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Centro cultural Casa do Comum, espaço de convívio e partilha no Bairro Alto

Escondida por entre as ruas do Bairro Alto, quase despercebida, encontra-se a Casa do Comum, um projeto do livreiro e fundador da Ler Devagar, José Pinho. Os seus filhos, Joana e Pedro Pinho, fundaram este centro cultural depois da morte do pai.

Ao entrar,  os visitantes são recebidos por uma escada de madeira que os pode levar a três andares diferentes. Ao descer, as paredes da primeira sala estão cobertas de estantes com livros em segunda mão com preços que vão  de 5 a 10 euros – uma livraria alfarrabista – mas as cadeiras e as mesas tornam o espaço também num café-bar.

Entre esses livros encontram-se várias primeiras edições e obras raras. As salas que se seguem são espaços para concertos e DJ’s sets. Uma curiosidade neste piso são as casas de banho, com bacias turcas.

“Há uma necessidade muito grande de espaços de sócio-liberalização que cortem o isolamento. Cada vez mais estamos na nossa bolha, em casa, à frente dos nossos ecrãs. Aqui as pessoas não estão a  olhar para o telemóvel. Há uma coisa que temos desde o início, que são os jogos. Nós temos jogos de tabuleiro, jogos de mesa e ultimamente no bar há sempre gente com jogos à sua frente, como jenga, cartas ou dominó”, diz Joana Pinho.

Ao subir  ao primeiro andar, o espaço é dedicado a uma livraria com os mais variados tipos de obras, desde poesia a livros para crianças. A sala ao lado convida-nos a fazer uma sesta, com o intitulado Museu da Preguiça. Entre o sofá, uma cama de rede e uma cama típica estão duas pequenas bibliotecas com livros de José Pinho e de Roger Claustre, os dois fundadores da Ler Devagar. 

No último andar, está uma pequena sala de cinema, que recebe também ciclos de cinema como por exemplo o da Terratreme, uma produtora de cinema criada em 2008, por um grupo de jovens cineastas com vontade de encontrar modelos de produção que conseguissem conciliar diferentes formas, escalas e durações para os seus próprios filmes. 

O espaço pertencia anteriormente à Imprensa Nacional Casa da Moeda. São visíveis os ferro que pertenciam a essa estrutura.  Nos andares superiores funcionaram associações ligadas aos trabalhadores da Imprensa Nacional e até um ginásio para os funcionários.

“A ideia da Casa do Comum é ser um centro cultural, onde se podem fazer todas as atividades que são feitas em conjunto, ou seja, tudo que está no domínio das artes e que é para ser desfrutado em coletivo, em conjunto com outras pessoas”, afirma Pedro Pinho, outro dos filhos.

O sonho de José Pinho era voltar ao Bairro Alto com o projeto Casa do Comum e Joana e José decidiram concretizar a ideia.

“Nós também participámos na própria conceção, antes dele morrer. A partir do momento em que ele faleceu, as coisas tiveram de se readaptar também, para isto fazer sentido para nós, que estamos aqui diariamente. Não estamos a seguir o sonho de ninguém, estamos a cumprir um projeto coletivo que faz sentido para nós”, acrescenta Pedro. 

A programação da Casa Comum é da responsabilidade de Miguel Ribeiro, antigo diretor do DOC Lisboa. Segundo os irmãos Pinho, a ideia é que exista diálogo entre as várias vertentes artísticas da casa, com cinema, DJ’s, concertos, lançamentos de livros, conversas e debates.  

“As artes visuais são a expressão artística que está menos representada porque, de modo geral, tem um caráter menos coletivo e porque no Bairro Alto já existe um espaço que se dedica às artes visuais”, diz Pedro Pinho, acrescentando que a ideia é ir mudando o programador.

“O primeiro convidado foi Miguel Ribeiro e terá a programação durante dois anos. Depois, vamos convidar pessoas que possam ter outro conceito, dinâmica, outra visão”. 

Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal