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Cidade de múltiplos significados, Santos completa 478 anos

“Pra mim, é a praia”. “Ah, não tem como não passar por Santos e não tomar um café no Museu do Café”. “Não fico sem dar um passeio pelo maior jardim de praia do mundo”. “A Cidade que revelou Pelé para o mundo”. “Santos, berço do Patriarca da Independência”. “Terra do meu Peixão”. “Que vontade de dar aquela pedalada, no fim de tarde, na ciclovia da orla”. “A Cidade por onde passa boa parte das exportações do Brasil”.

Se perguntarmos para diferentes pessoas o que significa Santos, as respostas serão as mais diversas possíveis. A cidade dos múltiplos significados assoprou 478 anos em seu bolo de aniversário nesta sexta-feira (26). Confira a programação completa do aniversário.

Sobre a aniversariante do dia, o prefeito Rogério Santos afirma que “Santos tem uma história rica, é desenvolvida, dona de uma grande beleza natural e se destaca pela qualidade de vida, mas o maior patrimônio que temos é o santista, nossa população. Falo daqueles que nasceram aqui e dos que vieram de outras partes do Brasil e do mundo”.

“O santista tem espírito cidadão, sabe cobrar ações e apoiar projetos que visem o bem comum. Os desafios do dia a dia estão presentes em qualquer município. Não existe cidade pronta, mas com união, honestidade e entendimento somos mais fortes e conseguimos planejar e implementar ações que tornam a nossa Santos cada vez melhor”.

Quem também faz aniversário nesta sexta-feira – 85 anos – é um dos mais imponentes edifícios do Município: o dia 26 de janeiro de 1939 representou uma quinta-feira especial para Santos, que celebrava o 100º aniversário de elevação à categoria de cidade.

O presente para o Município foi receber sua sede definitiva. Um palácio que passou a ser a sede dos poderes Executivo e Legislativo.

O historiador Sergio Willians aponta que até que o prédio ficasse pronto se desenrolou uma história de 36 anos. Em 1903, foi lançado um concurso de propostas para a criação do novo Paço Municipal. “Até então, a Prefeitura fazia uso de uma das alas dos famosos Casarões do Valongo, onde hoje está o Museu Pelé, e pagava aluguel por isso”.

Embora tenham chegado projetos de qualidade técnica, não houve batida de martelo. O processo de escolha seguiu indefinido em outra ocasião: em 1927, mas a batida do martelo só veio mesmo em 1936. Com problemas financeiros, a obra contou com dinheiro vindo de fora, graças à contratação de um empréstimo junto ao Bank of London & South America Ltd., no valor de 2,26 milhões de libras esterlinas.

A proposta escolhida foi do engenheiro e arquiteto Plínio Botelho do Amaral. O projeto foi aprovado pela Câmara e o então prefeito Antônio Gomide Ribeiro dos Santos autorizou o início das obras, que ficaram sob responsabilidade da Sociedade Técnica e Comercial Anhanguera Ltda., de São Paulo, e do engenheiro Antônio Bayma.

O Paço Municipal tem estilo predominantemente neoclássico, mesmo sendo considerado eclético, e acabou sendo inaugurado na data prevista: em 26 de janeiro de 1939. Sergio Willians lembra que uma grande festa foi preparada pelo então prefeito Cyro de Athayde Carneiro. Ao cortar a fita inaugural, ele fez a seguinte declaração:

“Santos é a porta de entrada do Estado de São Paulo, como que a sua ‘sala de visitas’, onde primeiramente são recebidos os forasteiros ilustres que, pela via marítima, aqui aportam em demanda da capital. É também ponto obrigatório de todos quantos viajam pelo nosso Estado. A todos tem sempre a Municipalidade o ensejo de receber e obsequiar. Era mister que pudesse apresentar-lhes uma instalação à altura dos foros de progresso e de cultura do nosso Estado e das próprias condições de pujança da Cidade…”.

Entre diversos espaços administrativos, um dos destaques da edificação é a Sala Princesa Isabel que, por muitos anos serviu às sessões da Câmara de Santos. Além de uma galeria para o público, o local ostenta um lustre de cristal da Bohemia, quadros que exibiam as figuras de Martim Afonso, Braz Cubas e a Princesa Isabel, e, no lugar de honra, decorações em painéis retratando a Caridade, a Justiça e a Nacionalidade.

Além de edificações, a história de uma cidade tem que ser contada também pela sua gente. Cada morador ou turista que passa por ela dá sua contribuição, enriquecendo com novos capítulos.

