Pelo menos 16 pessoas morreram num tiroteio neste domingo na famosa praia de Bondi, em Sydney, classificado pelas autoridades australianas de ataque terrorista.
O número de mortos inclui uma criança e um dos atiradores, enquanto o outro foi detido pela polícia e está entre os pelo menos 38 feridos.
“O segundo alegado atirador está em estado crítico”, refere a polícia de Nova Gales do Sul em comunicado. Dois agentes e uma criança estão entre os feridos e “um número de itens suspeitos localizados na vizinhança estão a ser examinados por agentes especializados e há uma zona de exclusão”.
A polícia também está a investigar a possível existência de um terceiro atirador. Enquanto isso, há relatos de que a casa de um dos atiradores terá sido alvo de buscas por parte da polícia local. Aliás, e segundo avança a imprensa australiana, um dos atiradores já seria conhecido das autoridades.
“Este ataque foi desenhado para atingir a comunidade judaica de Sydney”, disse em conferência de imprensa Chris Minns, o governador de Nova Gales do Sul, onde decorreu o tiroteio.
“O que devia ser uma noite de paz e alegria celebrada nessa comunidade com famílias, foi estilhaçada por este ataque horrorífico e maléfico”.
O tiroteio aconteceu no local onde estava a ocorrer o evento “Chanukah by the Sea”, no primeiro dia do Hanukkah, a festa religiosa judaica, perto de um parque infantil.
Vários objetos suspeitos foram retirados de um automóvel estacionado nas imediações com a polícia a desconfiar que se poderão tratar de engenhos explosivos improvisados.
Uma das vítimas mortais é o rabino Eli Schlanger, que liderava a missão Chabad em Bondi há 18 anos, confirma a ABC Australia. Israel também já confirmou que um dos seus cidadãos estava entre os mortos e outro estaria ferido.
“Declarei isto um incidente terrorista”, afirmou o comissário da polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon. “Sabemos que estavam lá muitas pessoas para celebrar uma ocasião feliz, a celebração do Hanukkah. E estavam bem mais de mil pessoas lá quando isto aconteceu”.
O Presidente de Israel, Isaac Herzog, descreveu o tiroteio como um “ataque muito cruel sobre judeus”.
Reforçando ser “muito cedo” para ter algumas informações, o comissário da polícia recusou detalhar idades das vítimas e a identidade dos suspeitos. “Sei que está a circular nas redes sociais a identidade de uma pessoa que acreditam ser um dos atiradores. Quando pedi calma, isso é muito importante. Esta não é a altura de retribuição”.
Um vídeo publicado nas redes sociais mostra um homem desarmado a derrubar, pelas costas, um dos suspeitos enquanto este disparava na direção oposta.
O homem conseguiu agarrar a arma do suspeito, que disparou um tiro enquanto lutavam, e retirou-a depois das mãos do suspeito, vestido com roupa preta, virando a arma contra o suspeito, que se começou a afastar.
O homem pousa, de seguida, a arma, e levanta as mãos.
O tiroteio ocorreu pelas 18h45 em Sydney, 7h45 em Portugal continental.
Marcelo condena “a violência originada pelo antissemitismo”
O Presidente da República manifestou a “profunda consternação” com o “violento ataque terrorista” na praia de Bondi e condenou “a violência especialmente originada pelo ódio, nomeadamente o antissemitismo”.
Numa nota divulgada na página oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa diz ter recebido “com profunda consternação as notícias sobre o violento ataque terrorista levado a cabo em Bondi Beach, que provocou inúmeras vítimas mortais e feridos, incluindo crianças”.
“O Presidente da República reafirma a sua condenação da violência especialmente originada pelo ódio, nomeadamente o antissemitismo, o racismo, a xenofobia, a intolerância, que nos lembra os tempos mais negros da nossa história recente, que atenta contra a dignidade humana e o respeito pelo outro”, lê-se.

Na nota, Marcelo Rebelo de Sousa transmite, “neste momento de grande dor”, “toda a solidariedade fraterna e sentido pesar às famílias das vítimas, bem como às autoridades australianas e ao povo da Austrália”.
Também o Governo português condenou veementemente o ataque, classificando-o como “um ato hediondo de antissemitismo”.
“O Governo português condena veementemente o ataque contra a celebração de Hanukkah em Bondi Beach, na Austrália – um acto hediondo de antissemitismo”, afirmou, em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Na nota, o executivo expressa “sentidas condolências às famílias das vítimas, ao povo e autoridades australianas, bem como a toda a comunidade judaica”.
Fontes: www.rr.pt / Diário de Notícias – Portugal
Crédito das imagens: George Chan / Getty Images e O Jornal Económico / Portugal