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De Sete Rios a Santa Apolónia: as obras com que Moedas está a dar uma nova face a Lisboa

O mau tempo das últimas semanas e o caos que causou na capital voltou a trazer para as notícias o Plano Geral de Drenagem de Lisboa, com o presidente da autarquia, Carlos Moedas, a garantir que as cheias de 7 de dezembro não teriam ocorrido se este plano já estivesse concluído, em particular os dois túneis previstos.

A sua construção arrancou em setembro, com um custo estimado em 133 milhões de euros, sendo que o investimento total do Plano Geral de Drenagem de Lisboa ronda os 250 milhões de euros. O primeiro túnel, com cerca de cinco quilómetros, irá ligar Monsanto a Santa Apolónia, e o segundo, com cerca de um quilómetro, será construído entre Chelas e o Beato. O objetivo destas infraestruturas é captar água, que depois será despejada no Rio Tejo.

“Há um legado que vou deixar seguramente, que é transformar aquilo que é invisível em visível e esta obra é invisível aos olhos das pessoas, mas será a maior obra em Lisboa no nosso mandato”, vaticinou Carlos Moedas em julho.

Imagem de como serão feitos os dois túneis do Plano Geral de Drenagem de Lisboa
Imagem de como serão feitos os dois túneis do Plano Geral de Drenagem de Lisboa© CML

A construção destes dois túneis deverá estar concluída no primeiro trimestre de 2025, o último ano do atual mandato do presidente da Câmara de Lisboa. Mas o “legado” de Moedas está longe de ser invisível aos olhos dos lisboetas, pois nos próximos dois anos estas obras serão bem visíveis.

As obras dos dois túneis à superfície vão afetar várias zonas, como Santa Marta, a Avenida Almirante Reis, o Beato e Santa Apolónia. Nesta última, que será onde desembocará o túnel vindo de Monsanto, depois de feitas, as obras alterarão a sua geometria à superfície e será construída uma grande praça.

O projeto desta nova praça inclui, entre outros, a requalificação do largo do Museu Militar, o prolongamento da linha do elétrico ao longo da Avenida Infante Dom Henrique até à Praça da Artilharia – de forma a permitir que a carreira 15 ligue Algés a Santa Apolónia – e a criação de novos espaços verdes.

A Avenida Infante Dom Henrique também será alvo de uma intervenção, que será o ponto final da requalificação do eixo ribeirinho entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia.

Esta obra estará a cargo da EMEL e consta do Plano de Atividades para o período 2021-2024 desta empresa municipal, sendo descrita como “o maior desafio de reconversão do espaço público para uma mobilidade sustentável” e tendo como objetivo a “racionalização da imensa infraestrutura destinada a servir a circulação automóvel”. No Plano de Atividades da EMEL 2022-2025 é avançado que esta intervenção terá um custo de 4,3 milhões de euros, divididos entre 2022 e 2024.

O projeto de intervenção na Avenida Infante Dom Henrique diz respeito ao troço entre o Campo das Cebolas e o Boqueirão da Praia da Galé, junto ao Terminal de Cruzeiros, e inclui ainda obras em alguns arruamentos circundantes, como a Rua do Cais da Lingueta e o Boqueirão da Praia da Galé, que se tornarão pedonais.

A circulação nesta avenida, de acordo com o projeto, passará a ser feita em quatro faixas, sendo uma exclusiva para transportes públicos e outra para transporte individual, e será criado um separador central com árvores, a par do alargamento dos passeios.

Conclusão do Parque do Tejo e do Trancão

Uma nova praça que está também a nascer na capital é Sete Rios, onde se pretende devolver o espaço público em frente ao Jardim Zoológico aos peões. As obras começarão em janeiro e deverão estar concluídas em 2024, representando um investimento que ronda os 8,1 milhões de euros.

No local vai ser criada uma praça urbana, com espaços verdes, novo mobiliário e iluminação urbana. Segundo a Câmara de Lisboa, será ainda requalificado o Pavilhão de Correspondência e uma área significativa destinada à implantação de um sistema de jogos de água lúdicos, bem como um parque infantil.

Paralelamente, as vias de circulação automóvel serão estreitadas e haverá um incremento das faixas para os transportes públicos.

“A intervenção promove também o alargamento generalizado dos passeios e a requalificação dos atravessamentos pedonais, acolhe uma nova ciclovia e cria um ponto de bike-sharing. A interconexão entre os sistemas de transportes públicos é reforçada com a relocalização das paragens e a requalificação dos acessos aos percursos pedonais subterrâneos existentes. O parque de estacionamento subterrâneo, que constitui um equipamento complementar, já executado, comunica com esta rede de percursos pedonais”, descreve a Câmara de Lisboa.

Imagem da futura praça de Sete Rios
Imagem da futura praça de Sete Rios© CML

Com toda a zona junto ao Zoológico convertida nesta nova praça mais vocacionada para as pessoas e a mobilidade suave, a circulação dos transportes públicos vai ser deslocalizada. “O espaço sob o viaduto do Eixo Norte-Sul é transformado em corredores dedicados para diferentes tipos de autocarro, concentrando no centro o serviço suburbano que tem origem/destino na Margem Sul do Tejo, articulando diretamente com as rampas de acesso.

