As medalhas não se prometem: “acontecem”. O objetivo de Portugal para os Mundiais de Atletismo, que vão decorrer em Tóquio a partir de sábado, explica o diretor técnico nacional, é replicar o trabalho feito durante a época e colocar os atletas em posição de lutar por bons resultados.
Em entrevista a Bola Branca, José Barros não promete pódios, num campeonato que “está fora do período normal” para a sua realização.
Embora a planificação tenha sido feita com a data em consideração, os atletas portugueses “não estão habituados a ter uma época tão prolongada” e o que a Federação Portuguesa de Atletismo garante é que “toda a gente teve no Mundial o objetivo da sua preparação e foram criadas condições para que tal aconteça”. As expectativas, contudo, “são próprias de cada um”, sublinha o diretor técnico nacional.
“Não é aumentar ou retirar pressão quando não falamos em medalhas. O objetivo é sempre concretizar na grande competição todo o bom trabalho que tem vindo a ser realizado. As medalhas não se podem prometer; elas acontecem em função de muitas variáveis e nós estaremos, de certeza absoluta, com vários atletas na luta por lugares de finalistas. E quem vai a uma final arrisca-se a lutar por uma medalha”, assinala.
Lutar “pelo melhor possível”
O mesmo se aplica aos recordes nacionais, mesmo “quando passamos por uma época em que estamos quase nos 70 recordes nacionais estabelecidos”, como refere José Barros: “Os recordes não se conseguem prever na sua plenitude. Agora, temos nesta grande competição atletas que mostraram ao longo do ano que estavam em grande condição. Esperemos que aconteça. Nada está fora de questão.”
Quanto a quem está mais habilitado a conquistar medalhas, e em que disciplinas, o diretor técnico nacional recusa dizer nomes.
“Temos um conjunto de atletas que lideram ou estão próximos da parte superior dos rankings mundiais das várias disciplinas, atletas que foram medalhados nas últimas grandes competições e que se apresentam também com o objetivo de estar nas finais e, nas finais, lutarem pelo melhor possível”, realça, numa referência a atletas como Pedro Pablo Pichardo, do triplo salto, Isaac Nader, dos 1.500 metros, Auriol Dongmo, do lançamento do peso, e Liliana Cá, do disco, entre outros.
Atletas que, “se tudo correr normalmente, vão estar novamente na luta”, como nos Jogos Olímpicos e Europeus, e em Mundiais anteriores.
Zero medalhas “nunca será desilusão”
Portugal terminou a participação em Budapeste 2023 sem medalhas. Repetir um Mundial sem pódios “nunca será uma desilusão”, afiança José Barros, porque, “para se conseguir medalhas, é preciso estar lá”.
“O grande objetivo é aumentar o número de atletas que estejam presentes em meias-finais e em semifinais, porque, a partir daí, já estão na preparação para a fase seguinte, que é lutar pelo pódio. O que seria uma desilusão era que as pessoas não concretizassem nesta grande competição o bom trabalho e a preparação que fizeram para estar presentes. Isso aí é que seria motivo de avaliação”, assegura.
Portugal leva para Tóquio a maior delegação de sempre em Mundiais, com 31 atletas.
São mais de 50 elementos, entre oficiais, profissionais da área médica e de comunicação, e líderes técnicos e diretivos: “É uma comitiva ampla, que abraça quase todas as áreas do atletismo.”
“Por enquanto, ainda não conseguimos abarcar as provas combinadas, mas temos uma representação também numa estafeta de 4×400 metros, que é sempre muito significativo. Temos um grupo que partiu já no dia 3, o grupo dos atletas que vão começar a competir logo no início do Mundial, para fazer a sua adaptação ao fuso horário e às condições climatéricas. Fizeram o estágio em Oita. E há muito pouco tempo, partiu o segundo grande grupo, dos atletas que vão começar mais tarde a sua competição e já vão fazer a sua adaptação no próprio local da competição, em Tóquio”, explica o diretor técnico nacional.
Portugal fez testes genéticos a 17 atletas para provar que são mulheres
As atletas femininas tiveram de fazer testes genéticos para provar que são mulheres, conforme as novas regras da World Athletics.
Foi durante os campeonatos de Portugal, em que José Barros também marcou presença. O diretor técnico, que enaltece a forma como a Federação conseguiu mobilizar-se para cumprir as novas normas “em curto espaço de tempo”, não se apercebeu de “nenhum problema”.
“Eu estive nos campeonatos, soube de tudo aquilo que aconteceu na organização e não me apercebi absolutamente de nenhum problema. Não tenho conhecimento, o que quer dizer que não possa ter existido, de nenhuma situação de desconforto ou de algum problema criado por isto. Não posso dizer absolutamente que não tenha acontecido, eu é que não tenho conhecimento”, salienta, nestas declarações à Renascença.
Fonte: www.rr.pt
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