Álvaro Almeida é o novo diretor executivo do SNS, que assim preenche a vaga deixada em aberto pela demissão de Gandra d’Almeida, que se demitiu na sexta-feira na sequência de uma reportagem da SIC, que revelou uma acumulação indevida de cargos durante mais de dois anos como médico tarefeiro em Faro e Portimão e diretor da delegação do Norte do INEM.
O nome de Álvaro Almeida foi avançado pelo Observador e confirmado pelo DN junto do gabinete da ministra da Saúde. O DN sabe que Ana Paula Martins vai aproveitar este momento para fazer uma revisão aos estatutos da Direção Executiva, tal como está no programa do Governo. Segundo Ana Paula Martins, que falava aos jornalistas, após uma visita ao centro de Saúde do Catujal, a escolha de Álvaro Almeida assenta no perfil do economista e ex-presidente da ARS Norte e da Entidade Reguladora da Saúde (ERS).
O novo diretor executivo foi presidente da ERS entre 2005 e 2010. É professor associado na Faculdade de Economia da Universidade do Porto, tendo como habilitações um doutoramento em Economia pela London School of Economics and Science.
E foi ainda deputado do PSD, tendo inclusive sido candidato à Câmara Municipal do Porto nas eleições autárquicas de 2017. Assumiu ainda a presidência da ARS Norte a partir de janeiro de 2015, tendo pedido a demissão assim que Adalberto Campos Fernandes assumiu a pasta da Saúde, no primeiro Governo de António Costa.
Ana Paula Martins explicou ainda que o nome do economista irá ainda à CReSAP, mas que esta escolha de um economista ligado à gestão da Saúde tem a ver também com “a transformação que se pretende para a organização da Direção Executiva”, dizendo que Álvaro Almeida reúne “o conhecimento do terreno”, mas também “o conhecimento que advém da academia”.
A governante referiu ainda que o mais importante agora “será concretizar a trasnformação que se pretende para a Direção Executiva”. Álvaro Almeida irá agora escolher a sua equipa. O seu nome irá ao Conselho de Ministros de quinta-feira, para se formalizar a sua nomeação, e depois irá ao crivo da CReSAP.
Aos 60 anos, feitos a 17 de novembro de 1964, o economista, nascido no Porto, aceitou o convite formalizado pela ministra da Saúde, nesta segunda-feira, para dirigir o SNS.
Recorde-se, e tal como o DN noticiou, Álvaro Almeida era dos nomes melhor posicionados na ‘short list’ que Ana Paula Martins tinha na sua posse, embora fontes do setor tenham referido ao DN que seria o nome com o “perfil mais académico” e “sem experiência ou vivência no SNS”.
Já quando foi nomeado para presidente da ERS, Álvaro Almeida foi considerado por alguns como “o candidato fora da caixa”.
Agora, para algumas fontes da Saúde, volta a ficar essa sensação, mas, pelos vistos, é o nome que reúne os critérios que Ana Paula Martins pretende para a liderança do SNS, juntando o lado economista, gestor e conhecimento do SNS, pela passagem na ERS e pela ARS Norte, além de ser um homem do partido, o que não acontecia com outros nomes avançados durante o fim de semana como possíveis candidatos.
Da listagem avançada, faziam parte o presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde de Coimbra, Alexandre Lourenço, mas que foi considerado “mais próximo do PS”, explicaram ao DN. Tal como o presidente da ULS de Santa Maria, Carlos Martins, mais próximo do PSD, mas com “dificuldades em mudar-se para o Porto”.
Havia ainda o médico António Ferreira, ex-presidente do Conselho de Administração do São João, que ao ser sondado terá dito de imediato que não estaria disponível. O médico Nelson Pereira, ex-diretor do INEM no Norte, ex-diretor da Urgência e Medicina Intensiva do São João e agora diretor clínico da ULS Tâmega e Sousa, também estava na lista, mas a escolha acabou por recair em Álvaro Almeida.
Ministra não assume se teve conhecimento de duplicação de funções de Gandra d’Almeida.
No final das declarações sobre a escolha de Álvaro Almeida, Ana Paula Martins foi confrontada pelos jornalistas sobre se teria conhecimento da duplicação de funções de António Gandra d’Almeida, já que estas estavam mencionadas no relatório da CReSAP, conforme avança esta terça-feira o jornal Correio da Manhã, mas na resposta dada a governante diz que “não”.
Confrontada então com o facto de estas estarem no relatório da CReSAP e até com o facto de ter “aceite de imediato” a demissão do diretor executivo em cessação de funções, Ana Paula Martins respondeu que “o parecer da CReSAP foi positivo ao perfil do Dr. Gandra d’Almeida para diretor executivo”.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: https: www.observador.pt