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Cursos mais curtos e temáticas que se cruzam com a tecnologia

Algo está a mudar. Programas mais curtos, vertente tecnológica cada vez mais incorporada e até fazer cursos sem motivo utilitário aparente são tendências que se observam no mercado de pós-graduações (PG) em Portugal, segundo as escolas de negócios ouvidas pelo Jornal Económico.

“O curioso — destaca Carlos Vieira, diretor executivo da Formação Executiva da Católica Porto Business School — é que hoje há uma maior liberdade na frequência de cursos que não tenham relação direta com as atividades profissionais desempenhadas”.

O gestor assinala um aumento da procura de informação por este tipo de cursos, o que é demonstrativo de que as pessoas estão a fazer análise da oferta existente e traduz adesão.


Do ângulo de observação privilegiado que é a escola de negócios da Universidade Católica na cidade Invicta observa-se cada vez mais que a formação é usada como instrumento para reter e potenciar o talento.

Carlos Vieira fala-nos de “um aumento da disponibilidade das empresas em patrocinar, no todo ou em parte, a frequência de cursos por parte dos seus colaboradores”.

Outra tendência digna de registo é a diminuição da duração dos programas não conferentes de grau. Este ano, o ISG – Instituto Superior de Gestão, com campus no Campo Grande, transformou toda a sua oferta formativa pós-graduada, reduzindo a generalidade das pós-graduações para menos de 200 horas e para apenas um semestre.

“Não se justificam atualmente cursos de pós-graduação, não conducentes a grau académico, com duração de um ou mais anos, por pressão das empresas e organizações que acompanham o ritmo alucinante das transformações constantes dos mercados”, explica Miguel Varela, diretor do ISG, ao JE.

Em plena era digital, a tecnologia está em todo o lado e os programas de pós-graduação (PG) das escolas de gestão não são excepção. Um curso especializado em IT Management, por exemplo, cruza o melhor dos dois mundos, destinando-se, naturalmente, a quem procura competências e conhecimentos atualizados na área de Gestão e de TI.

“É impossível falar-se de gestão e não se falar de tecnologia — explica Pedro Brito, associate dean da Nova SBE com o pelouro de Executive Education and Business Transformation — É impossível falar-se de criatividade, inovação, estratégia, marketing, operações, finanças, ou outra qualquer disciplina e não se abordar o tema da tecnologia”.

Acompanhando esta realidade e, muitas vezes antecipando-se a ela, a Nova SBE tem vindo a introduzido cada vez mais temas relacionados com a tecnologia e com o digital nos diferentes programas do seu portefólio educativo, adianta.

Cada vez mais temas que se cruzam com a tecnologia

Esta é, de algum modo, a lógica dominante nas principais escolas de negócios portuguesas ouvidas pelo JE. O Iseg Executive Education, escola de formação de executivos do centenário Iseg, que integra a Universidade de Lisboa, lançou neste primeiro trimestre de 2023 programas de inscrição aberta em áreas “tão importantes e diversificadas” como sustentabilidade, inteligência artificial, customer experience, liderança e vendas, além de um programa setorial para o imobiliário, revela Catarina Paiva, diretora da Escola.

“Numa perspetiva de lifelong learning, quer executivos quer empresas procuram o state of the art dos negócios, por forma a serem capazes de criar impacto e diferenciação nas suas áreas de atividade”, adianta.

Tecnologia e digital são palavras caras à Porto Business School, escola de negócios da Universidade do Porto criada há três décadas e meia por um grupo de empresas do norte do país e pioneira em Portugal no lançamento de um MBA digital.

Para o próximo ano letivo 2023/2024, a Escola anuncia um novo programa de pós-graduação em Digital Transformation. O curso, que terá início em outubro será lecionado em inglês e tem como objetivos: desenvolver competências competitivas que permitam a adaptação a um cenário digital em constante mudança.

Patrícia Teixeira Lopes, vice-dean da PBS, diz ao JE que os programas de pós-graduação são “muito procurados por profissionais que pretendem aprofundar conhecimentos numa nova área, motivados pelo desejo de mudar de carreira, mas também pela vontade de progredir profissionalmente”.

Segundo a vice-dean, a procura é bastante transversal pelas diversas áreas de conhecimento da escola, mas as tecnologias ocupam um lugar cimeiro.

Na Universidade de Coimbra, a Faculdade de Economia oferece um conjunto de sete pós-graduações. Madalena Duarte, subdiretora para o Ensino Pós-Graduado e Formação Avançada, destaca ao JE a constância da procura, apesar das diversas crises que marcaram os últimos três anos.

Inovação, transição digital, estratégia, liderança, gestão de equipas, comunicação e sustentabilidade integram o leque de temáticas em destaque.

Mais a norte, na Universidade Portucalense (UPT), o portefólio dos programas de especialização muito direcionado às empresas, sobretudo de pequena e média dimensão continua a merecer muita atenção. Shital Jayantilal, diretora do Departamento de Economia e Gestão, revela as prioridades ao JE: “a sustentabilidade e as temáticas ligadas à tecnologia, nomeadamente a digitalização e a inteligência artificial, são estratégicas para as empresas e por isso integradas na formação executiva que oferecemos”.

No Iscte Executive Education destaca-se a oferta de programas de Gestão em termos transversais para exportação. Exemplos? José Crespo de Carvalho refere o Executive MBA, pela “posição de destaque e de liderança que assegura, bem como pela experiência que proporciona”, a àrea da Gestão de Projetos e Programas na área da Saúde para Portugal.

A estes acrescenta programas nas áreas de Finanças e Controlo Empresariais, de Investimentos Imobiliários ou de Logística e Gestão da Cadeia de Abastecimento que se têm tornado centrais.
José Crespo de Carvalho, presidente da Comissão Executiva do Iscte Executive Education, diz ao JE que o único compromisso é com o mercado. “O mercado puro e duro”, salienta. “Aliás, é onde achamos que faz sentido estar”, salienta.

Fonte e crédito da imagem: o Jornal Económico / Portugal