André Ventura reagiu às palavras do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que defendeu esta quarta-feira, numa carta enviada aos alunos da Universidade de Verão do PSD, que há uma “diferença entre a realidade e os discursos e narrativas” no que diz respeito à imigração proposto pelo Chega.
“Sem ter recebido ainda a proposta de referendo submetida à Assembleia da República, deveria ter, por esse mesmo motivo, um maior dever de reserva e de cautela”, sublinhou Ventura, numa resposta direta a Marcelo.
Apesar do chefe de Estado não ter referido o partido de André Ventura ou o referendo que propôs, o líder do partido pediu uma audiência a Marcelo para falar sobre a pertinência do tema, que considera ser “uma questão nacional”.
Por esse motivo, André Ventura voltou a sublinhar que quer “questionar os portugueses sobre a matéria”, que diz ser “decisiva para as empresas”.
O líder do Chega voltou a lembrar as perguntas que o partido propõe que constem no referendo, sublinhando que “não sugerem uma resposta”.
“Concorda que anualmente a Assembleia da República defina um limite máximo para concessão de autorizações de residência a cidadãos estrangeiros?” e “Concorda que seja implementado em Portugal um sistema de quotas de imigração, revisto anualmente, orientado segundo os interesses económicos globais do país e das necessidades do mercado de trabalho?”, enumerou, destacando que o objetivo é “perguntar aos portugueses se querem continuar com uma política de imigração absolutamente aberta ou se querem regulação”.
O presidente do Chega também vincou que, caso o referendo avance, haverá a “exigência de um reforço financeiro para o controlo de fronteiras”, “ainda sem estarem esgotados todos os mecanismos para a aceitação do Orçamento do Estado”.
André Ventura lembrou que a posição do partido face a proposta de Orçamento do Estado para 2025 do Governo dependerá da negociação do referendo para a imigração.
André Ventura ainda referiu que esta questão “não é um joguete político, é uma questão estrutural para o futuro”.
Questionado sobre como é que encaixa as suas convicções face às declarações do Papa Francisco, que defendeu que é “pecado grave” não ajudar os migrantes que saem dos seus países de origem em navios, em condições precárias, André Ventura reforçou que é “católico praticante”.
“Só que ser católico praticante e ter valores profundos do cristianismo nada tem que ver com uma política de portas escancaradas”, destacou, acrescentando que “países francamente cristãos e mais desenvolvidos do que Portugal” regulam a imigração.
“Se não tivéssemos uma política de portas escancaradas não estaríamos a caminhar para termos 15% de população imigrante”, concluiu.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
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