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Santistas se reencontram com a magia do Carnaval

Foram mais de mil dias separados desde o último encontro. De um lado, os saudosos por ouvir o ritmo dos tamborins e ver a explosão de cores e coreografias e, de outro lado, as escolas de samba de Santos. O reencontro se deu onde eles tinham se deixado: na Passarela do Samba Dráuzio da Cruz, na noite desta sexta-feira (10). 

Antes do reencontro oficial, o aperitivo ficou por conta da passagem da Corte Carnavalesca e a nominação da sala em homenagem à Michelle Mibow, bailarina e coreógrafa, destaque do Carnaval, que morreu em novembro do ano passado.

Depois, enfim o reencontro, que coube a Dragões do Castelo, do Grupo de Acesso, levantando o público ao entrar na avenida às 20h24, com o enredo “Tempo, o alimentador de sonhos…”. Escrito por Abraão Santos, Felipe Lima, Marcus Lopes, Gabriel Nunes, Iuri Santos, Duda e Cezynha 7 Cordas, o samba foi defendido por 750 componentes, dez alas e um carro alegórico. Márcio França se encarregou de cantar, com emoção, o samba. O trecho do refrão “Sou Dragões e nada pode me parar” certamente ficou na cabeça de quem estava acompanhando o desfile.

A escola de samba desfilou com 750 componentes, dez alas e um carro alegórico. Uma animada ala com crianças também entusiasmou o público. Um toque de esperança foi levado à passarela, no trecho “Oh! Pátria Mãe Gentil, por ti eu vou lutar / Pro nosso sonho se realizar…”

E a segunda escola a pisar na Passarela do Samba Dráuzio da Cruz foi a Unidos da Zona Noroeste. Com o enredo ‘Meu Galo pede respeito e diz não à intolerância e ao preconceito’, a agremiação da Areia Branca abriu seu desfile às 21h18 e agitou o público com um samba dedicado à luta pela igualdade. Na comissão de frente, cada um dos oito integrantes carregava consigo uma letra da palavra ‘Respeito’, reforçando o tema da Unidos.

Acompanhados por um marcante carro alegórico, cujo galo batia suas asas, os 600 componentes da escola cantaram alto a letra que destacava a relevância do amor e da diversidade. Uma ala com cadeirantes, colorida por um amarelo vibrante, também foi destaque. O intérprete Ademarzinho do Cavaco contagiou a galera do início ao fim do desfile e, exibindo a bandeira LGBT, a Unidos da Zona Noroeste encerrou sua passagem pela passarela Dráuzio da Cruz.

Feijão e cerveja na mesa em uma noite de Carnaval, pode? Pode, sim. Terceira escola a entrar na passarela, às 22h17, a Bandeirantes do Saboó veio com uma comissão de frente com forte inspiração no balé, no enredo que falou de bênçãos, ressaltando Ogum, o “vencedor das demandas” com o enredo ‘No rufar do tambor, exalto meu protetor! Salve Ogum!’. Com meninas fazendo caras e bocas, um grupo de dançarinas antecipou o carro abre alas que trouxe a representação de Ogum, com sua majestosa espada.

A inspiração da escola foi a luta contra a pandemia. A agremiação se apresentou com 400 componentes, dez alas, um carro alegórico e um quadripé. O samba-enredo teve composição assinada por Ademarzinho do Cavaco, Michel Mich e Toninho 44.

Quarta escola a desfilar, a Vila Mathias coloriu de azul e amarelo a passarela do samba às 23h24. A agremiação, que conta com dois títulos do grupo de acesso (2010 e 2012) e um vice do grupo especial (2017), abriu seu desfile com letras garrafais: ‘Quem me protege não dorme’, tema do samba-enredo, decorou a dianteira do carro alegórico, chamando a atenção de quem estava presente nas arquibancadas.

Alusiva à força da fé, a letra fez referências a nomes como Iemanjá, Oxum e Xangô, bem como destacou a magia em torno das forças divinas. O quadripé com a figura de Zé Pilintra, ícone da Umbanda, foi outro destaque que chamou a atenção do público. Em seu refrão destacou os orixás e a vitória sobre o mal, finalizando o desfile após seus 800 integrantes percorrerem a avenida do samba com muita animação.

Do universo dos quadrinhos para a pista, um estiloso e delirante Zé Carioca, trajando dourado, puxou a Brasil na avenida, às 0h34 de sábado (11). A primeira agremiação do Grupo Especial veio com a missão de pincelar os carnavais de outras épocas com o enredo ‘Meu nome é Brasil, meu sobrenome é vitória. Delirei, afinal é carnaval!’.

Composto por Rudney Fernandes, Edirley Fernandes, Junior Bicalho e Nino Barbosa, o samba fez referência à mãe África e também à Amazônia. Em uma explosão de cores, e em muitos tons de laranja em uma das principais alas, a Brasil se apresentou com 1.300 componentes, 13 alas, dois carros alegóricos e um quadripé.

Já no início da madrugada, à 1h46, o futebol verde-branco chegou à passarela do samba. Palmeiras? Guarani? Não, foi a vez da Mocidade Amazonense. Com o enredo ‘50 Anos de Uma História de Amor e Tradição’, a escola de Vicente de Carvalho celebrou meio século de fundação, iniciando seu desfile com homenagem ao esporte mais popular do planeta. Levando 1.000 integrantes, 17 alas e duas alegorias para o sambódromo santista, a escola guarujaense levantou o público na arquibancada ao narrar sua história, que ainda trouxe capítulos sobre música e arte.

