A Galeria de Santa Maria Maior, no nº 147 da rua da Madalena, em Lisboa, acolhe até 21 de janeiro a exposição “Edição Limitada”, que reúne trabalhos de 66 fotojornalistas portugueses, naquele que é um tubo de ensaio para uma mostra com periodicidade anual.
Objetivo? Valorizar o fotojornalismo em Portugal, e abrir caminho a uma presença mais regular nas galerias e coleções de arte, públicas e privadas.
A iniciativa tem por base um simples princípio: a fotografia jornalística e documental pode ser encarada enquanto objeto que se adquire e coleciona. Partindo desta premissa pretende-se colmatar uma lacuna, i.e., a ausência de trabalhos fotojornalísticos em espaços que expõem arte.
Assim, nasceu o repto aos profissionais da área para participarem numa exposição coletiva, numa iniciativa que conta com a “chancela” da CC11, a associação cultural dinamizada por Bruno Portela, e da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior através de Rute Reimão, a que se associaram Emília Ferreira, diretora do Museu Nacional de Arte Contemporânea, e o fotojornalista Tiago Miranda, coordenador deste projeto.
“Apesar de uma imagem fotojornalística nos ser por definição emocionalmente próxima, única, original e histórica, o circuito das galerias de arte e das coleções públicas e privadas, há muito tempo que em Portugal coexistem de costas voltadas para com o fotojornalismo”, salienta Tiago Miranda.
“Edição Limitada” é o resultado de muitas vontades, entre elas a de 66 fotojornalistas portugueses, onde se incluem Adriano Miranda, Alfredo Cunha, Diana Tinoco, Francisco Romão Pereira, Céu Guarda, Fernando Ricardo, Céu Guarda, Tiago Miranda, Ana Brígida, José Carlos Carvalho, António Pedro Ferreira, João Porfírio, Rui Ochôa, Daniel Rodrigues, Arlindo Camacho e Mário Cruz.
Olhares distintos, mas que buscam a chamada verdade visual, questionando, confrontando e refletindo sobre temas tão díspares como um teatro de guerra ou uma plácida cena da vida quotidiana.
Emília Ferreira interpela o visitante na folha de sala da exposição sobre se o fotojornalismo é redundante. “Será que, com os meios hoje disponíveis, a facilidade do registo o tornou dispensável? O registo do fotojornalismo vai, porém, além do banal.”
E termina o seu texto de enquadramento colocando o dedo na ferida. “Porque resistiremos a considerar arte esta disciplina da fotografia? Não tenho resposta.”
“Edição Limitada” pode ser vista até dia 21 de janeiro na Galeria de Santa Maria Maior, em Lisboa.
Fonte: O Jornal Económico / Portugal
Crédito da imagem: Natacha Cardoso