a fase de grupos só com vitórias. Agradeceu a Geórgia que conseguiu o milagre de se apurar pela primeira vez para os oitavos de final (vai defrontar a Espanha), fase em que Portugal vai medir forças com a Eslovénia, na segunda-feira, em Frankfurt.
A seleção nacional entrou em campo com o apuramento e o primeiro lugar do Grupo F já assegurado, situação que permitiu a Roberto Martínez gerir a equipa.
Em relação ao onze que venceu a Turquia, o selecionador fez oito alterações e voltou ao esquema de três centrais utilizado com a República Checa, mas com protagonistas diferentes na defesa: entraram António Silva, Danilo, Gonçalo Inácio, Dalot, João Neves, Pedro Neto, Francisco Conceição e João Félix, e saíram Nuno Mendes, Pepe, Rúben Dias, Cancelo, Vitinha, Bruno Fernandes, Bernardo Silva e Leão.
A opção por três centrais, segundo explicou Martínez antes do jogo, tinha como objetivo travar os jogadores rápidos da Geórgia na frente. Já a titularidade de Ronaldo foi justificada pelo selecionador por ser um finalizador que precisava de estar ativo.
Mas num e outro caso, os planos saíram furados, numa noite em que o capitão ficou novamente em branco e esteve uma sombra do que já mostrou neste Europeu. E em que o desacerto defensivo voltou, sobretudo pelo desastrado António Silva.
O jogo começou mal para Portugal, que sofreu um golo logo aos dois minutos, após um erro infantil de António Silva, com um passe disparatado no meio-campo. Mikautadze aproveitou, acelerou e serviu Kvaratskhelia, que não perdoou frente a Diogo Costa.
Talvez acusando o golo madrugador, a seleção demorou a impor-se, e só espevitou depois de um livre direto de Ronaldo, aos 16’, a 130 km/hora, que obrigou o guarda-redes georgiano a uma defesa apertada. A maioria dos lances de perigo surgiam através de bolas paradas, e faltava velocidade ao ataque português e trocas de bola mais eficazes para desmontar as marcações.
Aos 28’, após um canto, Francisco Conceição esteve muito perto do empate, mas o remate saiu às malhas laterais. Portugal jogava em pressão alta, com os georgianos remetidos ao seu meio-campo e a apostarem tudo em transições rápidas. E aos 31’ foi a vez de João Félix ficar perto do golo, com um remate por cima.
Os georgianos deram um ar da sua graça nos últimos minutos da primeira parte, quase sempre por ações de Kvaratskhelia, que ainda assustou com um remate ao lado (33’). A primeira parte terminou com mais posse de bola (71% contra 29%) e mais remates (11/3), mas com Portugal a precisar de muito mais para dar a volta ao resultado.
E com um indicador preocupante: nunca a seleção conseguiu vencer um jogo numa fase final de um Euro em desvantagem ao intervalo.
Novo erro e penálti
A segunda parte começou com uma única alteração no onze português – Rúben Neves entrou para o lugar de Palhinha. E com duas boas oportunidades para Portugal, na sequência de dois cantos – primeiro com um remate de Ronaldo (cortado por um defesa) e depois por Danilo (ao lado). Na resposta, sempre por Kvaratskhelia, um grande susto aos 50’.
Portugal continuava com mais posse, mas a denotar os mesmos defeitos da primeira parte, com pouca velocidade, trocas de bola pouco consequentes e sem rasgos individuais.
Além disso, mostrava sempre grande intranquilidade em momentos defensivos, como num lance de Danilo aos 54’. Dalot tentou remar contra a maré e aos 54’ rematou forte e em jeito, mas o remate foi travado pelo guarda-redes.
Aos 57’, um novo erro de António Silva resultou no segundo golo da Geórgia, com o central a cometer falta na área sobre Lochosvilli. Depois de consultar o VAR, o árbitro marcou penálti e os georgianos fizeram o segundo por Mikautadze. Mau demais para ser verdade!
Martínez mexeu aos 66’, lançado Gonçalo Ramos e Nélson Semedo para os lugares de Ronaldo e António Silva, dois dos piores em campo. Mas a verdade é que não trouxeram muitas melhorias ao jogo de Portugal, que apanhou um novo susto aos 72’ com um remate perigoso de Chakvetadze.
Aos 75’, o selecionador de Portugal voltou a mexer, lançado Diogo Jota e Matheus Nunes para os lugares de Pedro Neto e João Neves. Era o tudo por tudo perante uma Geórgia que mostrava muita garra perante um Portugal estranhamente sem talento. Tudo demasiado lento e denunciado.
O jogo terminou sem Portugal conseguir sequer marcar um golo, apesar de nos últimos minutos ter estado perto de o fazer. Primeiro por Nélson Semedo e depois por Dalot. Agora é esperar por segunda-feira, dia do jogo dos oitavos, onde a seleção nacional vai medir forças com a Eslovénia. Esperemos que numa outra (melhor) versão…
A figura do jogo: Kvaratskhelia
Uma exibição de encher o olho do jogador georgiano no Nápoles! Marcou o primeiro golo da sua seleção, que abriu caminho à vitória, e esteve sempre ligado às jogadas mais perigosas da Geórgia, sempre a pôr em sentido a defesa lusa.
E esteve muito perto de marcar o segundo golo. Não é por acaso que no seu país lhe chamam “Kvaradona”. Um nome que certamente que vai ficar na agenda de muitos clubes.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Ina Fassbender / AFP