Enquanto houver Ronaldo, com ou sem lufada de ar fresco, o palco será sempre dele (para o bem e para o mal) como se viu hoje, na goleada de Portugal ao Liechtenstein (4-0). A seleção entrou assim a ganhar no arranque da qualificação para o Euro 2024 (é líder do Grupo J), o que não conseguia desde o ano 2000.
Roberto Martínez percebeu que o papel principal ainda é de CR7 quando foi a Riade dizer que contava com ele (mal foi anunciado como selecionador) ou quando passou para segundo plano na conferência de imprensa de antevisão da partida com o Liechtenstein. E não só o manteve como capitão, como voltou a fazer dele titular da seleção, condição perdida no Mundial 2022, com Fernando Santos.
CR7 agradeceu-lhe com dois golos num jogo em que se tornou no jogador mais internacional de sempre da história do futebol. Ronaldo tem agora 197 internacionalizações por Portugal, mais uma que o avançado Bader Al-Mutawa, do Kuwait.
O jogador do Al Nassr já era o melhor marcador de sempre por seleções e reforçou o estatuto ao marcar dois dos quatro golos do triunfo português, somando agora 120 golos de quinas ao peito em 20 anos.
Por vezes é preciso esperar para ver aquilo que já todos pareciam adivinhar. Que Roberto Martínez iria colocar Portugal a jogar com três centrais numa linha defensiva com cinco jogadores.
E sendo assim promoveu a estreia de Gonçalo Inácio, num trio ainda composto por Rúben Dias e Danilo Pereira, com Raphaël Guerreiro e João Cancelo nas laterais, João Palhinha e Bruno Fernandes no meio-campo, e o ataque entregue a Bernardo Silva, Cristiano Ronaldo e João Félix.
Mais solto e disponível para ajudar defensivamente, o avançado do Chelsea foi o mais influente nos primeiros minutos de jogo.
A resistência do Principado durou apenas oito minutos. Num golo às três tabelas, e com a ajuda do guarda-redes adversário, a seleção adiantou-se no marcador por João Cancelo. O lateral do Bayern Munique fica assim na história como o marcador do primeiro golo da era Martínez e passou a ser o segundo defesa com mais golos ao serviço da seleção (oito, apenas superado por Bruno Alves, com 11).
Com o Liechtenstein instalado lá atrás o jogo pedia paciência aos construtores portugueses e aos adeptos, que a partir dos 20 minutos começaram a assobiar os atrasos para o guarda-redes.
Capitão apareceu
Chegar ao intervalo a ganhar apenas por 1-0 e com Rui Patrício como mero espectador não era grande cartão de visita para Martínez na estreia. A mensagem do selecionador ao intervalo parece ter mexido com as ideias dos jogadores. E assim que começou o segundo tempo, Bernardo Silva fez o 2-0 numa jogada onde Cancelo foi determinante.
O lateral voltou do intervalo ainda mais irreverente e sofreu uma grande penalidade… que Cristiano Ronaldo se encarregou de marcar. E assim se ficou a saber que CR7 se mantém como o marcador de penáltis da seleção.
Portugal estava agora confortável no jogo e ameaçava aumentar o marcador. Ronaldo, que nunca tinha marcado ao Liechtenstein, bisou com um livre espectacular para delírio dos quase 50 mil espetadores.
Há dois anos e meio que CR7 não marcava de livre direto pela seleção – setembro de 2020, frente à Suécia, na Liga das Nações. São agora 175 as vítimas do capitão português, que também se mantém como marcador de livres. E desta vez ninguém pode dizer que era melhor ter sido Raphäel Guerreiro ou Bruno Fernandes a tentar…
A vencer por 4-0, Roberto Martínez mudou o sistema – tirou Danilo e meteu Rúben Neves ao lado de Palhinha e fez entrar Rafael Leão para o lugar de João Félix (perdeu gás no segundo tempo) – e Alvalade começou a pedir “só mais um”, depois de ovacionar Ronaldo de pé, quando o selecionador o substituiu para dar lugar a Gonçalo Ramos. Apesar das tentativas de Leão e de João Mário, o marcador não sofreu alterações.
A goleada de Portugal na estreia do Grupo J de qualificação para o Euro 2024 ainda mostrou pouco dedo de Martínez, o que se compreende com apenas três dias de contacto com os jogadores um treino. O próximo jogo é já no domingo, com o Luxemburgo.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Gerardo Santos / Global Imagens