O Banco Central Europeu (BCE) optou esta quinta-feira por manter tudo inalterado no que respeita aos juros diretores da zona euro, uma decisão largamente esperada pelo mercado, que tem vindo a ajustar as suas projeções quanto ao arranque da normalização da política monetária.
As taxas de referência para a moeda única mantêm-se assim entre 4% e 4,5%, um nível recorde que se verifica desde setembro do ano passado e que tem ajudado à descida do indicador de preços para a zona euro no último ano.
Recorde-se que a inflação no bloco europeu chegou a 10,6% em termos homólogos em outubro de 2022, tende recuado desde então até 2,4% em novembro.
A leitura mais recente, de fevereiro, aponta para uma variação de 2,6%, menos do que os 2,8% de janeiro.
Ainda assim, e apesar dos medos de uma recessão no espaço europeu, o BCE tem procurado combater a visão do mercado de que os juros poderão começar a descer já em abril, sublinhando, ao invés, a necessidade de monitorizar os dados que forem surgindo, sobretudo do lado dos salários.
Christine Lagarde, presidente do banco central, reiterou repetidas vezes que a dinâmica salarial continua demasiado aquecida, agravando o risco de efeitos de segunda ordem.
A visão dos governadores é que os dados do mercado laboral no primeiro trimestre serão chave, dados esses que só serão conhecidos depois da reunião de abril, o que afasta a possibilidade de cortes já na próxima reunião.
A autoridade monetária também atualizou as suas projeções macro, revendo em baixa o crescimento e a inflação.
O PIB da zona euro deve avançar apenas 0,6% este ano, menos do que os 0,8% anteriormente estimados, antes de recuperar para 1,5% em 2025 (igual às previsões lançadas em dezembro) e 1,6% em 2026, uma revisão em alta de 0,1 pontos percentuais (p.p.).
Já a inflação foi revista em baixa para 2,6% este ano, um corte de 0,1 p.p., e atualizada em alta para 2026, com 2%, mantendo-se a previsão de 2% para o próximo ano.
O indicador core foi cortado para este ano de 2,7% para 2,6%, com revisões em baixa de 2,3% para 2,1% no próximo ano e de 2,1% para 2% em 2026.
Estes cortes nas previsões para o indicador de preços são justificados com uma componente energética menos aquecida, embora o BCE continue a falar em “pressões domésticas ainda fortes, em parte devido ao forte crescimento dos salários”.
Fonte e crédito da imagem: O Jornal Económico / Portugal