Entre os destaques da agremiação ficou a ala em homenagem à cantora Elis Regina, carregada por um azul cintilante e fantasias quadriculadas. Com uma explosão de cores e uma bateria vibrante, a agremiação de Vicente de Carvalho encerrou seu desfile sob os aplausos de quem estava nas arquibancadas da Passarela Dráuzio da Cruz.

Buscando seu vigésimo título, a X-9 entrou na pista às 3h01 com o enredo ‘Eu andarei vestido e armado com suas armas. Salve, Jorge’. Assinado pelo carnavalesco Amauri Santos, o tema deste ano trouxe muitas cores, não apenas o verde e branco da agremiação do Macuco, com a história contada em 17 alas por 1.100 componentes. São Jorge surgiu na passarela com uma lança matando o dragão, que ainda soltava fumaça. O santo também apareceu citado em outra ala, com os componentes erguendo a planta espada-de-são-jorge.

A religiosidade se fez presente em diversas alas da Pioneira. Um guerreiro – em nome da fé – estava circundado por guerreiras de branco, cuja arma era uma rosa vermelha na mão. O enredo, com o refrão “Milagres que ganham o mundo / consagram fiéis, a tua legião”, caiu fácil na aceitação do público, fazendo coro aos intérpretes Rafael Forjanes, o Bolinha, e Emerson Dias.

Fundada em 2008 e a caçula entre as escolas santistas, a agremiação Mãos Entrelaçadas foi a responsável por fechar as cortinas do primeiro dia de desfiles do Carnaval de Santos 2023. Com o enredo ‘Viagem Encantada pelo Brasil’, a agremiação do Rádio Clube contagiou o público com um refrão que falava sobre ‘sambar até o amanhecer’. O intérprete Thiaguinho puxou o coro ao lado dos 1.000 componentes da escola, que estavam espalhados por 12 alas, levando o público para ‘uma viagem pelo céu, mar e terra’, como o próprio samba-enredo destacava.

O principal carro alegórico da escola trouxe elementos de ‘brasilidade’, com uma onça pintada, araras, beija-flores e, ao fundo, um índio que observava a fauna. A agremiação azul-verde-branco ainda encantou o público com outros destaques do seu desfile, como homenagens ao bois Garantido e Caprichoso e ao Círio de Nazaré, emocionando quem esteve presente nas arquibancadas até as 5h da manhã.


Cerca de 1.500 pessoas trabalharam pela estrutura da Prefeitura de Santos, entre profissionais da Cultura, Comunicação e Saúde e CET-Santos. O Samu esteve presente com quatro viaturas e quatro motos, somando 15 profissionais, fez 20 atendimentos.

Presente na primeira noite dos desfiles, o prefeito Rogério Santos destacou que o “o Carnaval é feito para a população santista, mas é uma festa que atrai também muitos turistas”.


Moradora do bairro Pitangueiras, em Guarujá, Ivone Dian conta que era sua primeira vez acompanhando os desfiles em Santos. Ela tinha ido presenciar a performance da neta Caroline Vitória, que saiu na comissão de frente da X-9. “Estou adorando. Gosto de samba, mas não sei sambar”, contou.

Experiente em carnavais, Vera Loubeh já perdeu a conta de quantas vezes veio prestigiar as escolas de samba de Santos. Ela vê evolução nos desfiles do Município. “Em estrutura, cresceu principalmente nos últimos seis anos”. Ela aprova também a data do evento em Santos – uma semana da data oficial. “Pra mim, é ótimo. Vejo os desfiles aqui e no Rio de Janeiro também”.

Pela primeira vez na Passarela Dráuzio da Cruz, a jovem Isabela Zucchi, de 13 anos, se admirou com o que viu na avenida do samba. Ao lado da mãe Renata, 40, ficou próxima ao gradil por onde as escolas iniciavam o desfile. Proximidade essa que encantou a moradora da Vila Mathias. “Estamos em um lugar privilegiado e ver o Carnaval tão de perto é muito lindo. Estou adorando sentir a energia dessa grande festa. Já falei para minha mãe que quero vir amanhã também”, declarou a jovem.

Já Tânia Martins, 69, é ‘presença carimbada’ na folia. Ela, que já desfilou nas escolas Real Mocidade Santista e X-9 em outras oportunidades, afirmou que não via a hora de retornar à Passarela Dráuzio da Cruz. “Estávamos há dois anos sem a oportunidade de assistir ao vivo. Fico até emocionada de poder curtir o desfile de Carnaval ao lado da minha família novamente. Eu amo essa atmosfera ”, ressaltou a moradora do Gonzaga e torcedora da X-9, que esteve presente na avenida do samba ao lado da neta Maria Clara, 18.


Desfiles de sábado

E a folia continua neste sábado, a partir das 20h, com o desfile de mais três escolas do grupo de acesso: Padre Paulo, Império da Vila e Imperatriz Alvinegra. E cinco do grupo especial: Sangue Jovem, Unidos dos Morros, Real Mocidade, Independência e União Imperial.

Fonte: Prefeitura Municipal de Santos

Créditos das imagens: Carlos Nogueira, Raimundo Rosa e Marcelo Martins