Com um projeto de enfrentamento à violência, a Escola Estadual Parque dos Sonhos, em Cubatão venceu nesta quarta-feira o prêmio internacional ‘Melhor Escola do Mundo’ na categoria ‘Superando Adversidades’.
O anúncio foi feito nesta manhã (30/09) pela T4 Education, que organiza a premiação.
A unidade disputava o troféu com escolas de outras oito nacionalidades – Reino Unido, Paquistão, Uganda, Colômbia, Argentina, Estados Unidos, Austrália e Palestina -, e também com mais um colégio brasileiro, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Saint-Hilaire, em Porto Alegre.
Além da E.E. Parque dos Sonhos, também foram premiadas a Franklin School, em Jersey City (EUA), que recebeu o prêmio de ‘Inovação 2025’; a Favor del Niño, na Cidade do México (México), vencedora em ‘Colaboração Comunitária 2025’; a SK Putrajaya Presint, em Putrajaya (Malásia), reconhecida na categoria ‘Apoio a Vidas Saudáveis 2025’; e a Arbor School, em Dubai (Emirados Árabes Unidos), que conquistou a categoria ‘Ação Ambiental 2025’.
Segundo a Secretaria da Educação de São Paulo, as vencedoras participarão da World Schools Summit, evento que acontecerá em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, nos dias 15 e 16 de novembro, para compartilhar suas experiências com formuladores de políticas e líderes globais da educação.
Transformação
O reconhecimento internacional dá visibilidade a um trabalho pedagógico que transformou a Escola Estadual Parque dos Sonhos, nos últimos anos.
Até 2016, brigas entre alunos e casos frequentes de vandalismo no prédio faziam com que o colégio fosse conhecido no bairro como “escola dos pesadelos”.
Foi nessa época que o professor Regis Marques Ribeiro, de 43 anos, e morador da capital paulista, foi chamado para ser diretor da unidade. “Ninguém queria ser diretor aqui. Ofereceram para quem era da Baixada e ninguém quis. Por isso, ligaram pra mim, lá em São Paulo”, conta ele.
Regis ainda se lembra de pesquisar sobre a escola na internet e se deparar com relatos de violência. Por um momento, chegou a pensar se deveria ou não aceitar o cargo. Ao aceitar, decidiu que transformaria a escola “dos pesadelos” em um lugar de sonhos.
Do pesadelo ao sonho
O diretor incentivou os professores da escola a criarem projetos para o colégio que pudessem atrair os alunos. Aos poucos, surgiram iniciativas como patinação, ginástica, teatro, rádio e maracatu.
Funcionários também passaram a visitar as casas de estudantes, em um projeto que ficou conhecido como “Escola vai à sua casa”, e que melhorou a conexão do colégio com as famílias. No dia-a-dia, os educadores começaram a trabalhar temas como empatia e autoconhecimento com os alunos.
Tudo isso, segundo Regis, contribuiu para criar um ambiente de acolhimento na unidade, onde os estudantes se sentiam bem-vindos, e promoveu uma cultura de paz na escola.
“A gente trabalha muito isso com os alunos. Essa questão de acolher e olhar para eles como seres humanos. Falar: ‘Tô aqui pra te apoiar, pra te ajudar a conquistar os seus objetivos.’”, afirma o diretor.
Conversas com a comunidade também ajudaram a diminuir, ano a ano, o número de furtos e invasões, até que o indicador destes casos ficasse totalmente zerado depois da pandemia, segundo Régis.
Depois das ações, a escola, que tinha 116 alunos em 2016, abriu novas turmas e quintuplicou seu corpo discente. Agora, o diretor diz que há fila de espera para estudar na unidade. Os indicadores de qualidade de ensino também melhoraram, com crescimento do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), por exemplo.
“A escola não é perfeita, tem problemas, mas a ideia é sempre tentar resolver. […] O objetivo central do projeto é transformar a escola num ponto de radiação de paz e não violência. Num ponto de transformação social”, disse Régis.
Fonte: www.metropoles.com
Crédito da imagem: Governo de São Paulo / Divulgação