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Energia. Alemanha junta-se a Portugal, Espanha e França nas ligações de hidrogénio H2MED

Alemanha vai juntar-se ao projeto de novas ligações para transporte de hidrogénio conhecido como H2MED acordado entre Portugal, Espanha e França em outubro passado, anunciaram este domingo os governos dos países envolvidos.

“Decidimos alargar o H2MED, que graças a fundos europeus une [quando estiver concretizado] Portugal, Espanha e França, à Alemanha, que será um parceiro na infraestrutura deste projeto”, afirmou o Presidente francês, Emmanuel Macron, no final da cimeira franco-alemã que decorreu em Paris.

Macron acrescentou que existe “uma vontade” de promover o hidrogénio verde a nível europeu.

Também o governo espanhol, num comunicado, anunciou o acordo para “a Alemanha se unir ao H2MED”.

Trata-se do “reforço da dimensão pan-europeia do H2MED”, que “pela primeira vez na história” poderá tornar a Península Ibérica num “‘hub’ líder de energia verde para toda a Europa”, defende o governo espanhol, no mesmo comunicado.

“O acordo chega após negociações entre os governos dos quatro países, favorecidas pela sua visão profundamente europeísta”, diz ainda o Governo de Madrid.

Em outubro, Portugal e Espanha chegaram a acordo com França para a construção de novas ligações para transportar hidrogénio verde, uma entre Celorico da Beira e Zamora (CelZa) e outra entre Barcelona e Marselha (BarMar), num projeto batizado H2MED.

Em agosto passado, o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, tinha defendido a construção de um ‘pipeline’ pan-europeu, desde Portugal até à Alemanha, para reduzir a dependência do continente do gás russo e para diversificar as fontes de energia

As novas ligações para transportar energia entre Portugal, Espanha e França, conhecidas como “Corredor de Energia Verde”, excluem o gás e serão apenas para hidrogénio, devendo estar operacionais em 2030.

Os três governos apresentaram o projeto a fundos europeus em dezembro.

O financiamento europeu do H2MED pode chegar aos 50% do custo estimado do projeto, que Portugal, Espanha e França calculam que seja de 350 milhões de euros no caso do CelZa e de 2.500 milhões no BarMar, segundo um documento divulgado no início de dezembro, em Alicante, Espanha, após um encontro dos primeiros-ministros de Portugal e Espanha, António Costa e Pedro Sánchez, e de Macron, que contou também com a presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

O H2MED terá capacidade para transportar 2 milhões de toneladas anuais de hidrogénio verde entre Barcelona e Marselha e 750 mil toneladas entre Celorico da Beira e Zamora.

Estas quantidades correspondem a 10% do consumo de hidrogénio verde (H2) estimado em toda a União Europeia em 2030, o que faria deste projeto o primeiro grande corredor europeu desta energia.

A União Europeia estabeleceu este ano como objetivo para 2030, para reduzir a utilização de gás, o consumo de 20 milhões de toneladas anuais de hidrogénio verde, sendo que 10 milhões deverão ser produzidas dentro do espaço europeu e 10 milhões importadas.

O hidrogénio verde é produzido a partir de energias renováveis, como a solar ou eólica.

A presidente da Comissão Europeia saudou, em dezembro, em Alicante, o acordo entre Portugal, Espanha e França, que disse estar alinhado com a estratégia de Bruxelas.

O projeto “exigirá, da parte de Portugal (…), reconversões da rede de gás para fazer chegar o hidrogénio das zonas de produção para Celorico da Beira e, por sua vez, para Espanha”, disse na altura, em Alicante, o ministro do Ambiente português, Duarte Cordeiro.

Estão em causa as ligações de gás entre Figueira da Foz e Celorico da Beira e a de Monforte a Celorico da Beira, sendo que a primeira é a que tem, atualmente, um “potencial produtivo mais adiantado” e pode atrair “novos projetos de hidrogénio verde” além dos que estão já ali identificados, segundo Duarte Cordeiro, que estimou o custo de adaptação da ligação entre a Figueira da Foz e Celorico da Beira em 120 milhões de euros.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Legenda da foto: O chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente francês, Emmanuel Macron.

Crédito da imagem: Benoit Tessier / EPA