O primeiro-ministro reconheceu que “houve problemas dentro do governo”, referindo-se às demissões de ministros e secretários de Estado nos últimos meses. “O governo pôs-se a jeito e cometeu erros”, afirmou em entrevista à RTP, esta segunda-feira à noite. No entanto, o chefe de Governo admitiu que as mudanças no Governo não se comparam aos “problemas do dia-a-dia” dos portugueses.
Um ano após ter alcançado a maioria absoluta em janeiro de 2022 e depois da saída de ministros e de secretários de Estado nos últimos meses, António Costa afirmou que o “Governo pôs-se a jeito e cometeu erros”.
Em entrevista à RTP, o primeiro-ministro assume ter aprendido “muito no último ano”, sobretudo na necessidade de “escrutínio” e de resposta atempada a “qualquer dúvida” que possa surgir. Quanto aos casos judiciais, que poderão envolver membros do Governo, Costa disse que as situações têm de ser analisadas “caso a caso”.
Apesar de reconhecer “que houve problemas”, o primeiro-ministro apontou que as alterações nos elementos do Governo “não se comparam com os problemas do dia-a-dia dos portugueses”. Questionado sobre a crise na habitação, Costa anunciou que haverá um Conselho de Ministros exclusivamente dedicado ao tema, a 16 de fevereiro.
“Haverá uma nova lei com um conjunto de medidas transversais”, onde se incluem mais solos públicos para a habitação, incentivos a promotores privados para a construção e mais apoios ao arrendamento jovem.
António Costa não descartou a possibilidade de serem criados mais apoios para responder à subida de preços. “Podemos tomar mais medidas”, precisou, se houver “margem na nossa disponibilidade orçamental”.
As buscas recentemente realizadas na Câmara Municipal de Lisboa e que visaram processos urbanísticos do ex-vereador Manuel Salgado, durante o mandato de Fernando Medina na autarquia, ocuparam grande parte da entrevista.
Um tema que levou o primeiro-ministro a assumir que, “por princípio”, um elemento do Governo acusado não deveria continuar em funções. “Temos de aguardar o resultado das investigações. (…). Não podemos fazer pressão sobre a justiça”, referiu.
“Preocupado” com greve
Sobre a greve dos professores, que tem decorrido ininterruptamente desde dezembro, o chefe de Governo reconheceu estar “preocupado” com as aprendizagens. “Compreendo a frustração acumulada dos professores. (…). Mas, em 2018, acabamos com o congelamento das carreiras”.
Costa disse não ter ainda resposta do Ministério Público quanto à legalidade da paralisação desencadeada pelo Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.T.O.P), mas defendeu que o diálogo com os professores tem sido “perturbado com mentiras”.
Fonte: Jornal de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Leonardo Negrão / Global Imagens