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Escritora brasileira Nélida Piñon morre em Lisboa

A escritora brasileira Nélida Piñon morreu este sábado em Lisboa aos 85 anos, informou a Academia Brasileira de Letras, que a qualifica de “uma das maiores representantes da literatura brasileira”. O Presidente da República e o primeiro-ministro portugueses já lamentaram a morte da escritora.

Autora de mais de 20 livros, entre novelas, contos, literatura infanto-juvenil, ensaios e memórias, em 1996/97 tornou-se a primeira mulher, em 100 anos, a presidir à Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleita em 1989 na sucessão de Aurélio Buarque de Holanda.

Nélida Piñon, que se estreou-se com o romance “Guia-mapa Gabriel Arcanjo” publicado em 1961, recebeu o Prémio Internacional Juan Rulfo de Literatura Latino-Americana e do Caribe, em 1995, o que aconteceu pela primeira vez para uma mulher e para um autor de língua portuguesa, assim como o prémio Bienal Nestlé, na categoria romance, pelo conjunto da obra, em 1991, e o da APCA e o Prémio Ficção Pen Clube, ambos em 1985, pelo romance “A república dos sonhos”.

A Academia Brasileira de Letras destaca precisamente este romance no percurso da escritora, uma obra sobre uma família de imigrantes galegos no Brasil, em que “faz reflexões sobre a Galiza, a Espanha e o Brasil”.

O seu livro mais recente foi escrito em Portugal durante a pandemia. “Um Dia Chegarei a Sagres”, lançado em 2020, ganhou o Pen Clube de Literatura.

Nélida Piñon licenciou-se em jornalismo em 1956 pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, tendo colaborado em jornais e revistas literários e sido correspondente no Brasil da revista Mundo Nuevo, de Paris, e editora assistente de Cadernos Brasileiros.

A escritora tinha um vínculo estreito com Espanha, já que os pais e avós foram emigrantes galegos no Brasil, e foi-lhe concedida no início deste ano a nacionalidade espanhola.

Nélida Piñon morreu num hospital de Lisboa, conforme informa a Academia Brasileira de Letras, acrescentando que a causa da morte ainda não foi confirmada.

O corpo será trasladado para o Rio de Janeiro, no Brasil, de forma a ser velado no “Petit Trianon”, o principal salão da academia, que era como uma segunda casa para a escritora.

MENSAGENS DE MARCELO E COSTA

O Presidente da República manifestou pesar pela morte da escritora brasileira e realçou a sua ligação a Portugal, onde acabou por falecer, lembrando que escreveu aqui o seu último livro.

Marcelo Rebelo de Sousa lembra que a escritora era descendente de galegos e que lhe foi concedida este ano a nacionalidade espanhola. O Presidente sublinha que Nélida Piñon era “amiga de Portugal” e membro da Academia das Ciências de Lisboa. Além de uma “presença habitual na edição e nos encontros literários do nosso país, tendo escrito no nosso país o seu último livro, significativamente intitulado ‘Um Dia Chegarei a Sagres'”, acrescenta.

Também o primeiro-ministro português, António Costa, lamentou a morte de Nélida Piñon. “A literatura brasileira perdeu hoje uma das suas grandes escritoras”, disse António Costa numa publicação na rede social Twitter.

O chefe do Governo lembrou que Nélida Piñon, que morreu hoje aos 85 anos, foi a “primeira mulher a presidir à centenária Academia Brasileira de Letras”, realçando que a escritora “era uma apaixonada pela língua portuguesa”.

Fonte: Jornal Expresso / Portugal

Crédito da imagem: Ana Baiao