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Em constante ampliação, Parque Valongo completa um ano após encantar cerca de 500 mil visitantes

Há um ano, a área dos armazéns portuários do Valongo ganhava nova vida. O local, que antes era evitado por munícipes e turistas desde que se tornou inoperante, há décadas, passou a ser uma das grandes atrações da Cidade com a entrega da primeira fase do Parque Valongo, em 5 de julho de 2024. Desde então, o equipamento é parte dos roteiros de turistas e munícipes, tendo atraído 500 mil pessoas de todo o Brasil e continuado a se expandir, com a inauguração de nova passarela de acesso e início da terceira etapa de obras, previsto para agosto.

Já ocupando a área em que ficavam os antigos armazéns 4, 5 e 6 do complexo portuário, a ampliação prevista para o futuro próximo começa pelo terceiro galpão, que passará por processo de revitalização com obras custeadas por Termo de Responsabilidade de Implantação de Medidas Mitigadoras e/ou Compensatórias (Trimmc) assinado com a Brasil Terminal Portuários (BTP). O projeto completo também prevê o restauro e revitalização da Casa de Pedra e dos armazéns 1 e 2, com a transferência do terminal marítimo de passageiros para o local.

O prefeito Rogério Santos destaca que o parque é uma demanda antiga dos santistas. “É a prova de que sonhos podem se tornar realidade com trabalho, determinação e união. Um empreendimento que já foi considerado lenda urbana e que se tornou um dos espaços de eventos mais importantes de Santos. Tudo isso só foi possível graças à união entre as diferentes esferas do poder público, iniciativa privada e sociedade civil, que convergiram esforços para tirar do papel a obra que é um dos destaques entre as ações de revitalização do Centro Histórico, além de ter retomado a ligação da Cidade com o espelho d’água dentro do maior porto da América Latina”.

A obra de revitalização do Armazém 3, prevista para começar em agosto, já contava com os recursos garantidos desde 2023, quando a BTP assinou um Trimmc com a Prefeitura e a Autoridade Portuária de Santos (APS) para a destinação de R$ 23,7 milhões referentes ao restauro dos armazéns 1, 2 e 3, além da Casa de Pedra (áreas federais). A obra no terceiro armazém tem previsão de oito meses e deve consolidar o próximo grande passo para o equipamento.

“A primeira etapa do Parque Valongo representa a reconquista da linha d’água e a verdadeira integração entre Porto e Cidade. Agora, com a entrega da nova passarela, nosso Centro Histórico se aproxima ainda mais, potencializando esse processo de revitalização e atração de novos negócios. As próximas etapas incluem a revitalização dos demais armazéns, a começar pelo 3. Por fim, o terminal de passageiros coroará esse grande complexo que irá elevar Santos para um outro patamar nas questões de patrimônio e turismo”, destaca o secretário de de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Sustentabilidade, Glaucus Farinello.


O primeiro evento foi a Festa Inverno Criativo 2024, dias após a inauguração. A ocasião marcou o primeiro contato de muitos santistas e turistas com o equipamento e o sucesso da iniciativa garantiu que a edição deste ano, que vai até 2 de agosto, fosse realizada no local novamente.

Ao todo o parque já recebeu cerca de 30 eventos dos mais diversos segmentos, entre os realizados pelas iniciativas pública e privada, com durações que foram de um dia até mais de um mês.

Se o festival do ano passado serviu como cartão de visitas, o deste ano conta com outra novidade: a Passarela Porto-Cidade Engenheiro José Colla, inaugurada um dia antes do início da festa, que conta com acessibilidade total e serve de segunda entrada ao local, sendo a outra a passarela que fica ao lado da Alfândega.

Imortalizado na prosa de Jorge Amado e nos versos de Pablo Neruda, o Porto de Santos é pano de fundo e inspiração para artistas de diversas épocas e nacionalidades. No Parque Valongo, os primeiros versos que ecoaram foram os da música “Proibida pra mim (Grazon)”, de autoria de Chorão, em arranjo de Zeca Baleiro, que fez o show de inauguração do local e optou por começar com a canção já indissociável da Cidade.

De lá para cá, o local foi palco para alguns dos maiores artistas do Brasil, tendo sido escolhido por promotores como espaço para realização shows de nomes como Péricles, Marcelo Falcão, CPM 22, Maneva e Calcinha Preta.

Para além dos grandes shows, o parque também recebe diversas outras manifestações artísticas, com eventos gastronômicos e culturais, sendo casa do Santos Festival Geek – maior evento gratuito do segmento no Brasil – que fez a sua primeira edição no local no ano passado e vai repetir a dose em novembro deste ano. Na agenda futura, também estão previstos eventos de cinema, tatuagem e turismo.