“Por fora” circulam também em corredores dedicados os autocarros da Carris e do “lado do Zoo é ainda criado um corredor/aparcamento de autocarros de excursões”, pode ler-se no projeto.

Nesta obra está ainda prevista a reconstrução de um coletor de grandes dimensões na Estrada das Laranjeiras e o redimensionamento dos coletores secundários que confluem neste coletor maior, de forma a “mitigar as grandes inundações que se têm verificado nos últimos anos nesta zona, quando existem grandes chuvadas”.

Em andamento estão também as obras no local que irá receber a Jornada Mundial da Juventude em agosto do próximo ano. Em outubro, o vice-presidente da Câmara de Lisboa garantiu que as obras “estão numa fase adiantada”, mas não quis dar uma estimativa do seu custo, embora Carlos Moedas já tenha dito que o investimento da autarquia “pode ir até aos 35 milhões de euros”.

Imagem da ponte ciclopedonal do Trancão.
Imagem da ponte ciclopedonal do Trancão.© EMEL

Para este evento está a ser concluído o atual Parque Urbano do Tejo e do Trancão, uma intervenção a cargo da Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) e que inclui a requalificação do Aterro Sanitário de Beirolas e seu envolvente, e a construção pela EMEL da ponte ciclopedonal do Trancão, uma estrutura com cerca de 650 metros e que fará a ligação entre o Parque das Nações e o Percurso Ribeirinho de Loures, esta última obra também a decorrer e a cargo da autarquia de Loures.

Almirante Reis e Martim Moniz renovados

Para 2025, o último ano deste mandato de Carlos Moedas, está previsto o início da intervenção na Avenida Almirante Reis e a conclusão do novo Martim Moniz.

O lançamento do concurso internacional para o projeto de requalificação da Praça do Martim Moniz foi aprovado em novembro, projeto esse que terá de se inspirar nos resultados do processo participativo que decorreu entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, ainda durante a presidência de Fernando Medina. O objetivo é que a obra decorra entra janeiro e dezembro de 2025.

De acordo com o documento da Câmara de Lisboa denominado “Concurso público de conceção para a elaboração do projeto de requalificação da Praça do Martim Moniz” foram estabelecidas sete orientações que os arquitetos terão de seguir: estrutura verde, percursos pedonais, sistema viário, transportes públicos, atividades e equipamentos, edificado e bens patrimoniais e sistema de vistas.

No capítulo “Estrutura Verde” são dadas orientações como promover as ligações aos corredores verdes Central e de Monsanto através da arborização dos eixos que ligam à Praça da Figueira, Rossio e Rua da Palma, ou promover um corredor ecológico entre o futuro jardim do Martim Moniz e o Castelo de São Jorge e o Jardim da Graça.

Quanto aos “Percursos Pedonais”, é pedido, entre outros, que sejam articulados os percursos pedonais entre as colinas do Castelo e de Santana.

No que diz respeito ao “Sistema Viário” é referido que fique prevista a acalmia de tráfego nos eixos viários ponte e sul da placa central, mas também que seja garantida a circulação ciclável de forma segura e assegurada a ligação norte/sul, entre outros.

Ao nível dos “Transportes Públicos” está estabelecida a manutenção das interligações entre os diversos modos de transporte coletivo (metropolitano/autocarros/ elétricos/táxis), mas melhorando a fluidez do transporte público, garantindo os seus atuais percursos.

Criar um espaço lúdico para crianças entre os 3 e os 12 anos e uma zona de piquenique são algumas das orientações ao nível das “Atividades e Equipamentos”. Já quanto ao “Edificado e Bens Patrimoniais”, um dos pedidos é que seja enunciada a memória da Muralha Fernandina.

Finalmente, em relação ao “Sistema de Vistas” é requerida a valorização do eixo visual entre a área de intervenção e a Rua da Palma, bem como das vistas para a Colina do Castelo e para a Senhora do Monte.

Também em novembro foi aprovada a “metodologia para o desenvolvimento do Projeto Integrado de Requalificação da Almirante Reis”, tendo ficado estipulado que, no próximo ano, a câmara dará andamento a um processo de participação pública para ajudar a elaborar aquele que será o programa de intervenção nesta artéria. A elaboração e divulgação do projeto de execução terá lugar entre agosto de 2024 e janeiro de 2025, estando o início da obra previsto para depois desta data.

O objetivo é desenhar um projeto integrado para o eixo da Almirante Reis que abarque a acessibilidade pedonal, mobilidade, estrutura verde, iluminação pública, mobiliário urbano, drenagem, entre outros.

Este projeto integrado terá uma chamada área de intervenção, que corresponde ao eixo da Almirante Reis à Rua da Palma, com cerca de 2,7 quilómetros de comprimento, e uma área de estudo, que abarca a zona envolvente a este eixo e que cobre cerca de 278 hectares.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Legenda e crédito da imagem principal (futura praça de Santa Apolónia): (CML (Câmara Municipal de Lisboa)