Fernando Medina deverá mesmo ser constituído arguido no caso das suspeitas em torno da contratação para a Câmara Municipal de Lisboa do histórico socialista Joaquim Mourão, em 2015, quando o atual ministro das Finanças liderava a autarquia.
Segundo foi avançado pela TVI / CNN Portugal, o governante será suspeito de abuso de poder e de participação económica em negócio.
De acordo com o canal, em investigação do Ministério Público estará um caso de angariação de dinheiro em obras públicas, com subornos de empreiteiros para o financiamento ilícito do PS, através dos chamados “sacos azuis”. A contratação de Morão fez-se, acredita o MP, através de um esquema de convites fictícios a duas empresas de amigos do histórico socialista, de forma a garantir que a recomendação do Tribunal de Contas para que fosse feita uma auscultação pública antes de avançar com a contratação pública desse o resultado pretendido.
Ainda segundo a TVI, foi o próprio Joaquim Morão que denunciou Medina durante os interrogatórios judiciais. Também outros responsáveis autárquicos envolvidos, já ouvidos no processo, disseram apenas estar a cumprir ordens, noticia a TVI.
Num curto comunicado às redações, Medina negou ter conhecimento de quaisquer alegações, que, “a existirem, são totalmente falsas”. Já em declarações públicas anteriores sempre rejeitou estas suspeitas, defendendo a contratação do histórico socialista para supervisionar as obras públicas da câmara pela sua experiência na área.
“As razões que levaram à contratação de Joaquim Morão estão expressas no despacho que assinei em 2015, numa altura em que a Câmara de Lisboa estava a realizar muitas obras – alguns até me acusavam de fazer obras a mais -, como na Avenida da República, Cais do Sodré, Saldanha, Campo das Cebolas, Avenida Fontes Pereira de Melo… Entendemos formar uma equipa de monitorização das obras, que desempenhou o seu papel”, disse o atual ministro das Finanças a 19 de janeiro, acrescentando que Morão “desempenhou um bom trabalho na cidade de Lisboa”.
Medina assumia então que a contratação, realizada por ajuste direto, era uma escolha sua e, dizendo não ter “conhecimento de qualquer investigação em curso”, afirmou ter solicitado à Procuradoria-Geral da República ser ouvido no processo, algo que ainda não aconteceu.
“Até agora nunca fui ouvido e desconheço qualquer processo, só faço fé do que oiço na comunicação social. Não tenho mais nada a fazer do que pôr-me à disposição do Ministério Público”, afirmou então o governante. Deverá ser agora, por fim, ouvido brevemente, mas na condição de arguido.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Carlos M. Almeida / LUSA