Um golo da lateral esquerda Olga Carmona, ‘desenhado’ por um futebol de posse e de trocas rápidas, deu este domingo à Espanha o primeiro título mundial feminino, ao bater na final a também estreante Inglaterra, por 1-0.
No Estádio Olímpico de Sydney, num jogo que teria sempre um campeão inédito e que opunha a atual campeã europeia, Inglaterra, a uma Espanha ‘reformulada’ pelo selecionador Jorge Vilda, a tendência dividia-se num 50/50 de favoritismo.
Vilda, que chegou a este Mundial com uma seleção reconstruída, face à indisponibilidade de várias jogadoras, num conflito mantido com o técnico, contou ainda assim com nomes como Alexia Putellas, Mariona Caldentey, Aitana Bonmati ou Salma Paralluelo.
O jogo contou de início com sete jogadoras do campeão europeu FC Barcelona, seis no lado de Espanha, e uma em Inglaterra, a lateral, de pai português, Lucy Bronze.
No banco, a grande novidade foi Alexia Putellas, jogadora que chegou ao Mundial ainda a recuperar de uma lesão, e este domingo o técnico espanhol optou por dar a titularidade a Salma Paralluelo, decisiva nas meias-finais com a Suécia (2-1).
Quanto à Inglaterra, a treinadora neerlandesa Sarina Wiegman não mexeu em relação à vitória nas ‘meias’ (com a Austrália, por 3-1), deixando no banco Lauren James – entrou ao intervalo -, que voltava a estar disponível depois de dois jogos de castigo, por expulsão nos ‘oitavos’.
Apesar da tendência equilibrada pré-jogo e de um melhor início de Inglaterra, que viu Lauren Hemp atirar com estrondo à barra da baliza de Cata Coll, aos 16 minutos, a Espanha ‘agarrou’ o jogo, com mais posse, deixando as inglesas ‘perdidas’.
Hemp teve os primeiros sinais de perigo das inglesas, mas as combinações entre as espanholas, lideradas por uma ‘superior’ Aitana Bonmati, a fazer mexer o ‘miolo’ da equipa e a começar nela a conquista do Mundial.
O golo das espanholas iniciou-se num ‘roubo’ à média Lucy Bronze, com a bola a sobrar para Teresa Abelleira, que abriu na esquerda em Mariona Caldentey e esta deu a Olga Carmona, no espaço vazio e com caminho aberto para a lateral, com a defesa inglesa descompensada.
A subida e perda de bola de Bronze deixou espaço para a lateral espanhola entrar e rematar cruzado, com a bola a entrar junto ao poste mais distante de Mary Earps, aos 29.
O golo abalou a formação de Sarina Wiegman, que não conseguiu a voltar a ‘pegar’ no jogo, enquanto do lado da Espanha foi Salma Paralluelo a atirar ainda ao poste à beira do intervalo, quando corriam os descontos.
Na segunda metade, Wiegman tentou mexer, com trocas na frente e as entradas de Lauren James e Chloe Kelly, que ainda agitou a equipa desde o lado direito, mas seria a Espanha a desperdiçar uma grande penalidade, aos 70 minutos.
A árbitra norte-americana Tori Penso recorreu ao videoárbitro e explicou – uma novidade – a decisão a todo o público, com o movimento deliberado de mão, a ganhar volumetria, de Keira Walsh na área. Chamada a converter, Jenni Hermoso permitiu a defesa a Mary Earps.
Já com Putellas em campo, à entrada nos descontos, que chegaram a mais 14 minutos, Sarina Wiegman ainda tentou criar desequilíbrios com o recurso à central e capitã Millie Bright na área contrária, mas sem real perigo.
A Espanha soube manter a posse e deixar as inglesas em sentido, cada vez que conseguiam colocar duas ou três jogadoras na frente, enquanto as ‘lionesses’, com pouca bola, não conseguiam ter grandes oportunidades.
Para Wiegman é a segunda final perdida, depois da derrota ao comando dos Países Baixos, em 2019, diante dos Estados Unidos, enquanto a Espanha afirma-se como o futuro, numa geração de muitas soluções, e assente, maioritariamente, no campeão europeu ‘Barça’.
A Espanha torna-se, assim, o segundo país a conquistar títulos mundiais de futebol em ambos os sexos, juntando-se à Alemanha, vencedora do Mundial masculino em 1954, 1974, 1990 e 2014, e do feminino em 2003 e 2007.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Dean Lewins / EPA