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Brasil continua sem selecionador. Indefinição desagrada a Abel Ferreira

A indefinição da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no processo de escolha do novo selecionador, depois de consumada a saída de Tite assim que terminou o Mundial 2022, causa desagrado a Abel Ferreira, um dos candidatos ao lugar. O treinador português ainda não foi contactado oficialmente e a cada dia que passa sente não ser a primeira escolha e isso pode ser um problema caso a CBF o escolha para o cargo.

Em Portugal a passar férias, o treinador do Palmeiras vê o nome circular entre os principais candidatos ao cargo de selecionador do Brasil, depois da anunciada saída de Tite … oficializada logo após a eliminação da seleção nos oitavos-de-final do Mundial, no dia 9 de dezembro, pela Croácia, sem que isso evolua para um contacto oficial.

Além disso, há meses que se sabia que o agora ex-selecionador brasileiro ia deixar a seleção. Daí que a indefinição da CBF cause algum desagrado a Abel e, segundo soube o DN, se o convite demorar a resposta pode não agradar aos dirigentes brasileiros. Ou seja, quem toma o sim de Abel como certo pode ser surpreendido com uma recusa, algo que envergonharia Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, que apontou a um desejo tido como irrealista de convencer Pep Guardiola a deixar o Manchester City, depois de ter renovado contrato com o clube inglês no final de novembro.

Há muitas variáveis a ter em conta nessa equação que poderá levar o técnico português ao banco do Brasil. A primeira até é favorável aos dirigentes da canarinha, a única que faria Abel pensar em treinar uma seleção numa fase tão prematura da carreira. O técnico tem 43 anos – apenas meia dúzia como treinador principal – e considera que ainda tem muito caminho para andar até chegar a uma seleção, que exige um perfil algo diferente daquilo que é Abel.

Contudo, sente que poderia fazer a diferença na seleção brasileira e tem a seu favor um sucesso relâmpago no Palmeiras, onde chegou em 2020, em plena pandemia de covid-19, e desde então conquistou duas Taça dos Libertadores, um Brasileirão, uma Taça do Brasil e uma Recopa, troféus que o colocam na lista dos três mais bem-sucedidos da história do clube.

No Brasil, Rivaldo manifestou-se contra a contratação de um selecionador estrangeiro, mas muitas antigas glórias concordam que Abel é o mais bem preparado para ser selecionador. Apesar disso, até agora só houve sondagens informais, segundo soube o DN, sendo que Abel Ferreira só aceitará um convite se isso significar ter plenos poderes para reformular modelo e estrutura técnica da CBF, assim como fez e faz no Palmeiras.

O ordenado alto que aufere no Verdão é um senão. Abel renovou contrato já este ano, até 2024, e ficou a receber 6,7 milhões de euros por época, tendo assinado “o maior contrato da história dos treinadores no futebol sul-americano”, segundo a Globo. Nesse sentido, aceitar a seleção brasileira implicaria abdicar de quase metade do atual ordenado, tendo em conta que Tite recebia 3, 6 milhões de euros por temporada.

Se há quem diga que há lugares que não se recusam – a canarinha será um deles -, ter de abdicar de mais de três milhões de euros e de uma posição privilegiada no Palmeiras faz o caso mudar de figura. Ainda mais sabendo Abel que a CBF apontou ao milionário Guardiola…

O Palmeiras escancarou a porta da saída para a seleção sem direito ao pagamento da cláusula de rescisão. “Claro que eu libertaria, é óbvio que sim. Seria uma honra para qualquer profissional e para o clube ter um técnico representando o nosso país”, disse Leila Pereira, presidente do Palmeiras, no dia 3 de novembro, após a conquista do Brasileirão.

Um gesto significativo tendo em conta que o português tem uma cláusula de rescisão milionária, no valor de 18, 5 milhões de euros. Mas o timing e a boa vontade da presidente do clube paulista tem um limite e está perto de ser atingido, segundo soube o DN. A temporada no Brasil começa em janeiro e Leila não quer comprometer a preparação da nova época.

“Durante a nossa gloriosa história de 107 anos, poucos profissionais se identificaram tanto com os nossos valores e tradições quanto ele. Estou certa de que continuará a fazer um trabalho brilhante”, disse Leila Pereira, após assinar o novo contrato com o treinador português, que ficou blindado com uma cláusula de rescisão 12 vezes superior ao que tinha anteriormente, que era de 1,5 milhões de euros.

Abel sente-se bem no Verdão e, mesmo sabendo que continuar num lugar onde já ganhou tudo é arriscar perder a aura de conquistador, quer manter-se no Brasil, por isso disse não a um contrato das arábias e a clubes da Premier League.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Sebastiao Moreira / EPA