Eleições no Benfica: o guia sobre o perfil e as propostas dos candidatos

A poucas horas das eleições mais disputadas da história do Benfica, com seis candidatos, as sondagens anteveem uma disputa acirrada nas urnas neste sábado (25).

O Maisfutebol traz-lhe as ideias principais de cada candidatura para uma decisão informada (caso seja sócio do Benfica, naturalmente).

Para facilitar a leitura, percorremos alguns dos pontos-chave transversais às diferentes candidaturas e que, normalmente, pesam mais nas decisões dos sócios.
Desde os principais nomes da direção, passando pelas medidas para o futebol e outras modalidades, bem como as propostas de novas infraestruturas. Terminamos com a posição sobre a centralização dos direitos televisivos da Liga.

Lista B: Martim Mayer – gestor, 51 anos. Candidato pela primeira vez. Iniciou o percurso profissional na bolsa de Lisboa e gere empresas do ramo automóvel e da mobilidade desde 2012. É neto de Duarte Borges Coutinho, presidente do Benfica entre 1969 e 1977. Nome da candidatura: ‘Benfica no Sangue’.

Lista C: João Diogo Manteigas – advogado, 42 anos. Candidato pela primeira vez. Especializou-se em direito desportivo e é professor convidado na Liga Business School. Ganhou notoriedade como comentador desportivo na CNN Portugal. Nome da candidatura: ‘Benfica Vencerá’.

Lista D: Cristóvão Carvalho – advogado, 53 anos. Candidato pela primeira vez. Fez carreira na advocacia e foi formador da Ordem de Advogados. Atua normalmente nas áreas de corporate, contencioso e direito societário. Nome da candidatura: ‘Pelo Benfica’.

Lista E: Luís Filipe Vieira – empresário, 76 anos. Candidato pela sétima vez. Presidente entre 2003 e 2021, venceu 22 títulos no futebol masculino sendo o mais titulado da história do clube. Em 2021, demitiu-se do cargo por suspeitas de vários crimes na Operação Cartão Vermelho. Nome da candidatura: ‘Voltar a Ganhar’.

Lista F: João Noronha Lopes – gestor, 59 anos. Candidato pela segunda vez. Vice-presidente de Manuel Vilarinho, desempenhou altos cargos na McDonald’s. Formado em direito, Noronha Lopes foi derrotado por Vieira nas eleições de 2020, com 34,7% dos votos. Nome da candidatura: ‘Benfica Acima de Tudo’.

Lista G: Rui Costa – presidente, 53 anos. Candidato pela segunda vez. Ex-futebolista simbólico do clube, Costa assumiu várias funções na direção com Vieira até à sua demissão. Venceu as eleições de 2021 com 84,4% dos votos, ganhando quatro títulos no futebol masculino. Nome da candidatura: ‘Só o Benfica Importa’.

Presidente da Mesa da Assembleia Geral

Lista A: João Leite – advogado. Coordenou a redação das três propostas de revisão estatutária apresentadas nos últimos anos pelo movimento Servir o Benfica, associado a Francisco Benítez, candidato derrotado em 2021. Concorre apenas à MAG.

Martim Mayer: Pedro Ferreira Malaquias – advogado. Licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Trabalha nas áreas de direito bancário, financeiro e seguros, prestando assessoria jurídica a instituições financeiras.

João Diogo Manteigas: – (declarou apoio a João Leite)

Cristóvão Carvalho: –

Luís Filipe Vieira: João Correia – advogado. Colaborou com o Benfica entre 1993 e 2021 e foi secretário de Estado da Justiça no XVIII Governo Constitucional (PS). Ex-Vice-Presidente do Conselho Geral da Ordem dos Advogados.

João Noronha Lopes: Gonçalo Almeida Ribeiro – juiz. É atualmente Juiz Conselheiro e Vice-Presidente do Tribunal Constitucional e professor de direito na Universidade Católica, com doutoramento em Harvard (EUA).

Rui CostaJosé Pereira da Costa – advogado. Atual presidente da MAG do Benfica, desde setembro de 2024. É ainda vogal no Conselho Superior da Ordem dos Advogados. Aprovou a revisão dos Estatutos em março.

