O embaixador israelita em Portugal, Dor Shapira, defendeu, numa vigília em Lisboa, o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, quando disse ao represente da Palestina que foram alguns palestinianos a desencadear o novo conflito em Gaza.
“Ele [Marcelo Rebelo de Sousa] disse a verdade. Eles [palestinianos] começaram a guerra em 07 outubro. Foi o que ele disse e não entendo o problema”, declarou à Lusa o diplomata, à margem de uma vigília organizada pela comunidade Israelita de Lisboa na Praça do Município na capital portuguesa a propósito da controvérsia que envolveu o Presidente português.
Durante uma visita ao Bazar Diplomático, no Centro de Congressos de Lisboa, na sexta-feira, o chefe de Estado disse ao líder da missão diplomática da Palestina em Portugal que alguns palestinianos “não deviam ter começado” esta guerra com Israel e aconselhou-os a serem moderados e pacíficos.
Após uma manifestação pró-palestiniana e de protesto contra as palavras do Presidente da República, no domingo junto ao palácio de Belém – e que contou com a presença do próprio Marcelo Rebelo de Sousa -, o chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal afirmou, em entrevista à RTP, que esperava outro discurso do estadista português.
“Estava à espera palavras de empatia pelo Presidente da República, sobre os 10 mil palestinianos civis que foram mortos em Gaza, que não estavam de modo algum envolvidos no conflito”, frisou Nabil Abuznaid, citando números das autoridades locais, controladas pelo Hamas, que protagonizou o ataque de 07 de outubro.
Na vigília hoje ao fim da tarde em Lisboa, o embaixador israelita questionou alguns pronunciamentos pró-Palestina e anti-Israel sobre o conflito em protestos realizados em Portugal, descrevendo-os como casos de manifestações antissemitas quando se entoam cânticos sobre “libertar a Palestina do rio Jordão até ao mar”, o que, adverte, “significa destruir o Estado de Israel”.
Dor Shapira ignora se algumas pessoas “sabem sequer o que estão a dizer”, mas traçou “linhas vermelhas entre a liberdade de expressão e o terrorismo”, referindo-se aos ataques do movimento islamita palestiniano Hamas, que deixaram, segundo as autoridades de Telavive, cerca de 1.400 pessoas mortas com relatos de extrema brutalidade, e mais de 200 levadas para a Faixa de Gaza na condição de reféns.
A propósito da acusação feita a Israel de falta de proporcionalidade nos ataques que, desde 07 de outubro, tem levado a cabo contra o Hamas naquele enclave palestiniano, o diplomata questiona se os críticos esperam que as Forças de Defesa de Israel façam o mesmo do que o Hamas, em 07 de outubro, numa alusão aos episódios relatados de mortes de civis de forma cruel e desumana e violações de mulheres.
“Eu também defendo a paz e é do meu interesse que os dois povos vivam pacificamente lado a lado. Tenho família e filhos a morar em Israel”, afirmou. No entanto, insistiu que “uma coisa é a paz e outra é o terrorismo”.
Sob o lema “Together We Stand (“Estamos Unidos”), a vigília desta terça-feira em Lisboa reuniu algumas dezenas de participantes a propósito dos 30 dias desde o ataque do Hamas e foram lembrados os 241 reféns cativos pelo movimento palestiniano.
O Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo mais de duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infraestruturas do grupo na Faixa de Gaza antes de iniciar uma incursão terrestre no enclave e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Paulo Spranger / Global Imagens