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Mundial de râguebi: País de Gales foi um bom ensaio para Portugal. Venha de lá a Geórgia

Aquele momento em que Nicolas Martins marcou um ensaio para Portugal simboliza muito da valentia e atrevimento da seleção nacional de râguebi.

Pese embora a derrota (28-8) em Nice, em França, diante de um dos gigantes da modalidade, o País de Gales, a exibição portuguesa no regresso aos campos mundiais no último sábado, depois dessa primeira presença no Mundial 2007, mostrou, que passados 16 anos há mais capacidade para atuar nesses palcos.

E se não fossem aqueles dois pontapés de Samuel Marques terem batido no poste… a equipa das quinas teria superado os 13 pontos marcados à nova Zelândia, em 2007.

As lágrimas de alguns deles quando ouviram A Portuguesa, como foi visível no rosto de José Lima – um dos melhores lobos em campo, se é que se podem separar entre bons e menos bons – mostram o sentimento por detrás do símbolo que ostentaram pela primeira vez num Campeonato do Mundo.

Apesar de 17 dos 33 convocados já serem profissionais ainda há 16 lobos amadores, que precisaram de grande esforço e boa vontade de alguns patrões para poderem representar Portugal. O estágio foi longo e durou quase três meses, mas o trabalho mostrado diante de Gales está mais do que justificado.

Com vários jogadores da seleção pioneira presentes na bancada do Estádio Allianz Rivera a convite de Federação Portuguesa de Râguebi, como Rui Cordeiro (autor do ensaio aos All Blacks em 2007), Joaquim Ferreira, Juan Murré, André da Silva, Diogo Coutinho, Pedro Cabral, Gonçalo Malheiro, Frederico Sousa, Vasco Uva e o ex-selecionador Tomaz Morais, entre outros, os lobos versão 2023 entraram muito bem no jogo e tiveram períodos de domínio.

A equipa igualou na percentagem de sucesso das placagens (78% para cada formação) e superiorizou-se na quantidade das mesmas (167-114), como é natural face à esperada maior posse de bola do adversário (57%-43%). A equipa orientada por Patrice Lagisquet equilibrou também nas conquistas nas fases estáticas (18-18) e levou a melhor nos turnovers ganhos (7-5) e nos roubos de bola no alinhamento (2-1).

Apesar da boa entrada no jogo, Portugal viu Gales fazer um ensaio e partir na frente do marcador. Obra de Rees-Zammit, um dos dois elementos que permaneceram no 15 inicial em relação ao jogo com as Ilhas Fiji, que festejou à Cristiano Ronaldo na barba dos portugueses.

Um atrevimento justificado pela beleza do lance que colocava os galeses em natural vantagem. Ao intervalo, os portugueses perdiam por 14-3.

Cientes de quem estavam a defrontar, a estratégia portuguesa passou por chutar sempre que tiveram penalidades à disposição, mas Samuel Marques, o dono do pontapé aos EUA que colocou Portugal no Mundial, acertou dois (em três) nos postes – o outro foi fora.

Sem ter o domínio do jogo, Gales ia marcando pontos, com os ensaios de Dewi Lake e Jac Morgan. Portugal reagiu, após um alinhamento dentro dos 22 metros galeses, por Nicolas Martins, chegando assim aos oito pontos.

O jogador de 24 anos foi apontado por vários especialistas, incluindo de jornais novazelandeses como “o jogador a seguir” da equipa portuguesa e mostrou porque, com uma exibição coroada pelo ensaio. Nicolas Martins é um dos filhos da emigração francesa que Patrice Langisquet trouxe para a alcateia portuguesa.

Os galeses iriam terminar com mais um ensaio, de Taulupe Faletau, que valeu, além dos quatro pontos, o ponto de bónus ofensivo, fixando o resultado final em 28-8, o que não permitiu aos Lobos levar qualquer ponto.

A diferença de 20 pontos não tira brilho ao desempenho da equipa portuguesa, mas serve de alerta para alguns erros próprios e alguma inexperiência.

Com esta vitória, o País de Gales lidera o grupo com 10 pontos, em dois jogos, enquanto Portugal ocupa a última posição, sem pontos, em igualdade com a Geórgia, quarta, ambas as seleções com um encontro realizado e sendo que ambos se defrontam no dia 23. Em teoria esse é o jogo em que os Lobos podem discutir o resultado.

Marcelo no Portugal-Austrália

António Costa assistiu ao duelo de Portugal com o País de Gales e Marcelo Rebelo de Sousa irá assistir à partida da seleção com a Austrália (dia 1 de outubro).

No sábado, antes da estreia diante de Gales, o Presidente da República considerou que a seleção portuguesa de râguebi “está numa forma muito boa, psicologicamente muito boa, jogam muito bem”.

E revelou alguma inveja de Santos Silva. “Pelo meio, o senhor presidente da Assembleia da República tem mais sorte, porque assiste ao jogo com a Geórgia, aquela equipa que está mais ao nosso nível”, disse o Presidente!

Agora só falta saber quem irá assistir ao último encontro de Portugal no Grupo C, com as Ilhas Fiji, a 8 de outubro.

Fonte: diário de Notícias: Portugal

Crédito das imagens:  Nicolas Tucat / AFP