Agualusa recebe Prémio Literário Manuel de Boaventura com ‘Mestre dos Batuques’

O escritor José Eduardo Agualusa foi distinguido pelo Município de Esposende com o Prémio Literário Manuel de Boaventura, na sua quinta edição, pelo romance ‘Mestre dos Batuques’.

O concurso teve inscritas 201 obras provenientes de diversos países de língua oficial portuguesa, confirmando a dimensão internacional do galardão.

Durante a cerimónia, realizada no Auditório Municipal de Esposende na última sexta-feira (19), o presidente da Câmara sublinhou a ligação entre a matriz local da obra de Manuel de Boaventura e a sua projeção universal.

Carlos Silva destacou que o escritor homenageado “fala destas terras, das suas gentes e dos seus costumes, projetando-os no mundo”, acrescentando que a distinção é relevante tanto para Agualusa como para o próprio prémio, uma vez que “a obra de Agualusa amplia a sua projeção”.

Impedido de estar presente, José Eduardo Agualusa fez-se representar pelo seu editor, Francisco José Viegas, e enviou uma mensagem em vídeo na qual agradeceu ao Município de Esposende “pela criação e manutenção deste prémio” e ao júri “pelo generoso reconhecimento”.

O autor confessou sentir-se honrado por integrar o grupo de vencedores e afirmou que o galardão “se está a transformar numa espécie de confraria literária”.

Sublinhou ainda a importância dos prémios literários, considerando que, embora “não mudem o mundo”, podem transformar o percurso de um escritor, ao proporcionar “tempo, visibilidade e fôlego para continuar”.

“Um dos grandes autores da lusofonia”

Francisco José Viegas, escritor e editor da Quetzal, recebeu o prémio em nome de Agualusa e agradeceu à família de Manuel de Boaventura e à autarquia por manterem vivo um galardão que “faz dos autores embaixadores da literatura”.

Recordou igualmente a ligação de José Eduardo Agualusa ao litoral norte e o início da colaboração com a editora, nos anos 1980.

O júri do Prémio Literário Manuel de Boaventura 2025, composto por Sérgio Guimarães de Sousa, Fernando Alexandre Lopes e Maria Luísa Leite, deliberou por unanimidade atribuir a distinção a “Mestre dos Batuques”.

Para o presidente do júri, Agualusa é “um dos grandes autores da lusofonia”, destacando-se pela mensagem de multiculturalidade, tolerância e ressonância política da sua obra.

De periodicidade bienal e com um valor pecuniário de 7500 euros, o prémio distingue obras de criação narrativa, nas modalidades de romance ou conto.

Desde 2017, já foram distinguidos autores como Ana Margarida de Carvalho, Filipa Martins, Mia Couto, Giovana Madalosso e Rui Couceiro.

A cerimónia contou ainda com momentos musicais protagonizados por Marta Vilaça e Joana Lamela, sendo esta última trineta de Manuel de Boaventura, num apontamento simbólico que reforçou a ligação entre literatura, memória e identidade local.

Fonte: www.jn.pt

Crédito da imagem: Luísa Nhantumbo / Lusa