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Enoturismo: A melhor forma de conhecer destino e pessoas

O Enoturismo tem vindo a afirmar-se como uma das mais autênticas e diferenciadoras expressões do turismo em Portugal. Mais do que uma simples visita a adegas ou degustação de vinhos, representa uma imersão cultural, onde o vinho se cruza com a paisagem, a gastronomia, a tradição e o saber fazer de cada região.

No contexto do turismo interno, o enoturismo revela-se um ativo incontornável. Atrai visitantes nacionais em busca de experiências sensoriais, de contacto com o território e de redescoberta da identidade local.

Das vinhas a perder de vista às caves centenárias, das rotas vínicas aos festivais de vindima, o vinho é cada vez mais um pretexto para viajar, explorar e viver Portugal.

Num mercado global onde o consumo de vinho está a decrescer, o painel moderado por Luís Pedro Martins, presidente da Entidade Regional de Turismo Porto e Norte Portugal, começou por admitir que “o atual cenário de tarifas é prejudicial para o setor do vinho nacional”, frisando António Filipe, presidente Associação das Empresas do Vinho do Porto (AEVP), que “as tarifas atualmente impostas pelos EUA são um entrave à exportação.

Nenhum importador dos EUA está disposto a ser apanhado de surpresa com o vinho em trânsito, já que não sabe se a meio da viagem o vinho que comprou ficará sujeito a novas e mais tarifas”. Nesse sentido, António Filipe considerou que “a incerteza é pior do que as tarifas”.

Ao nível do consumo, o presidente da AEVP indicou que em 2024 este está ao nível de 1961, salientando que 45% das garrafas de vinho passam pelo menos por uma fronteira. Assim, considerou que “Portugal tem de se posicionar de uma forma diferente”, ou seja, “não será pela concorrência de preço, mas sim e sempre pela qualidade”.

Neste ponto e relativamente ao enoturismo, António Filipe referiu que, atualmente, “a primeira pergunta que se coloca é: como vir para Portugal?”.

O que quer dizer que a conectividade é “fundamental” para trazer quem quer conhecer e descobrir a nossa oferta enoturística. E aqui, assume, “as tecnologias digitais vão transformar ainda mais como se promove o produto”, o que para o presidente da AEVP “abre espaço para o Interior”.

Certo é que, “o turista que mais, é mais curioso, compra, quer ter acesso à ‘intimidade’ do país”, considerou Dora Simões, presidente Comissão Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), confirmando Lúcia Gonçalves, jornalista da SIC e autora do programa “Famílias Vintage”, que “este cenário é determinante para definir o que será o enoturismo do futuro”.

No seguimento, João Marinho Falcão, diretor da Vinitur, reforçou a ideia de que “o turista não quer mais a viagem epidémica do passado, de andar a visitar cidades de câmaras fotográficas e no dia seguinte fazer o mesmo. O turista é curioso, quer ter acesso às cidades de média dimensão, às vilas, às aldeias, aos elementos de cultura rica e de oferta relevante. Ele quer misturar-se com as pessoas locais, quer percebê-las, quer aprender com elas”.

Lúcia Gonçalves referiu, igualmente, que “não se pode pensar o vinho só como vinho. Há muito mais coisas que enriquecem este produto turístico. Há que pensar em tudo o que está a volta do vinho como, por exemplo, a água, a cortiça, o vidro, a história, a cultura, património”.

Nesse sentido João Marinho Falcão admitiu mesmo que “o enoturismo deve ser gerido pelo turismo e não pelo vinho” até porque, considerou, “o enoturismo é uma experiência completa do destino”. Contudo, explicou, “todo este universo está dependente dos responsáveis pelos enoturismos organizarem programas, criar momentos emocionais, no fundo, conceber um ‘produto emocional’”.

Indicando que existem três tipos de enoturistas – Ocasional (integra a visita num touring cultural), Interessado (procura experiências mais envolventes); e Dedicado (altamente qualificado, uma espécie de ‘wine collector’ que conhece muito bem os produtores e enólogos”.

E a concluir, o diretor da Vinitur definiu o enoturismo em três fases: “Taste, Eat e Stay/Play”. Até porque, explicou: “o enoturismo é a melhor forma de conhecer destino e pessoas. E é isso que, atualmente, o enoturista procura”.

Fonte e crédito da imagem: www.publituris.pt