Escrito originalmente sob a forma de conto, em 1987, e posteriormente adaptado para monólogo, o texto é inspirado pelo universo circense e pela cultura cigana, com os quais Plínio Marcos conviveu de perto no início da sua carreira, nos seus tempos de palhaço Frajola.
Estreou-se ontem em Coimbra a co-produção d’A Escola da Noite e da Quinta Parede tem encenação de José Caldas. A peça do autor brasileiro, nascido em Santos (estado de São Paulo), é uma parábola que celebra a liberdade de expressão e apela ao desassossego e à inquietação.
“Iur – a personagem única da peça – é um dos homens do caminho: anda sem termo, não teme fazer frente ao mistério e conta-nos esta história na primeira pessoa. Tem três nomes, um dos quais é desconhecido pelo próprio Iur. Essa condição é uma forma de enganar a morte: quando chegar a sua vez, ele não vai escutar o chamamento”, lê-se na apresentação divulgada pel’A Escola da Noite.
“Declara que um saltimbanco reúne três grandes artes: contar histórias, ser mestre de enganos e o sexo”, refere-se no texto, salientando que estas artes nómadas são apresentadas como um acto de libertação dos seus públicos – “os homens ‘fixos’, associados a uma vida rígida, burocrática e repressiva, movidos pela posse e pela ganância; e as mulheres, contidas, silenciosas e presas às vidas ‘secas’, ao lado dos ‘homens-pregos'”.
No espectáculo, as histórias de Iur oferecem uma reflexão sobre “poder, egoísmo, manipulação, luta de classes e o sentido da existência humana, no limbo entre a liberdade e as amarras que a condicionam ou oprimem».
“No ‘Português amplo’ que caracteriza a sua escrita (e que serviu de argumento para reiteradas proibições às mãos da censura brasileira), Plínio Marcos denuncia ainda os preconceitos e as discriminações que marcam a vida em sociedade, em particular sobre as mulheres e sobre grupos minoritários”, acrescenta-se na nota.
Esta é a terceira peça de Plínio Marcos apresentada pel’A Escola da Noite e conta com adaptação e encenação de José Caldas. A interpretação está a cargo de Allex Miranda, do próprio José Caldas e ainda de Juliana Roseiro. O encenador partilha as autorias do espaço cénico com Ana Rosa Assunção, responsável pelos figurinos, da música com Allex Miranda e do desenho de luz com Danilo Pinto.
“O Homem do Caminho”, recomendado para maiores de 16 anos, estará em cena no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra, até 18 de Junho, com sessões às quartas e quintas-feiras (19h00), às sextas e sábados (21h30) e aos domingos (16h).
Fonte: AbrilAbril / Portugal
Crédito da imagem: Eduardo Pinto