“Tivemos ocasiões que davam para vencer quatro ou cinco jogos”. A frase de Roger Schmidt, no final do empate do Benfica com Farense (1-1), tem tanto de factual como de incapacidade própria.
Apesar do excelente desempenho de Ricardo Velho na baliza dos leões de Faro, o empate resume uma gritante falta de eficácia dos campeões nacionais, que só fizeram um golo em 36 remates (um recorde na I Liga 2023-24) e podem ver fugir o Sporting na liderança à 13.ª jornada.
Não foi por falta de oportunidades criada que o Benfica chegou ao intervalo sem qualquer golo (válido) marcado. Dos 17 remates da equipa encarnada, oito foram enquadrados com a baliza e um deles acertou no poste – Otamendi aos 30 minutos.
Antes disso, Tengstedt, que voltou a merecer a confiança de Roger Schmidt para começar o jogo de início, ainda meteu a bola na baliza, mas o lance foi anulado por fora de jogo para desilusão de milhares de adeptos presentes no Estádio da Luz.
O Farense também teve os seus bons momentos na primeira parte – Matheus Oliveira foi um perigo à solta e teve duas oportunidades para inaugurar o marcador -, mas o Benfica produziu o suficiente para ir para o intervalo a vencer e só não o conseguiu também por culpa da exibição de Ricardo Velho na baliza.
Nos últimos sete jogos, as águias só por uma vez chegaram ao intervalo em vantagem (com o Inter, 3-0 e sendo que acabaram empatados). Rafa testou Ricardo Velho no regresso do intervalo, mas o guardião dos algarvios parecia determinado em ser o homem do jogo e impediu-lhe o golo. O nulo no marcador persistia e prometia fazer aumentar a ansiedade benfiquista no segundo tempo.
Depois a equipa de José Mota ficou a pedir grande penalidade por mão na bola de Otamendi, mas o árbitro mandou jogar e Cláudio Falcão vingou-se na baliza de Trubin. A perder, Roger Schmidt mexeu na equipa e fez entrar Petar Musa e Gonçalo Guedes, mas as bancadas não lhe perdoaram o facto de ter tirado João Neves e brindaram-no com uma monumental assobiadela.
Quem fez orelhas moucas ao desconforto sonoro foi Rafa, que teve em Aursnes o assistente mor no empate (aos 71 minutos) e no lance em que o camisola 27 quase bisava no jogo, num lance com selo norueguês. Morato foi um dos melhores do Benfica e tentou a reviravolta de cabeça, na transformação de um canto, mas a bola não teve o destino esperado e desejados pelos homens da Luz.
Numa partida com 36 remates, 12 deles enquadrados com a baliza, as águias não conseguiram mais do que um empate a um golo. A excelente exibição de Ricardo Velho na baliza e um Farense competitivo, aguerrido e acertivo não explicam tamanha falta de finalização dos campeões nacionais, que somaram o terceiro jogo seguido – Moreirense, Inter e Farense – sem vencer pela primeira vez na temporada.
O Benfica tem agora 30 pontos na tabela classificativa. Desde 2018-19 (29 pontos) que os encarnados não somavam tão poucos pontos à 13.ª jornada. A boa notícia é que ainda é possível recuperar e chegar ao fim em primeiro como Bruno Lage fez, depois de pegar na equipa após a saída de Rui Vitória.
Roger Schmidt corre agora o risco de ver o Sporting destacar-se ainda mais na liderança – tem um ponto de vantagem e menos um jogo – além de poder ser ultrapassado pelo FC Porto, que tem 28 pontos e que hoje joga com o Casa Pia. Já o Farense pontuou pela primeira vez no Estádio da Luz e ocupa isolado o 7.º lugar.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Patrícia Melo Moreira / AFP