O presidente do Governo da Madeira, Miguel Albuquerque, considerou que o episódio dos militares que se recusaram a embarcar no navio NRP Mondego, que se encontra na região, falhando uma missão, foi isolado e vai ser resolvido internamente.
“As Forças Armadas não são um problema neste momento. É um episódio isolado e será suscetível de ser resolvido no foro interno militar”, afirmou Miguel Albuquerque, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita a uma empresa, no concelho de Santa Cruz.
Questionado se a população tem motivos para sentir-se insegura, o presidente do executivo insular defendeu que “os madeirenses neste momento têm de reconhecer quer à Força Aérea, quer à Marinha, dois ramos das Forças Armadas, um trabalho excecional”.
“Quero lembrar que a operação de transporte aéreo do Porto Santo continua a ser essencial para a Madeira e que a fiscalização da nossa plataforma e a presença da Polícia Marítima nas Selvagens é essencial para a fiscalização, prevenção e para o socorro na nossa plataforma continental e nas nossas águas”, referiu.
“Eu acho que a Marinha continua a desempenhar o seu papel”, acrescentou.
O NRP Mondego não cumpriu uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo, na Madeira, após 13 militares terem recusado, no sábado à noite, embarcar por razões de segurança, disse à Lusa fonte da Marinha, na segunda-feira à noite.
Esta ação levou a Marinha a considerar que os 13 operacionais “não cumpriram os seus deveres militares, usurparam funções, competências e responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respetivos”.
“Estes factos ainda estão a ser apurados em detalhe, e a disciplina e consequências resultantes serão aplicadas em função disso”, referiu a Marinha, numa nota enviada à agência Lusa.
De acordo com um documento elaborado pelos 13 militares em questão, a que a Lusa teve acesso, no sábado à noite o NRP Mondego recebeu ordem para “fazer o acompanhamento de um navio russo a norte do Porto Santo”, numa altura em que as previsões meteorológicas “apontavam para ondulação de 2,5 a 3 metros”.
Segundo estes 13 militares, o próprio comandante do NRP Mondego “assumiu, perante a guarnição, que não se sentia confortável em largar com as limitações técnicas” do navio.
Entre as várias limitações técnicas invocadas pelos militares constava designadamente o facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem inoperacionais.
Acrescia ainda, de acordo com os 13 militares, que o navio “não possui um sistema de esgoto adequado para armazenar os resíduos oleosos a bordo, ficando estes acumulados nos porões, aumentando significativamente o risco de incêndio”.
Na nota enviada à agência Lusa, a Marinha confirma que o NRP Mondego estava com “uma avaria num dos motores”, mas refere que a missão que ia desempenhar era “de curta duração e próxima da costa, com boas condições meteo-oceanográficas”.
Fonte: Jornal de Notícias / Portugal
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