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Brasileiros à conquista de fábricas portuguesas de calçado

A indústria brasileira de componentes para calçado quer ser cada vez mais a escolha das empresas portuguesas em alternativa às importações asiáticas, assumindo-se como uma “forte opção com preços competitivos e com propostas inovadoras e sustentáveis”, tanto ao nível das peles animais como das equivalentes de origem vegetal.

Portugal é já o terceiro maior destino das exportações de componentes brasileiros, mas o setor está apostado em reforçar essa ligação. E entre os 31 profissionais estrangeiros convidados a visitar a Inspiramais, o salão de inovação e design de materiais líder na América Latina, que decorre a 24 e 25 de janeiro em Porto Alegre, estão duas empresas portuguesas, a Plumex e a SB Group.

Só nos primeiros dez meses de 2022, o Brasil exportou componentes no valor de 351 milhões de dólares (cerca de 330,5 milhões de euros), 14% acima do verificado em igual período do ano anterior. Os dados são da Assintecal, Associação Brasileira de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos, cujo responsável pelos mercados internacionais, Luiz Ribas Júnior, aponta o “aumento dos custos dos transportes, especialmente da China para os países da América Latina”, mas também para a Europa, como “a grande razão” para este crescimento da procura externa.

A Argentina é o principal destino das exportações brasileiras do setor, com compras de 65,7 milhões de dólares (63,6 milhões de euros) entre janeiro e outubro, um aumento de 37% face ao período homólogo do ano anterior. Curiosamente, o segundo maior comprador foi a China, com importações de 65,7 milhões, mas que representa uma quebra de 14% em relação a um ano antes.

Há a não esquecer que a China tem tido alguma dificuldade em ultrapassar os efeitos da pandemia e dos vários confinamentos decretados.

Por fim, Portugal ocupa a terceira posição, com compras de componentes brasileiros no valor de 43,3 milhões de dólares (40,8 milhões de euros) o que representa um crescimento de 36% face ao período de janeiro a outubro de 2021.

Diz a Assintecal que “a surpresa do ano” está no comportamento dos Estados Unidos, país que ultrapassou a Colômbia e ocupa agora a quarta posição nos maiores destinos das exportações do setor, com quase nove milhões de dólares (8,5 milhões de euros), um acréscimo de 56% face a 2021.

Os produtos químicos para tratamento de peles, os couros e os químicos para calçado/colas são os artigos mais exportados.

Portugueses apostam

Com duas edições anuais, o salão Inspiramais assinala a sua 27.ª edição a 24 e 25 de janeiro, contando com a presença de 150 expositores e um extenso programa paralelo de apresentações sobre sustentabilidade, moda, negócios nacionais e internacionais, empreendedorismo e inovação.

A esmagadora maioria dos compradores internacionais convidados a visitar o certame são da América Latina, mas, da Europa, haverá ainda, além da Plumex e do SB Group, as espanholas Pretty Ballerinas e Asuncion Sanchez Jaen.

Os empresários portugueses vão à procura de soluções “mais eficientes e ecológicas”, mas também de novas oportunidades de negócio. Bruno Silva, CEO do SB Group, um “cluster de empresas”, criado em 2003, e que se dedica ao fabrico de calçado para homem, senhora ou criança em regime de private label, assume que pretende encontrar parceiros ou potenciais fornecedores, mas também “empresas que estejam à procura de agentes representantes na Europa”.

Com uma faturação de oito milhões de euros, o SB Group detém as marcas Bunker, Xica da Silva, Galibelle e Nuno Gama. Em outubro de 2021 adquiriu a brasileira Hang Loose, detendo a licença oficial da marca para todo o mundo, à exceção do Brasil, não só para o calçado, mas também para vestuário, acessórios e pranchas de surf.

Já Henrique Carlos, responsável da Plumex, vai ao Brasil à procura de fio de nylon, lycras, poliuretano e peles “a preços que não tenham oscilações tão grandes quanto aquelas que temos neste momento”. Especialista em sapatos de malha, a empresa de Pombal foi evoluindo e diversificado a sua oferta, sempre no segmento de conforto, com molinhas em elastano e em couro.

A mais recente aposta foi o desenvolvimento de sapatos para diabéticos, sem costuras e com peles da mais elevada qualidade, e que “estão a ser muito bem aceites no mercado europeu”.

Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal