O artista plástico colombiano Fernando Botero, cuja obra se destaca pela representação da figura humana em formas redondas e volumosas, morreu esta sexta-feira, aos 91 anos, no Mónaco, revelaram o El País e a W Radio.
De acordo com estes dois media, Fernando Botero morreu em casa, no Mónaco, onde recuperava de uma pneumonia.
Considerado um dos nomes mais conhecidos das artes colombianas, Fernando Botero expôs várias vezes em Portugal, nomeadamente em 2012, com a mostra de pintura e desenho “Via Crucis”, no Palácio da Ajuda, e em 1997, com uma exposição de esculturas na Praça do Comércio, ambas em Lisboa.
Fernando Botero nasceu em 1932, em Medellín, cidade que o homenageou com a Praça Botero, um espaço público arborizado com mais de duas dezenas de esculturas, reconhecíveis pelas formas volumosas.
Em Lisboa, é possível ver uma escultura em bronze, intitulada “Maternidade”, no topo do Parque Eduardo VII.
Abordou também temas em resposta imediata à atualidade, como a violência do narcotráfico na Colômbia, que levou a uma série de pinturas em que representava o traficante Pablo Escobar capturado pela polícia, e a tortura na prisão de Abu Ghraib, no Iraque, sob administração norte-americana, após a invasão de 2003.
“Penso muitas vezes na morte e entristece-me deixar este mundo e não poder trabalhar, porque tenho muito prazer no meu trabalho”, afirmou o artista à agência France-Presse em 2012, quando cumpriu 80 anos.
Fernando Botero, que fez ilustração e cenografia, viveu nos Estados Unidos, mas em contra-corrente com a ‘pop art’; estudou em Espanha, viveu em França e em Itália, onde descobriu os renascentistas – fez a sua própria interpretação volumosa de “La Gioconda”, de Da Vinci –, admirou a arte pré-colombiana e os murais de Rivera e Orozco, mas construiu a sua própria identidade dentro da arte figurativa, ao ponto de ser designada de “Boterismo”.
Para a filha, Lina Botero, Fernando Botero “teve uma vida extraordinária e desaparece no momento certo”, como lembrou hoje à rádio colombiana Caracol.
As obras de Botero encontram-se em várias coleções a nível mundial, do Museu Botero em Bogotá, na Colômbia, ao Museu Guggenheim em Nova Iorque e ao Centro Georges Pompidou, em Paris.
Ao longo da carreira, Botero recebeu vários prémios e homenagens, como o Prémio Nacional de Artes da Colômbia, em 2000, e a Ordem Nacional da Legião de Honra da França, em 2004.
A morte de Fernando Botero foi já lamentada na Colômbia pelo atual Presidente, Gustavo Petro, e pelos ex-chefes de Estado Juan Manuel Santos e Álvaro Uribe, nas rede sociais.
“Morreu Fernando Botero, o pintor das nossas tradições e imperfeições, o pintor das nossas virtudes. O pintor da nossa violência e da paz. Da pomba mil vezes recusada e mil vezes posta no seu trono”, escreveu Gustavo Petro, aludindo à escultura de uma pomba que está exposta na sede da presidência colombiana e que alude à celebração do acordo com as Forças Armadas Revolucionários (FARC), em 2016.
Também o ex-presidente Juan Manuel Santos apelidou Fernando Botero de “construtor apaixonado da paz”, enquanto Álvaro Uribe o lembrou como “mestre Botero”.
Em Medellín, foram já decretados sete dias de luto, revelou o jornal El Espectador. O jornal El Tiempo escreveu que “morreu o maior artista colombiano de todos os tempos”.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
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