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Cresce número de empresas e emprego na economia criativa santista

Cidade criativa da Unesco na área de cinema desde 2015, Santos vem registrando crescimento constante no mercado de economia criativa nos últimos anos, mesmo diante dos desafios impostos pela pandemia da covid-19. Tanto os números de empresas na área quanto os de contratações registram elevação, o que comprova a cada vez maior relevância do segmento para a economia local.

Santos fechou 2022 com 20.457 empresas de economia criativa, um crescimento de quase 15% em relação a 2021 (17.812).

O aumento é mais expressivo se comparado aos números de 2013, quando havia apenas 6.931 empresas criativas (aumento de 195%). Mesmo durante o período crítico da pandemia, o aumento não deixou de ocorrer: de 13.642 em 2019 para 17.812 em 2021 (30%).

Os dados constam de levantamento realizado pelo Departamento de Empreendedorismo e Economia Criativa, da Secretaria de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo (Seectur), com base em números fornecidos pela Secretaria de Finanças (Sefin).

Essencial para movimentar a economia da Cidade, a oferta de empregos na área reflete o aumento das empresas. De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 2022 houve 6.708 admissões e 5.741 desligamentos nas empresas criativas santistas.

O saldo de 967 é 64% maior do que o de 2021 (589), primeiro ano desde 2013 em que as contratações superaram as demissões.

Economia criativa é considerada o conjunto de atividades econômicas relacionadas à produção e à distribuição de bens e serviços que utilizam a criatividade e as habilidades dos indivíduos ou grupos como insumos primários.

Ela é dividida em quatro núcleos: consumo (design, moda, arquitetura e propaganda e marketing), cultura (música, patrimônio e artes, gastronomia, artes cênicas e artesanato), mídias (audiovisual editorial) e tecnologia (tecnologia da informação e comunicação).

A empresária Ligia Martins é um exemplo do potencial de crescimento deste segmento em Santos. Inicialmente, ela começou trabalhando em casa, em uma pequena confecção que produzia uniformes para empresas. Nas horas vagas, exercia seu talento produzindo roupas autorais, sempre em chita, o que a levou a criar a marca Felichita.

Foto: Patrícia Vargas / divulgação

Com o passar do tempo, Ligia foi se aprimorando nas técnicas de costura e tingimento (só usa materiais naturais), além de ver o crescimento dos clientes com maior divulgação de seu trabalho no Instagram (@modafelichita) e suas participações nas feiras Feito em Santos (leia mais sobre isso abaixo).

Por isso, em março de 2022, ela decidiu abrir sua própria loja, na Rua Barão de Paranapiacaba, 171. “É um espaço para receber as pessoas melhor, atender com mais atenção. Os clientes têm mostrado muito interesse”.

Com mais de um ano trabalhando neste ponto fixo, Ligia garante que não se arrepende por este passo à frente. “Cada vez mais percebo que os clientes querem peças únicas, se sentem mais realizados vestindo roupas exclusivas, que é o princípio básico da economia criativa. Estou muito feliz com o sucesso da loja!”.

A Firjan-Rio divulgou em 2022 um mapeamento sobre a economia criativa nacional, com números relativos ao período de 2017 a 2020. Neste período, o PIB criativo cresceu 11%, totalizando R$ 217,4 bilhões e quase um milhão de profissionais.

Houve aumento de mais de 11% de profissionais criativos formalmente empregados, enquanto o mercado de trabalho brasileiro sofreu contração de -0,1%.

Em todo o mundo, a participação da economia criativa é de 3,1% no PIB global, com quase 50 milhões de empregos gerados, correspondendo a 6,2% das vagas, conforme divulgado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Creative Economy Outlook de 2022).

Santos tem promovido uma série de ações para estimular o segmento na Cidade. Com o programa Santos Criativa, em 2015 o Município ingressou na rede de cidades criativas da Unesco, na área de cinema. No ano passado, a 14ª Conferência Anual da rede foi realizada no Blue Med Convention Center, na Nova Ponta da Praia.

A partir de 2021, a Secretaria de Turismo incorporou a Economia Criativa e o Empreendedorismo, transformando-se na atual Seectur para centralizar e ampliar as ações municipais de qualificação profissional, fomento às empresas e estímulo da criatividade da população.

Os equipamentos-chave para a aplicação dessa estratégia são as 10 vilas criativas. Instaladas nos bairros de maior vulnerabilidade social (menor IDH), atendem atualmente mais de cinco mil pessoas por ano com qualificação profissional, atividades culturais e de convívio social.

A secretária de Empreendedorismo, Economia Criativa e Turismo, Selley Storino, lembrou que o trabalho das vilas já foi reconhecido pela Unesco, no livro ‘Cidades, Cultura, Criatividade: alavancando cultura e criatividade para o desenvolvimento urbano sustentável e crescimento inclusivo’, publicado em 2021. Em recente pesquisa elas foram aprovadas por 75% dos seus usuários.

“Atender cada vez mais pessoas oferecendo qualificação, formação em cultura e empreendedorismo, automaticamente, ajuda a gerar mais renda e desenvolvimento para toda a Cidade”.

Entre 2021 e 2022, as vilas criativas ofereceram quatro mil vagas em cursos de qualificação. Para 2023, estão previstas mais 1,5 mil, além de cerca de 150 atividades esportivas, culturais e de lazer.

Criado em 2020, o Feito em Santos surgiu da necessidade de incentivar a economia criativa de Santos durante o período restritivo da pandemia de covid-19. Com o programa, o empreendedor santista pode, por meio do Instagram @feito.emsantos, expor seus produtos e contar com apoio profissional para alavancar negócios e se posicionar nas redes sociais.

Os empreendedores cadastrados também têm a possibilidade de participar de feiras e eventos presenciais, que possibilitam o aumento da lucratividade e da rede de contatos.

Atualmente, o Feito em Santos conta com cerca de mil  empreendedores cadastrados e 13,4 mil seguidores no Instagram.

Em 2022, o projeto realizou 64 feiras de economia criativa em vários pontos da Cidade, muitas delas nos eventos organizados pela Prefeitura no Centro Histórico, como os festivais Santos Café, do Imigrante, Afroempreendedorismo e Primavera e Natal Criativos.

O chefe do Departamento de Empreendedorismo e Economia Criativa, André Falchi, atribui o crescimento do segmento em Santos às iniciativas inovadoras que a Prefeitura tem realizado, como por exemplo o Programa de Aceleração de Empreendedores Criativos, parceria da Seectur com o Sebrae que já treinou artesãs e, atualmente, promove formação em gestão de negócios, planejamento e vendas para pequenas empreendedoras de gastronomia.

Em janeiro deste ano, a Prefeitura inaugurou a Casa do Artesão para oferecer cursos para pequenos empreendedores locais com novos métodos e inovações. Situado na Casa do Trem Bélico, o equipamento já recebeu cursos de artesanato em vidro, arte em resina e oficina de crochê.

No local também funciona a Loja Colaborativa Feito em Santos, espaço reservado para que artesãos possam expor e vender seus trabalhos, mediante escolha por chamamento público.

Fonte: Prefeitura Municipal de Santos

Fotos: Arquivo / PMS