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Centenário de fadista Celeste Rodrigues celebrado com exposição em Lisboa

O Museu do Fado, em Lisboa, homenageia a fadista Celeste Rodrigues (1923-2018), que completaria 100 anos nesta data, a 14 de março, com a inauguração da exposição “Celeste”.

Em declarações à agência Lusa dias antes da abertura, o curador da exposição, o cineasta Diogo Varela Silva, seu neto, disse que esta era uma data que Celeste Rodrigues “tanto gostaria de comemorar”.

A exposição, que vai estar patente até setembro, visa “mostrar o seu percurso, e o que fez ao longo de mais de 70 anos de carreira – que foi uma das mais longas no fado – e, passar este testemunho, destas mais de sete décadas dedicadas à canção nacional”, disse Diogo Varela Silva.

Celeste Rodrigues, numa entrevista à Lusa em maio de 2018, recordou que começou a cantar “por brincadeira”, numa “roda de amigos” em que estava o empresário de espetáculos José Miguel (1908-1972), que a convidou para fazer parte do elenco de uma das suas casas de fado, o Café Casablanca, em Lisboa, onde se estreou em 1945.

“O meu sonho não era ser artista, gostava imenso de cantar no meio dos fadistas, não em público, mas aconteceu”, afirmou na altura, quando se preparava para celebrar 73 anos de carreira, no palco do Teatro Tivoli, em Lisboa, em maio de 2018, o seu último concerto.

Sobre a exposição, Diogo Varela Silva disse que estarão patentes “as várias condecorações que recebeu, filmes, fotografias e alguns textos”.

Varela Silva destacou ainda a fotobiografia de Celeste Rodrigues, que organizou e escreveu, a apresentar também esta terça-feira.

Nesta fotobiografia está “a história dela, um apanhado histórico que ela foi contando e que [Diogo Varela Silva escreveu], desde o Fundão [onde nasceu] até ao último concerto no Tivoli”, em Lisboa, poucos meses antes de morrer, a 01 de agosto de 2018.

Na inauguração da exposição vão ser apresentados dois temas inéditos que Celeste Rodrigues gravou, aos 95 anos. São eles “Se Alguém me Procurar Pergunta ao Vento”, de Ricardo Maria Louro, com música de Pedro de Castro, e uma versão de Celeste Rodrigues de “A Noite do Meu Bem”, canção de Dolores Duran originalmente gravada em 1959.

Para Diogo Varela Silva preparar este projeto, composto por exposição e fotobiografia, foi bom pois permitiu-lhe rever as memórias boas que tem.

“Eu estou constantemente a lembrá-la, não há dia nenhum que passe que não me lembre dela ou de um pormenor dela – que ela iria gostar disto ou daquilo, ou como ela iria reagir. Ela continua muito presente. É uma saudade presente”.

“Eu mantenho-a muito perto de mim. As pessoas morrem quando as esquecemos”, sublinhou Varela Silva acrescentando: “ela será eterna em mim”.

A fotobiografia inclui um QR Code para os dois temas inéditos.

Na inauguração da exposição atuam os músicos que acompanhavam habitualmente Celeste Rodrigues: o seu bisneto, Gaspar Varela, e Pedro de Castro, na guitarra portuguesa, André Ramos, na viola, e Francisco Gaspar, na viola baixo.

Fonte: Jornal de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Paulo Spranger / Arquivo Global Imagens