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Dez demissões em nove meses. Recorde as saídas do Governo de maioria absoluta

Dez demissões em nove meses de Governo socialista. Com a demissão de Pedro Nuno Santos esta quinta-feira, o executivo montado por António Costa a partir de uma maioria absoluta conquistada nas últimas legislativas, sofre a décima baixa: dois ministros e oito secretários de Estado.

Recorde as polémicas que envolveram a saída destes governantes, dois dos quais com um peso político considerável.

Saída nas migrações

O Governo tomou posse a 30 de março e em pouco mais de um mês iria sofrer o primeiro revés, se bem que o mesmo tenha tido pouco peso mediático.

No início de maio, Sara Abrantes Guerreiro, secretária de Estado da Igualdade e Migrações, deixou o Executivo a seu pedido e foi substituída por Isabel Rodrigues. Mais tarde, Marcelo viria a justificar esta substituição no Governo, tendo em conta que Sara Abrantes Guerreiro teria saído por “razões de força maior”

Temido cai com a falência das “urgências”

Cinco meses depois do Governo ter tomado posse, deu-se a primeira saída de peso do novo Executivo. Num verão marcado pela crise nas urgências hospitalares do Serviço Nacional de Saúde, com especial incidência na especialidade de ginecologia-obstetrícia e com Marta Temido a ser fortemente contestada (sobretudo pelos médicos), a queda do Governo acabou por ser acelerada devido à morte de uma grávida que foi transferida por não haver vagas na unidade de neonatologia do Hospital de Santa Maria.

Nas palavras da ministra, a governante saiu “por entender que deixou de ter condições para se manter no cargo”. Seria substituída por Manuel Pizarro e com Temido saíram também António Lacerda Sales, secretário de Estado adjunto e da Saúde, e Fátima Fonseca, secretária de Estado da Saúde.

Uma coordenação que durou 55 dias

No momento em que era discutido o OE2023 e com o Governo enredado numa série de polémicas, a quem muitos atribuíram a falta de coordenação, Miguel Alves sai da presidência da Câmara Municipal de Caminha com a missão de ajudar o primeiro-ministro na coordenação política do Executivo.

Chegou a 16 de setembro, mas a missão iria durar apenas 55 dias com o adensar do polémico adiantamento de 300 mil euros para uma obra que nunca saiu do papel. Miguel Alves seria substituído por António Mendonça Mendes que deixou a secretaria de Estado dos Assuntos Fiscais, numa remodelação que iria obrigar a mexidas no Ministério das Finanças.

Remodelação “transversal” na Economia

Após a aprovação do OE2023, António Costa tratou de arrumar a casa e segurar o ministro da Economia, António Costa Silva. Rita Marques, secretária de Estado do Turismo, e João Neves, secretário de Estado da Economia (pastas sob a alçada de António Costa Silva), deixaram de ter a confiança do ministro após manifestarem publicamente divergências com o autor do Plano de Recuperação e Resiliência face a declarações sobre uma possível descida transversal do IRC.

500 mil euros que fizeram cair o Tesouro

Chegou ao Governo na sequência da remodelação no ministério das Finanças e pouco mais de um mês depois, foi convidada pelo ministro da tutela a demitir-se. Em causa estão factos relativos à sua saída da administração da TAP para a liderança da NAV, altura em que levou consigo uma indemnização de 500 mil euros. Fernando Medina e Pedro Nuno Santos pediram explicações à TAP e a companhia aérea esclareceu que o montante pedido pela governante tinha sido de 1,4 milhões de euros. Em poucas horas, Alexandra Reis acabou por abandonar o Governo mas não o faria sozinha.

Pedro Nuno Santos: à segunda foi de vez

Apagado o fogo na secretaria de Estado do Tesouro e sendo o Estado o único acionista da TAP e a companhia aérea tutelada pelo Ministério das Infraestruturas, as atenções viraram-se para o ministro, sobretudo depois de Fernando Medina ter sublinhado que não sabia do montante atribuído de indemnização à agora ex-secretária de Estado.

E se em julho deste ano, António Costa e Pedro Nuno Santos resolveram o diferendo face à escolha do novo aeroporto, desta vez o ministro não esperou por uma manifestação de confiança do primeiro-ministro. Com Pedro Nuno Santos caiu também o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes.

Fonte: O Jornal Económico / Portugal

Crédito da imagem: Tiago Petinga / LUSA