Um final de jogo nunca antes visto num dérbi, com uma reviravolta nos descontos. O Benfica venceu este domingo o Sporting por 2-1, com dois golos no tempo extra, anotados por João Neves e Tengstedt, e saltou para a liderança do campeonato, em igualdade pontual com os leões (28).
Foi um jogo intenso, com golos, expulsões, oportunidades, e depois aqueles dois lances no final. Um dérbi que fica definitivamente para a história como um dos mais loucos e emocionantes.
Depois do descalabro europeu, o Benfica curou as feridas internamente, num dérbi cheio de emoção que deixou respostas a algumas questões.
Logo à partida que a crise benfiquista, à primeira vista, parecia não ser assim tão profunda.
E que Amorim continua com problemas nos jogos de grau de dificuldade elevado contra os dois grandes rivais – desde dezembro de 2022, em 10 clássicos, não venceu nenhum, somando sete derrotas e três empates.
Roger Schmidt abandonou o questionado e contestado esquema de três centrais que tão mau resultado deu contra a Real Sociedad, desviando Morato para a lateral esquerda e colocando Aursnes no lado direito.
Em relação ao jogo de má memória com os espanhóis, além da disposição tática, que passou para 4x4x2, uma única mudança, com a entrada de Musa para o ataque para o lugar de Arthur Cabral.
Já na equipa leonina, a maior surpresa foi a entrada de Matheus Reis para o lugar de Nuno Santos, embora tenham existido mais quatro alterações face ao jogo da Liga Europa com o Raków: entraram Diomande, Morita, Hjulmand e Gyökeres e saíram St. Juste, Daniel Bragança, Trincão e Paulinho.
Ao contrário de outros clássicos, houve mais Benfica nos minutos iniciais. E em apenas três minutos, Rafa dispôs de duas grandes oportunidades para abrir o marcador. A primeira aos 9″, quando perto da marca de penálti atirou ao lado da baliza de Adán. E depois aos 12″, com um remate em jeito à barra.
O Sporting juntou linhas, corrigiu posições e conseguiu equilibrar a partida, não acusando o facto de João Neves ter arrancado dois cartões amarelos a dois dos seus centrais (Coates e Gonçalo Inácio). E aos 30″, Diomande, de cabeça, deixou o primeiro aviso, com Trubin a negar-lhe o golo. O guardião ucraniano voltou a estar em evidência três minutos depois, desta vez opondo-se a um lance de Pote.
Com os leões nesta fase melhor (mais posse de bola e mais remates), o dérbi estava bom, vivo e com oportunidades de golo nas duas balizas (Di María, muito apagado, ainda atirou ao poste, mas estava em posição de fora de jogo).
E quando já todos esperavam o apito de Soares Dias para o intervalo, o temível Gyökeres mostrou todos os seus atributos, com um remate forte cruzado a passe de Edwards que acabou dentro das redes benfiquistas – Gyökeres foi o 6.º jogador dos leões a fazer a estreia absoluta em dérbis e a marcar na nova️ Luz.
Expulsão e muita emoção
A segunda parte começou praticamente com uma expulsão. Aos 52″, o Sporting ficou reduzido a 10, com Gonçalo Inácio a ver o segundo amarelo e a ser expulso após falta sobre Rafa.
Uma contrariedade que acabou por condicionar a estratégia de Rúben Amorim, que não demorou a mexer na equipa com a entrada de St. Juste para o eixo defensivo prescindindo de Marcus Edwards.
Schmidt tinha que fazer alguma coisa para dar a volta ao rumo dos acontecimentos, porque a derrota deixava o Benfica a seis pontos da liderança. E aos 64″ lançou Tengstedt e Arthur Cabral para os lugares de Florentino e Musa.
Como seria previsível, o Benfica começou a jogar mais instalado no meio-campo do Sporting, a apostar em cruzamentos das alas, mas sem efeitos práticos perante uma defesa leonina muito concentrada e sem cometer erros.
As águias ainda apanharam um susto, com Pedro Gonçalves a surgir isolado aos 70″ a rematar forte para boa defesa de Trubin, mas estava em posição de fora de jogo.
Amorim voltou a mexer aos 73″ para dar mais frescura à equipa, com as entradas de Nuno Santos e Trincão para os lugares de Matheus Reis e Pedro Gonçalves. A verdade é que mesmo com mais posse de bola e em superioridade numérica, o Benfica sentiu dificuldades em criar lances de perigo iminente, perante um leão concentrado. Uma das poucas exceções foi um remate de meia distância de Di María, aos 77″, que Adán defendeu e a bola ainda bateu na barra.
Depois aconteceu um, ou melhor, dois momentos incríveis que originaram uma reviravolta histórica no marcador. No tempo extra, a dois minutos do fim, e após um canto, o miúdo João Neves fez o empate, ele que marcou pela segunda aos leões em outros tantos jogos e foi de longe o homem do jogo.
E quando já toda a gente aguardava pelo apito final, deu-se o verdadeiro golpe de teatro. Mesmo em cima do apito final, e após cruzamento de Aursnes, Tengstedt fez o golo da vitória.
Artur Soares Dias mandou parar o jogo, por dúvidas na posição do jogador nórdico, e viveram-se na Luz minutos de grande ansiedade à espera da decisão do VAR. A decisão chegou e validou o golo… por quatro centímetros. A festa foi total, no relvado e nas bancadas, num jogo que ficará para sempre como um dos mais emocionantes da história do dérbi centenário.
A forma de perfeita de Schmidt e a injustiça para Amorim
No final, Roger Schmidt não podia estar mais satisfeito. “Talvez seja forma perfeita de vencer um dérbi, não pode ser mais dramático. A equipa revelou muita qualidade, muita intensidade. Foi difícil depois do 1-0 e tentámos encontrar soluções ofensivas ao mesmo tempo que tentávamos evitar os contra-ataques do Sporting. Foi acreditar até ao último segundo”.
“Os meus jogadores mereceram vencer. Foram semanas difíceis e a frustração do jogo de terça-feira com a Real Sociedad. Grande respeito pelos meus jogadores”, disse à BTV.
Já Rúben Amorim não escondeu a desilusão. “Foram duas situações no fim, uma bola parada e um lance quando tínhamos tudo controlado. O Benfica não teve grandes ocasiões, é assim, há dias em que acaba por ser muito injusto”.
“oi esta a história do jogo. Mesmo com 10, sem atacar tanto, tivemos o controlo do jogo. Foi muito injusto”, analisou o técnico leonino.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Pedro Rocha / Global Imagens