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Com a construção dos palcos a todo o gás, falta um mês para a JMJ

A organização da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) esteve envolta em diversas polémicas, mas a um mês do início do evento já começa a ganhar forma para acolher os milhares de peregrinos, bem como o Papa Francisco, que estará em Lisboa entre 2 e 6 de agosto para receber jovens vindos de todo o mundo.

O anúncio de que Lisboa iria receber a Jornada Mundial da Juventude surgiu em 2019, na Missa de Envio no Panamá. O evento deveria originalmente acontecer em 2022, mas a falta de informação quanto ao desenvolvimento da pandemia de covid-19 que entretanto se instalou fez com que a Jornada fosse adiada para este ano.

Ultrapassada a pandemia, foi a saúde do Papa Francisco a levantar dúvidas, em dois momentos ao longo deste ano, questionando a sua presença na JMJ . Em março, esteve internado durante três dias com uma infeção respiratória.

“Senti-me mal mas não tive medo”, afirmou, na altura, à saída do hospital. Já no início deste mês de junho esteve nove dias internado depois de ser submetido a uma cirurgia abdominal de três horas com anestesia geral para reparar uma hérnia e remover cicatrizes dolorosas.

No entanto, na semana passada, a Fundação JMJ Lisboa 2023 divulgou um vídeo do Papa Francisco em que este garante que estará em Lisboa em agosto. “Alguns pensam que por causa da doença não posso ir. Mas o médico disse-me que posso ir, por isso, vou estar com vocês”, afirmou.

Desde os custos apresentados até ao perdão e amnistia de penas aprovado pelo Conselho de Ministros, não têm faltado controvérsias em redor da organização da Jornada. A mais marcante foi a revelação do preço do altar-palco no Parque Tejo-Trancão, onde vai acontecer a Missa Final no dia 6 de agosto: 4,24 milhões de euros.

O valor revelado pela Câmara Municipal de Lisboa causou indignação em vários setores da sociedade. Durante duas semanas, a Igreja, a autarquia e a Mota-Engil (empresa com quem foi celebrado o contrato) reuniram-se para rever o valor inicial e conseguiram chegar a uma redução de 30%, passando o palco a custar 2,9 milhões de euros.

O mais recente debate está relacionado com a aprovação, pelo Conselho de Ministros, de um diploma que estabelece perdão de penas e amnistia de crimes e infrações praticadas por jovens entre os 16 e 30 anos, a propósito da vinda do Papa.

As pessoas da Jornada

Os voluntários, que vão apoiar nos eventos centrais e paroquiais, já ultrapassam, segundo a Fundação JMJ Lisboa 2023, 20 mil inscritos. “São números que nos deixam muito confortáveis e gratos, pelo que representa de empenho e espírito de entreajuda nesta gigantesca tarefa de acolher tudo e todos, tal como o Papa Francisco nos ensina permanentemente”, diz Duarte Ricciardi, secretário-executivo da JMJ Lisboa 2023.

Afirma ainda que não faltarão voluntários para a Jornada, os quais têm vindo a receber formação ao longo dos últimos meses.

As obras no Parque Tejo, o chamado Campo da Graça, estão, segundo o COL, dentro dos prazos previstos. @Reinaldo Rodrigues / Global Imagens

Durante a JMJ, os peregrinos serão acolhidos por famílias de acolhimento ou nos espaços validados para os alojar. Atualmente há cerca de 7 mil famílias que providenciarão o alojamento a um total de 24 mil peregrinos. 

Quanto aos locais de alojamento, já foram validados 1500 espaços. “Quando dizemos que são validados queremos dizer que são espaços com condições para alojar os peregrinos que acolhemos”, diz Duarte Ricciardi.

A Fundação JMJ Lisboa 2023 também é responsável pela alimentação dos peregrinos e, para isso, estabeleceu parcerias com vários restaurantes, cadeias de supermercados e cadeias de fast food. Já estão inscritos mais de 1065 restaurantes.

Segundo Duarte Ricciardi, foram contratualizadas mais de 2,5 milhões de refeições para responder aos pedidos dos peregrinos. Durante a Vigília, em que os jovens vão passar a noite no Parque Tejo, a alimentação vai funcionar através de postos de recolha espalhados pelo recinto, ao longo da cidade de Lisboa e nos percursos de acesso.

