“Fenômenos globais, como inteligência artificial, telessaúde e RNDS (plataforma nacional de integração de dados em saúde) exigem a reinvenção do SUS. Não podemos nos acomodar, é hora de agir coletivamente”.
O alerta do presidente do Conselho dos Secretários Municipais do Estado de São Paulo, Geraldo Reple, foi o pontapé inicial do 38º Congresso de Secretários Municipais de Saúde do Estado de São Paulo – o maior evento de saúde pública do Estado e que pelo segundo ano consecutivo é realizado até sexta-feira (11), no Santos Convention Center (Ponta da Praia).
O tema do congresso neste ano é “A Nova Gestão Municipal na Era Digital”, por meio do qual são abordados a modernização da gestão em saúde, a digitalização dos serviços e a eficiência do Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento à população.
Mais de 80 atividades que contemplam os desafios do Sistema Único de Saúde estão na programação do evento, que reúne mais de três mil pessoas, entre congressistas, representantes de empresas, autoridades e organizadores.
Júlio Pedrosa, da Organização Pan Americana de Saúde, destacou que a “saúde digital é importante para garantir mais eficiência da rede de saúde e menor tempo de espera por assistência. É um meio para reduzir a distância e as desigualdades no acesso à saúde em todo o Brasil”.
Hisham Mohamad Hamida, presidente do Conselho Nacional dos Secretários Municipal de Saúde (Conasens) elencou, entre os principais desafios, o aumento crescente da demanda por assistência no SUS, a educação em saúde da população e a capacitação permanente dos profissionais, incluindo a era da Saúde Digital.
Município
A vice-prefeita de Santos e secretária de Educação, Audrey Kleys, enfatizou a adesão de Santos ao programa federal Saúde na Escola no ano de 2013, pouco tempo após o seu lançamento.
“A escola precisa ser o local de prevenção em saúde. Temos o Programa Santos Jovem Doutor, em parceria com a Universidade de São Paulo, e levamos a atenção primária para a escola. Temos ainda a legislação da telemedicina integrada, a partir da qual já iniciamos alguns atendimentos, com muito cuidado e responsabilidade”.
O secretário de Saúde de Santos, Fábio Lopez, destacou o pioneirismo da Cidade na Atenção Primária à Saúde desde a década de 1980.
“Temos um grande desafio de atender de forma universal todos os que procuram acesso. Independentemente do tamanho do município, todos nós temos uma responsabilidade orçamentária muito grande e como conseguimos superar os desafios, de gerir os recursos financeiros da melhor forma para dar acesso às pessoas que nos procuram”.
A superintendente do Ministério da Saúde no Estado de São Paulo, Cláudia Maria Afonso de Castro, mencionou o “fortalecimento dos programas federais”, como o Mais Médicos para o Brasil, Farmácia Popular e Mais Acesso a Especialistas.
Santista de nascimento, o secretário estadual da Saúde, Eleuses Paiva, destacou a importância do trabalho tripartite na saúde, que envolve as responsabilidades dos governos federal, estadual e municipal – em especial no que diz respeito ao financiamento dos serviços de SUS e a necessidade de revisão dos valores de repasses federais aos municípios. Mencionou também a tabela SUS Paulista
A apresentação do evento foi da jornalista Janaina Hohne e de Samuel Sestaro, mestre de cerimônias com síndrome de Down e que tornou o evento mais inclusivo, ao lado da tradução simultânea em libras e autodescrição. A abertura contou também com apresentação teatral da Cia. Cria Criou.
Referência
Ainda no primeiro dia de Congresso, duas experiências exitosas de Santos foram apresentadas em palestras para que representantes de outros municípios possam se inspirar e replicar as boas práticas.
A articuladora do Programa Saúde na Escola (PSE), Rita Gisela Guedes Ferreira, mostrou como as secretarias de Saúde e de Educação permanecem afinadas em benefício dos estudantes santistas e, consequentemente, de toda a comunidade escolar.
O Município aderiu ao PSE, do governo federal, em 2013 e de lá para cá, aprimorou o trabalho e criou legislações municipais que garantem a permanência dessa intersetorialidade, independentemente de governo.
Entre os eixos temáticos trabalhados, estão saúde ambiental, promoção da atividade física, alimentação saudável, verificação da situação vacinal, entre outros.
Santos também foi destaque na linha de cuidado maternoinfantil, com a apresentação do Programa Mãe Santista, cujas ações desde 2013 ajudaram a reduzir a mortalidade infantil na cidade. A apresentação foi realizada pela enfermeira Milene Mori, do Grupo Técnico de Saúde da Mulher.
Foram destacadas as estratégias de organização da gestão do Município aliadas a estratégias assistenciais ao longo dos últimos 12 anos, considerando toda a atualização dos fluxos de atendimento e protocolos assistenciais.
Premiação
A programação do Congresso contempla a realização da 21ª Mostra de Experiências Exitosas, por meio da qual 148 municípios paulistas apresentarão, por meio de painéis em LED, 2.121 trabalhos realizados em sua rede de saúde há pelo menos seis meses. Outras 20 iniciativas, oriundas de instituições, de universidades e do governo estadual também participam.
Os trabalhos são divididos em eixos temáticos, que refletem a diversidade e a complexidade dos desafios enfrentados na gestão municipal do SUS.
A Mostra reconhece e incentiva as experiências transformadoras desenvolvidas pelas secretarias municipais de saúde, proporcionando um ambiente de compartilhamento de boas práticas e soluções eficientes para a melhoria da atenção à saúde da população.
Os melhores trabalhos serão reconhecidos no 14º Prêmio David Capistrano, que seleciona o melhor em cada um dos eixos temáticos, além de oferecer menções honrosas. Santos concorre com 71 trabalhos, 66% a mais que no ano passado, quando submeteu 47 iniciativas.
Em 2024, o trabalho santista ‘Integração dos Serviços de Linha de Cuidado da Gestante e Bebê para a Redução da Mortalidade Infantil’ foi um dos agraciados pelo Prêmio.
Fonte: Prefeitura Municipal de Santos
Crédito das imagens: Carlos Nogueira e Patrícia Fagueiro