Presidente do Conselho Fiscal

Martim Mayer: Carlos Moura – gestor. Atual presidente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP). Desempenhou funções na Confederação do Turismo de Portugal (CTP) e na Confederação Empresarial de Portugal (CIP).

João Diogo Manteigas: Luís Coradinho Alves – contabilista. Com mais de 30 anos de experiência em auditoria e fiscalidade, foi adjunto do secretário de Estado do Tesouro no XXI Governo Constitucional (PS).

Cristóvão Carvalho: –

Luís Filipe Vieira: João Pratas – auditor. Conta com três décadas de experiência em auditoria e gestão financeira. Licenciado pelo ISCAL.

João Noronha Lopes: António Bagão Félix – economista. Foi vice-presidente da MAG do clube de 1992 a 1994, ministro da Segurança Social e do Trabalho de 2002 a 2004 e ministro das Finanças e da Administração Pública de 2004 a 2005 (CDS). Participou na comissão de revisão estatutária do clube.

Rui Costa: Raúl Martins – engenheiro. Filho de Fernando Martins, antigo presidente do Benfica entre 1981 e 1987. Presidente do CA do Grupo Altis, ex-presidente e administrador da Rugby Europe e da Federação Mundial de Rugby.

Presidente da Comissão de Remunerações

Martim Mayer: Manuel Reis Boto – economista. Presidente do Conselho Fiscal da Ordem dos Economistas e do Estoril Sol, que detém o Casino Estoril. Foi sócio na Deloitte e na Coopers and Lybrand. Licenciou-se em Finanças em 1975.

João Diogo Manteigas: –

Cristóvão Carvalho: –

Luís Filipe Vieira: Pedro Conde – gestor. Administrador do Grupo SIDUL desde 2002 e CEO da Planofice Consulting, Lda. Presidente do Board of Directors da ESRA – European Sugar Refineries Association e da ARAP – Associação de Refinadores de Açúcar Portugueses.

João Noronha Lopes: João Moreira Rato – gestor. Presidente do Instituto Português de Corporate Governance (IPCG) e consultor sénior da Morgan Stanley desde 2015. Ex-presidente do Banco CTT e CFO do Novo Banco.

Rui Costa: Eduardo Stock da Cunha – economista. É membro não-executivo da SAD desde 2024. Chefiou o Novo Banco, Santander Totta e Lloyds. Atualmente é administrador no Barclays, CGD e na seguradora Fidelidade.

Ideias-chave da Candidatura

Martim Mayer: sucesso desportivo, sustentabilidade financeira e proximidade aos sócios.

João Diogo Manteigas: qualidade, equilíbrio e compromisso.

Cristóvão Carvalho: ligação genuína com os sócios, excelência na formação e gestão financeira que crie valor.

Luís Filipe Vieira: rigor, paixão e ambição.

João Noronha Lopes: Benfica fiel a si mesmo, ganhador, dos benfiquistas e competente.

Rui Costa: identidade, ambição e vitórias.

Diretor Desportivo e Diretor-Geral do Futebol

Martim Mayer: para diretor desportivo, Mayer propõe a manutenção de Mário Branco. Sugere a criação do cargo de diretor-geral do futebol, que seria ocupado pelo neerlandês Andries Jonker (ex-adjunto de Louis Van Gaal com experiência no Barcelona, Arsenal ou Bayern Munique).

João Diogo Manteigas: Manteigas «admite manter» Mário Branco como diretor desportivo, após ter dito inicialmente que não iria confiar nele. Sugere também a criação do cargo de diretor-geral do futebol, propondo o basco Julen Guerrero, ex-futebolista e dirigente do Atlético Bilbao.

Cristóvão Carvalho: Cristóvão Carvalho não anunciou nenhum nome para diretor desportivo ou diretor-geral do futebol.

Luís Filipe Vieira: Vieira pretende a continuidade de Mário Branco como diretor desportivo.

João Noronha Lopes: Noronha Lopes sugere Tomás Amaral, antigo scout do Benfica e ex-diretor desportivo do Spartak Moscovo, para diretor desportivo. Pedro Ferreira, também ex-scout e coordenador desse departamento no Benfica, é proposto para o novo cargo de diretor-geral do futebol.