E os planos feitos pelo Governo?

O Governo é responsável pelos planos de mobilidade, saúde e segurança, essenciais para que a cidade esteja organizada para receber os peregrinos. O plano de saúde foi apresentado pelo Ministério da Saúde no início de junho prevê o reforço dos meios de socorro com a mobilização de 75 equipas móveis de suporte básico de vida e a ativação de 75 postos fixos de suporte básico de vida.

Serão instalados dez postos médicos e dois hospitais de campanha. Também estão previstos planos de contingência para os hospitais com maior capacidade de resposta no país na perspetiva de uma articulação em rede.

O centro de contacto do SNS24 terá um reforço da capacidade de atendimento, e terá disponível atendimento em português, castelhano e inglês, sendo possível apoio noutras línguas com o acionamento do serviço de tradução telefónica do Alto Comissariado para as Migrações.

Segundo o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna, Paulo Vizeu Pinheiro, o plano de segurança será formalmente apresentado a meio de julho. No entanto, o Grupo de Trabalho do Governo relembra que este pode sofrer alterações até à semana do evento.

Já se sabe que durante a semana da Jornada o controlo de fronteiras áreas e marítimas será reposto mas estas não serão fechadas. O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, explicou que serão feitos controlos documentais aleatórios nas fronteiras, como aconteceu em 2017 quando o Papa Francisco visitou Fátima.

O plano de mobilidade é o que tem causado mais ansiedade por ainda não ter sido apresentada a sua versão final. A Fundação JMJ Lisboa 2023 mantém a previsão de 1,5 milhões de pessoas a chegar a Lisboa durante a Jornada, com Américo Aguiar a admitir que a cidade estará “um caos”.

A ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, adiantou ontem que o plano será apresentado entre 10 e 14 de julho para que haja tempo de os cidadãos perceberem as decisões tomadas.

Kit Peregrino

Todos os peregrinos inscritos vão receber uma mochila com uma garrafa de água reutilizável, um terço feito em madeira, uma fita para pendurar a credencial, uma camisola verde ou vermelha, e um chapéu. O kit dos voluntários é composto por uma mochila amarela, uma camisola amarela com a identificação “voluntário” e um chapéu verde.

Festival da Juventude

Vai decorrer no âmbito da JMJ e vai contar com 480 eventos em 100 espaços dos concelhos de Lisboa e Loures.
O festival vai contar com dois torneios desportivos, 10 peças de teatro, 15 filmes, 38 conferências, 290 concertos e 55 eventos religiosos e de encontro, envolvendo participantes de mais de 50 países.

Metro de Lisboa

O metropolitano de Lisboa vai disponibilizar espaços de pernoita para os peregrinos.
No período entre 29 de julho e 7 de agosto, serão cedidas um conjunto de infraestruturas atualmente sem uso como o Parque de Manutenção e Oficinas II, em Calvanas. Esta medida faz parte de um acordo entre o Metropolitano de Lisboa e o Comité Organizador Paroquial do Alto do Lumiar.

São Tomé e Príncipe

É o país africano lusófono que tem o maior número de peregrinos inscritos para a JMJ. Segundo a Lusa, estão inscritos, e com a inscrição finalizada, 503 peregrinos de São Tomé e Príncipe. Seguem-se Cabo Verde (187), Moçambique (136) e Angola (128). Da Guiné-Bissau ainda não foi concluída qualquer inscrição.

Símbolos da JMJ

Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude vão ser entregues hoje ao Patriarcado de Lisboa em Alcobertas, Rio Maior, para a última etapa da sua peregrinação. A cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani passaram por todas as dioceses do país e passaram o último mês na diocese de Santarém.
Nos meses que antecedem cada JMJ, os símbolos partem em peregrinação para serem anunciadores do Evangelho e acompanharem os jovens.

CDS-PP disponibiliza a sede

O líder do CDS-PP visitou ontem a sede do Comité Organizador Local (COL) e disponibilizou a sede nacional do partido, no Largo Adelino Amaro da Costa, deixando à consideração da organização decidir a finalidade do espaço. Este edifício pertence ao Patriarcado de Lisboa e é arrendado pelo partido.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Reinaldo Rodrigues / Global Imagens