Fosse o caso de escolher um personagem para contar a história de Santos, muitos certamente apontariam José Bonifácio de Andrada e Silva: Patriarca da Independência (foi declarado oficialmente Patrono da Independência do Brasil em 11 de janeiro de 2018), estadista reconhecido no exterior, mineralista que descobriu pedras importantes, precursor da libertação de negros escravos e idealizador de lei protegendo as matas brasileiras.

Os múltiplos feitos deste santista evidenciam a força do povo santista.

“A família Andrada chegou a Santos pelas mãos do avô paterno de José Bonifácio, José Ribeiro de Andrada, um militar português que migrou para São Paulo no fim do Século 17”, recorda o historiador Sergio Willians. José Bonifácio nasceu em Santos no dia 13 de junho de 1763 e morreu em Niterói (RJ), em 6 de abril de 1838.

Vários estudos mostram o que os santistas já sabem: a qualidade de vida aqui é de dar inveja a outras cidades brasileiras. Isso está comprovado em títulos como ‘Melhor cidade brasileira para se viver’ (Consultoria Delta&Finance/América Latina), ‘Melhor cidade brasileira para quem tem mais de 60 anos’ (Fundação Getúlio Vargas), ‘Segunda melhor cidade do Brasil para criar filhos’ (Portal Exame) e ‘Uma das melhores cidades brasileiras para se fazer negócio’ (Urban Systems/Revista Exame).

E o reconhecimento segue: na edição 2023 do Ranking Connected Smart Cities, por exemplo, Santos alcançou a 8ª posição geral do País e a liderança nacional no eixo de Urbanismo, repetindo neste quesito o sucesso da edição anterior. O levantamento mapeia os 656 municípios com mais de 50 mil habitantes, de acordo com o Censo IBGE 2022, e define as cidades com maior potencial de desenvolvimento do Brasil.

Já o Ranking de Competitividade dos Municípios de 2023 aponta que dentre as 410 cidades do Brasil com mais de 80 mil habitantes, Santos se destaca como a 10ª mais competitiva e ocupa a primeira posição geral na área de Saneamento. A pesquisa, apresentada em agosto, mostra que Santos é a líder nos indicadores de cobertura da coleta de resíduos domésticos, cobertura do abastecimento de água e destinação do lixo.

O Porto de Santos, com sua história iniciada no começo do século 16, evoluiu de estruturas rudimentares para se tornar o maior porto da América Latina. Originalmente, a localização do porto foi estrategicamente escolhida no estuário do Lagamar do Enguaguaçu, nas proximidades do Outeiro de Santa Catarina, pela maior proteção contra intempéries e ataques de piratas, conta o historiador Sergio Willians.

“Esta decisão foi fundamental para o desenvolvimento comercial da região. A expansão da produção de açúcar, tabaco e algodão a partir do século 18 e a construção do caminho Calçada do Lorena facilitaram significativamente o transporte de mercadorias até o porto”.

No Século 19, segue Sergio Willians, incorporou-se o café, que se tornou o principal produto de exportação do Brasil. Posteriormente, a inauguração da Estrada de Ferro São Paulo Railway em 1867, uma realização notável para a época, permitiu um escoamento ainda mais eficiente da produção cafeeira.

“Em 1888, depois de sofrer pressões dos cafeicultores, o governo brasileiro promoveu uma concorrência para a exploração do porto, vencida por investidores como José Pinto de Oliveira e Eduardo Palacin Guinle, levando à criação da Companhia Docas de Santos (CDS) e à inauguração dos primeiros 260 metros de cais organizado em 1892”.

O Porto de Santos continuou a se modernizar. Em 1901, a Gaffrée & Guinle obteve autorização para construir uma usina hidrelétrica no Rio Itatinga, que, além de fornecer energia para o porto, abasteceu Santos, Guarujá e outras localidades paulistas.

A concessão dos serviços portuários à CDS terminou em 1980, quando a administração passou para a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que posteriormente se transformou na Autoridade Portuária de Santos S.A. (APS).

A Lei dos Portos de 1993 e sua subsequente atualização em 2013 abriram caminho para a privatização de operações portuárias e a instalação de Terminais de Uso Privado (TUPs), marcando um período de modernização e expansão.

Atualmente, o Porto de Santos é um marco na infraestrutura portuária do Brasil, destacando-se pela movimentação recorde de cargas e posição entre os maiores portos do mundo.

Fonte: Prefeitura Municipal de Santos

Crédito das imagens: Carlos Nogueira, Francisco Arrais, Marcelo Martins e arquivo / PMS