Rui Costa: contratado por Rui Costa no verão, o atual presidente propõe a continuidade de Mário Branco.

Treinador do Futebol Masculino

Martim Mayer: José Mourinho.

João Diogo Manteigas: José Mourinho.

Cristóvão Carvalho: José Mourinho e, posteriormente, Jurgen Klopp.

Luís Filipe Vieira: José Mourinho.

João Noronha Lopes: José Mourinho.

Rui Costa: José Mourinho.

Futebol e Futebol Feminino

Martim Mayer: estabilidade no plantel; renovações bem planeadas; formação com impacto real; investimento sério nas infraestruturas; controlo rigoroso dos fluxos financeiros; Benfica Campus na base de toda a estratégia do futebol; aposta na inteligência artificial adaptada ao futebol.

João Diogo Manteigas: otimização do valor de mercado das equipas; 40 por cento da equipa A com jogadores da formação em 2029; criação dos Departamentos de Performance, Strength & Conditioning; modelo formativo centrado no jogador; criação de uma nova SAD para o futebol feminino detida pelo Benfica, com investimento de um parceiro estratégico desportivo externo.

Cristóvão Carvalho: vencer três em cada quatro campeonatos; chegar regularmente aos quartos-de-final da Champions; conquistar três títulos europeus; pelo menos quatro titulares formados no clube, mantendo-os quatro anos na equipa principal; vencer oito em cada dez campeonatos femininos; nova estrutura multiclube, com aquisição de participações noutras SAD’s.

Luís Filipe Vieira: ganhar sete em cada dez campeonatos, chegar sempre às fases finais da Champions; integração de três a quatro jovens da formação na equipa principal; criação do Conselho de Gestão do Futebol; auditoria técnico-desportiva nos primeiros 60 dias; criação de uma SAD para o futebol feminino, com entrada de um investidor, aumentando o orçamento para 15 milhões de euros em dois anos.

João Noronha Lopes: contratar menos, mas bem; jogadores da formação com três épocas na equipa principal, no mínimo revitalizar o cargo de diretor do scouting; criar departamento de Data Analytics e cargo de Chief Data Officer; protocolo ‘Mística e Identidade’ com novos atletas e novos contratos profissionais na formação; novas Escolas do Benfica nos PALOP; scouting dedicado ao futebol feminino e criação do cargo de diretor de futebol feminino.

Rui Costaatingir o top-10 no ranking da UEFA; disputar todos os anos a Champions; primado pelos resultados desportivos acima dos financeiros; equipa A com mínimo de oito jogadores da formação; ter a melhor academia do mundo; atingir o top-10 no ranking da UEFA no futebol feminino.

Modalidades

Martim Mayer: responsabilidade financeira; criação de Núcleos/Centros de Competência. Na região de Aveiro para o basquetebol, em Barcelos para o hóquei em patins e em Espinho no voleibol; mudança de paradigma contratual; foco na formação.

João Diogo Manteigas: regresso ao ciclismo já na Volta a Portugal 2026; novo projeto olímpico e paralímpico, com introdução de novas modalidades; hegemonia nacional nas principais modalidades de pavilhão, em ambos os géneros; parcerias com clubes internacionais no andebol, basquetebol e voleibol para intercâmbio de atletas; criação de mais um pavilhão ou celebração de acordos com escolas para garantir treinos estáveis na formação.

Cristóvão Carvalho: vencer três em cada cinco Campeonatos e Taças de Portugal no setor masculino das modalidades de pavilhão, quatro em cada cinco no feminino. Nas modalidades amadoras e individuais, vencer 50 por cento dos títulos.

Luís Filipe Vieira: presença nas fases finais das competições europeias e nacionais; integração na NBA Europa, no basquetebol; entrada no surf e no skate; entrada nos Esports e na Kings League, com dez milhões de investimento em quatro anos nesses dois projetos.

João Noronha Lopes: dois novos Coordenadores-Gerais de Modalidades – um Operacional e outro Desportivo; aposta na formação; reforçar a presença na Champions do basquetebol; criação de um grupo de trabalho no basquetebol coordenado por Carlos Barroca; ambição europeia nas modalidades de pavilhão; clube mais representado nos Jogos Olímpicos 2028; consolidação do râguebi.

