A circulação ferroviária estava parada em todo o país nesta quarta-feira, avançou a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (FECTRANS), que aponta para uma adesão de 100 por cento à greve convocada por vários sindicatos dos trabalhadores da CP.
A paralisação, que se prolonga até 14 de maio, terá um especial impacto esta quarta e quinta-feira devido ao maior número de sindicatos (14) que aderiram à paralisação nestes dias.
A esta greve junta-se, hoje e quinta-feira, a paralisação convocada pelo Sindicato dos Maquinistas (SMAQ) e, entre 7 e 14 de maio, a convocada pelo Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).Os trabalhadores exigem a implementação do acordo de restruturação das tabelas salariais que tinha sido negociado, no início do ano, com a empresa. E que a CP diz que não pode ser aplicado porque o Governo está em gestão.
Na segunda-feira, a tutela apresentou uma nova proposta que prevê um aumento de mais de cinco milhões de euros de massa salarial. No entanto, essa proposta que não demoveu os trabalhadores.
O ministro das Infraestruturas recorda “independentemente da bondade ou da justiça dos aumentos exigidos a situação de governo de gestão impede que se ultrapasse a barreira dos 4,7 por cento de aumento da massa salarial, constante em despacho deste governo. Bem como ultrapassar o valor definido no Plano de atividades e Orçamento da CP para 2025”.
Segundo Miguel Pinto Luz, “é uma barreira legal, estritamente legal”. No entanto, acrescenta que o “Governo não desistiu, não desistiu dos portugueses e não desistiu da CP”.
Para o governante, o país foi “surpreendido pela marcação das maiores greves desde que tomou posse” e frisa que foram paralisações marcadas “já com o governo em gestão e limitado na sua capacidade de resposta negocial”.
“Greves marcadas especificamente para o período de campanha eleitoral, aliás, greves que ocuparão mais de metade do período de campanha eleitoral. Greves que não são ferramenta de negociação, greves vazias de objetivo”, acrescentou.
Miguel Pinto Luz deixou ainda um apelo em nome do Governo “aos sindicatos, mas também a todos os trabalhadores da CP para ponderarem, para fazerem um verdadeiro exame de consciência e decidirem se se justifica, ou não, manterem esta greve”.
O coordenador da FECTRANS admitiu esta manhã, em declarações à RTP, suspender a greve se o Governo for mais longe nas propostas.
“Se houver respostas para a garantia do que é necessário para as partes do acordo, que agora não foram implementadas, (…) continuamos a trabalhar com a CP e o Governo no sentido de encontrar as soluções. Não pretendemos a greve pela greve. Pretendemos responder a um problema estrutural da CP que não funciona sem trabalhadores”, afirmou José Manuel Oliveira.
Segundo o coordenador da FECTRANS, “o problema que estávamos a negociar, e nunca nos foi colocada a questão de que a empresa não tinha capacidade de negociar. Aliás, no dia 24 de abril, tínhamos um acordo feito. Um acordo que respondia e que os sindicatos tinham feito um esforço para que as soluções encontradas tivessem no orçamento da CP para 2025”.
“Reduzimos quase para metade aquilo que era os custos de um trabalho inicial que fizemos. E nesse sentido, não percebemos como é que dois dias depois, o mesmo governo que deu autorização à CP para nos apresentar uma proposta, diz que não pode porque está em gestão”, acrescentou afirmou José Manuel Oliveira.
A RTP esteva nas estações de Agualva – Cacém, na linha de Sintra, e de Coimbra onde constatou que a maioria dos passageiros tinha conhecimento desta greve da CP.
Fonte: www.rtp.pt
Crédito da imagem: Filipe Silva / RTP