O primeiro-ministro afirmou esta terça-feira que quer “toda a verdade e doa a quem doer” na comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da TAP, alegando que o país fica sempre melhor quando sabe a verdade.
António Costa falava no Palácio Foz, em Lisboa, numa sessão destinada a assinalar o fim do processo legislativo da nova lei que permitirá às instituições de Ensino Superior Politécnico atribuírem graus de doutoramento.
Interrogado se o Governo está preocupado com o que hoje dirá a presidente executiva demissionária da TAP, Christine Ourmières-Widener, na comissão parlamentar de inquérito, e também sobre o facto de o líder do PSD, Luís Montenegro, ter acusado o direito financeiro desta empresa, Gonçalo Pires, de ter mentido na Assembleia da República, o primeiro-ministro respondeu: “Para que não fique qualquer dúvida, nunca estou preocupado quando se trata de apurar a verdade”.
“Apure-se a verdade, o país nunca fica pior sabendo-se a verdade”, acentuou o líder do executivo.
António Costa frisou depois que o país, pelo contrário, “fica sempre melhor seja a verdade qual seja e doa a quem doer”.
Perante a insistência dos jornalistas no tema da TAP e sobre as consequências que o desfecho da comissão de inquérito poderá ter no seu Governo, o primeiro-ministro limitou-se a reafirmar o seguinte princípio: “A verdade nunca nos deve preocupar”.
“Para já, não antecipemos os resultados e deixemos quem está a trabalhar, trabalhar, concluir os relatórios. Depois, se houver ilações a tirar, tiram-se ilações”, acrescentou.
Costa salienta progresso com instituições politécnicas a atribuirem grau de doutor
Noutro âmbito, o primeiro-ministro considerou que a atribuição do grau de doutor pelas instituições politécnicas representa um passo importante no desenvolvimento das qualificações, na diversificação da oferta do Ensino Superior e no reforço da coesão territorial.
Estas posições transmitidas por António Costa surgem após ter procedido à assinatura da lei da Assembleia da República que permite às instituições do Ensino Superior Politécnico atribuir doutoramentos -um diploma promulgado na semana passada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Tendo na primeira fila da plateia a ministra da Ciência e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e vários presidentes de instituições do Ensino Politécnico, o líder do executivo defendeu que o Ensino Superior Politécnico dá “um contributo único para o país cumprir uma tripla ambição”.
“Dá uma contribuição para vencermos o défice estrutural das qualificações, para reforçar a coesão territorial ao levar o Ensino Superior onde não estava no passado, mas também para a inovação. Como nenhum outro tipo de ensino, o Politécnico tem uma inserção no tecido económico das regiões, na valorização dos recursos endógenos e na capacitação da atividade industrial ou de serviços de cada uma das regiões”, alegou.
Falando após breves intervenções da presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Maria José Fernandes, e de João Pedro Pereira, este último presidente da Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnicos, António Costa considerou que o passo dado para a atribuição do grau de doutor por estas instituições “é da maior importância”, embora possa parecer meramente simbólico.
Neste ponto, o primeiro-ministro assinalou que também se reforçou agora, neste processo legislativo, a internacionalização dos institutos politécnicos, permitindo-lhes a designação em língua inglesa de “Polytechnic University”.
“São dois passos da maior importância porque reconhecem o trajeto do Ensino Superior Politécnico ao longo destes 40 anos. Temos um sistema binário, mas não temos um Ensino Superior de primeira e de segunda. Temos um Ensino Superior com uma oferta diversificada e diferenciadora”, advogou António Costa.
De acordo com dados do Governo, há hoje, em Portugal, um total de 158.623 alunos inscritos em institutos politécnicos, representando 37% dos estudantes a frequentar o Ensino Superior.
Em relação a 2015, o país tem atualmente mais 43.338 alunos inscritos em institutos politécnicos, o que representa cerca de mais 38%.
Ainda segundo os mesmos dados, os politécnicos públicos têm mais 32.144 alunos do que em 2015, e os politécnicos privados aumentaram o número de alunos em 11.194 nos últimos sete anos.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: António Pedro Santos / LUSA