Rui Costa: nas modalidades de pavilhão, conquistar dois títulos europeus; vencer mais do que os adversários juntos em Portugal; clube português com mais atletas nos Jogos Olímpicos 2028.

Infraestruturas

Martim Mayer: expansão do Estádio da Luz para 83 mil lugares, com custo estimado de 100 milhões; No Seixal, construção de um novo estádio para o futebol feminino, quatro campos adicionais, um colégio e estúdios para pais de atletas. Custo seria de 49,2 milhões; criação do Benfica Campus das Modalidades em Oeiras, Odivelas ou Amadora num terreno de 25 hectares. Teria um custo estimado de 69,6 milhões de euros. Criar o Benfica Innovation Lab.

João Diogo Manteigas: lançar debate sobre expansão do Estádio vs construção de um novo; estudar a construção de um terceiro pavilhão para as modalidades no complexo da Luz; reestruturar a fanzone e implementar a Casa do Sócio; recriar o portão do Campo das Amoreiras; no Benfica Campus, criar um Colégio, lares e clínicas; avaliar a compra da antiga Farmácia Franco para criação de uma loja-museu; auditoria técnica às infraestruturas principais.

Cristóvão Carvalho: aumentar lotação do Estádio da Luz em 15 mil lugares (dez mil para adeptos, cinco mil corporate); embelezar o estádio com imagens de atletas e glórias do clube; criar a Cidade Benfica na zona envolvente ao estádio; novo complexo para as modalidades fora do Estádio da Luz; no Benfica Campus, criar um lar e uma escola internacional; adquirir edifício da Farmácia Franco para a nova sede da Fundação Benfica.

Luís Filipe Vieira: aumentar lotação do estádio para 90 mil lugares e requalificação; criar a Benfica Square (nova fanzone); no Benfica Campus, construir campos de treino, pavilhões polivalentes e balneários. E ainda um colégio, um hotel e um Laboratório de Alto Rendimento; novo Centro de Alto Rendimento do futebol feminino; propor aos sócios em 12 meses o projeto do Campus do Ecletismo, para as modalidades; criar um Centro Indoor de Esports.

João Noronha Lopes: aumentar lotação do estádio para 83 mil lugares e requalificação da zona envolvente; expansão do Benfica Campus no antigo campo pelado do Seixal; dois novos campos, um miniestádio e um edifício para o futebol feminino; modernizar pavilhões, piscinas e zonas de apoio na Luz; valorizar o edifício da Farmácia Franco; requalificar a Casa-Museu Eusébio em Moçambique.

Rui Costa: construir o Benfica District, com um custo estimado de 220 milhões de euros. Abarca dois novos pavilhões e uma arena para dez mil pessoas ou o desenvolvimento estético do exterior do estádio. Costa promete o aumento imediato da lotação da Luz para 70 mil, posteriormente 80 mil com a realização do Benfica District; aberturas de novas Academias em mercados-chave.

Direitos Televisivos

Martim Mayer: a favor da centralização com a liderança do clube no processo, mantendo ou aumentando a receita anual do Benfica.

João Diogo Manteigas: primeiro, Manteigas procura suspender ou revogar o atual decreto-lei. Depois, liderar o processo de centralização.

Cristóvão Carvalho: além da liderança no processo, Carvalho propõe comprar os direitos televisivos dos outros clubes da Liga.

Luís Filipe Vieira: a favor, garantindo um critério de distribuição que combine proporcionalidade por audiências televisivas, classificação e massa associativa.

João Noronha Lopes: requerer uma audiência urgente ao Governo para a revisão do decreto-lei e liderar o processo de centralização.

Rui Costa: no programa, Costa fala apenas em «aumentar o nosso valor». Em intervenções públicas, o atual presidente diz ser favorável à centralização desde que o clube não perca dinheiro. Sob a sua liderança, o Benfica saiu da comissão de centralização dos direitos por insatisfação com o processo.

Fonte e crédito das imagens: www.maisfutebol.iol.pt