“A quantidade de eventos e de visitantes demonstra que o santista e o turista abraçaram o equipamento como um dos polos da vida cultural e social da Cidade. Com a nova passarela de acesso trazendo maior facilidade de chegar ao local, além da ampliação com as próximas etapas das obras e com o terminal de passageiros, a tendência é que esse novo cartão-postal atraia cada vez mais atrações e pessoas interessadas”, projeta o secretário de Governo, Fábio Ferraz.


Anos atrás, quem caminhava desavisado pela Rua Tuyuti — também revitalizada pela Prefeitura — e olhava para o estado dos armazéns além das linhas do trem, poderia terminar o passeio ignorando a importância do local para a formação da Cidade de Santos. Berço do Porto, a área é a mais antiga cais e foi escolhida pela localização, considerada mais protegida contra o ataque de piratas.

O historiador da Fundação Arquivo e Memória de Santos (FAMS), Dionísio Almeida, explica que, até 1888, o que se chamava de porto era composto por 18 pontes chamadas de trapiches onde os navios ancoravam e desancoravam para descarregar as mercadorias. A partir desse período, foi iniciada a construção do porto organizado para substituir o antigo e, em 1892, ocorreu a inauguração dos primeiros 260 metros.

Sobre a alcunha de ‘berço’, Dionísio destaca duas situações: “o Porto antigo, com 18 pontes, ficava na área do Valongo indo, mais ou menos, até a Praça da República. Depois, quando é inaugurado o Porto novo, vai ser essa mesma região que esses primeiros 260 metros vão ocupar”.

Desde então, através do esforço de diversas gerações de trabalhadores, o Porto seguiu crescendo e se consolidando como porta de entrada para o desenvolvimento econômico do País. As novas dinâmicas e tecnologias introduzidas com o tempo, no entanto, fizeram com que os armazéns no Valongo começassem a ficar inoperantes a partir da segunda metade do século 20, em paralelo ao movimento de migração da população do Centro em direção à orla.


O status de ‘lenda urbana’ do empreendimento pode se justificar com uma rápida pesquisa pelas notícias da Cidade nos últimos anos. Projetos para revitalização da área dos armazéns do Valongo existem há décadas, porém, sempre passaram por dificuldades técnicas ou burocráticas por questões como os custos envolvidos e a necessidade de utilização de áreas pertencentes à União.

No dia 2 de maio de 2023, a Autoridade Portuária de Santos (APS) cedeu, de forma gratuita, a área entre a Rua Riachuelo e a Praça Antonio Telles, correspondentes à primeira fase da obra, para a Prefeitura, que garantiu investimento de R$ 20 milhões com dois Trimmcs firmados em 2023 com as empresas COFCO International Brasil e Ecoporto.

Instalada numa área de 10 mil m², que ocupa 300 metros de extensão de linha d’água, a primeira fase do Parque Valongo abrange o espaço antes ocupado pelas ruínas do Armazém 4 e do vão onde havia os Armazéns 5 e 6. Toda a área foi revitalizada.

O antigo Armazém 4 se transformou num amplo e moderno espaço coberto e climatizado. O espaço externo ficou para as áreas de lazer: uma quadra de beach tennis, playground para as crianças e jardim. O parque tem, ainda, um píer de contemplação e uma plataforma flutuante, com capacidade para 14 embarcações.

No último dia 26, foi inaugurada a segunda fase das obras, com a Passarela Porto-Cidade Engenheiro José Colla, que conta com escada central e inclui uma rampa que facilita o acesso de pessoas com mobilidade reduzida. A estrutura possui, ao todo, 228 metros (rampa, travessia e trecho helicoidal) e 6,6 metros de altura livre. A passarela helicoidal (em formato de espiral) é totalmente acessível com 8,33% de inclinação.

A estrutura foi construída como contrapartida da Autoridade Portuária de Santos (APS) e da Ferrovia Interna do Porto de Santos (FIPS), responsável pela gestão da malha ferroviária. O fomento de parcerias entre os setores público e privado, por meio da utilização dos Trimmcs, tem como resultado o custo zero das obras do Parque Valongo aos cofres municipais.

O Parque Valongo pode ser utilizado por contratantes que queiram alugar o espaço, sendo que toda a renda adquirida desta forma é destinada ao Fundo de Desenvolvimento Urbano do Município de Santos (Fundurb) e é revertida, exclusivamente, para investimentos e manutenção do parque. Informações sobre os valores podem ser conferidos no hotsite.

Fonte e crédito das imagens: Prefeitura Municipal de Santos